Você não deveria jogar games de PC no ultra; entenda por quê
Todo PC gamer quer rodar seus jogos na qualidade máxima. Sabemos que para isso a máquina precisa estar muito bem equipada com o que há de melhor em hardware, principalmente processador e placa de vídeo. Mas, por outro lado, você sabia que não há tantas vantagens assim em rodar um jogo com tudo “no talo”? Vamos explicar o motivo.
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Não importa a resolução, quanto maior a qualidade gráfica, menor será a taxa de quadros por segundo – o famoso FPS – que você terá. Isso acontece porque o hardware estará focado na fidelidade de imagem que você preferiu ter, tornando o desempenho algo secundário. Não importa em qual nível de hardware isso aconteça: até mesmo a poderosa NVIDIA GeForce RTX 5090 (com IA) passa por isso.
Importância de conhecer os presets gráficos
Existe uma grande complexidade na hora de rodar um jogo, principalmente aqueles AAA (Red Dead Redemption 2 e Cyberpunk 2077, por exemplo). Essa complexidade é natural, independentemente do nível de qualidade de imagem que escolhemos. Mas ao elevar o preset gráfico, colocamos uma camada extra de processamento para o hardware, que passará a dar conta de física mais realista, texturas com resolução muito alta, muita grama por todo lado e por aí vai. Sem contar resoluções mais altas e ray tracing.
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Vamos presumir que todo jogo tenha os presets baixo, médio, alto e ultra (muitos jogos oferecem mais e até mudam a identificação). Os nomes são autoexplicativos: quanto mais baixo o preset, mas feio o jogo ficará e mais FPS entregará. Quanto mais alto, mais detalhes entregará ao custo da performance, que cai drasticamente em relação ao mínimo.
É sempre possível criar um preset customizável por você. Porém para isso, é preciso entender o que cada opção faz e o peso dela no jogo, seja para o processador ou placa de vídeo. O ideal é sempre tentar equilibrar performance com qualidade visual, algo mais fácil de conseguir customizando as opções gráficas, do que com presets.
Ultra vs alto na prática
Com isso em mente, focaremos em comparar um jogo com o preset máximo e um abaixo dele, para provar que ganharemos mais performance e manteremos boa qualidade gráfica com essa mudança simples de, digamos, um nível gráfico.
O soulslike Lords of the Fallen, feito em Unreal Engine 5 e lançado em 2023, é um dos jogos mais bonitos do gênero com belos gráficos e um preset máximo (chamado de cinemático) bem pesado. Nesse caso, o ultra será o equivalente a um alto em nossa comparação.
Na galeria acima, conseguimos ver a diferença de imagem entre o preset cinemático e o ultra. Existe uma mudança na vegetação, chão, sombras e detalhes distantes. Sim, existe uma mudança gráfica, mas ao custo de 30% do desempenho. Vale realmente a pena? De 72 FPS com os gráficos “no talo” para 50 FPS é uma grande queda e não existe tanta diferença visual que justifique a perda de performance.


Vale ressaltar que algumas variações na imagem acontecem também por conta da movimentação da grama, galhos, personagem e outros elementos, não têm a ver com a mudança no preset gráfico.
Esse é um cenário que se repete facilmente em qualquer jogo, independentemente do nível do hardware. Claro que em sistemas de entrada, isso acontece mais facilmente, e nas configurações high-end é necessário subir a resolução ou aplicar ray tracing para que essa diferença seja visível.
O peso extra do ray tracing
E falando em ray tracing, vamos dar uma olhada em implementações simples, nada de Cyberpunk 2077 ou Alan Wake 2 com path tracing. Abaixo, você consegue ver a gigantesca diferença de desempenho em Senua’s Sacrifice: Hellblade, um jogo de 2017, com ray tracing ativado.
Essa é uma cena bastante usada para mostrar a diferença visual e somente esse enquadramento derruba o desempenho para menos da metade, saindo de mais de 170 FPS com o jogo no preset máximo para 67 FPS com ray tracing no alto/máximo.


Vale lembrar que algumas cenas são mais pesadas do que outras, mas dá para termos uma noção nesse comparativo. Além disso, a diferença com a cena parada pode parecer pouco, mas ao movimentar a câmera, os reflexos mudam consideravelmente em rasterização, um dos pontos negativos dessa técnica de renderização, por isso é mais leve.
Outro exemplo que trazemos aqui é Resident Evil 2, o remake de 2019, que recebeu a implementação de ray tracing depois do lançamento. Com os efeitos no máximo, o jogo tem grande queda de desempenho, saindo da casa de 200 FPS para cerca de 70 FPS com as sombras e reflexos aprimorados.
Cada situação é única
Não colocamos aqui na equação o auxílio de upscalers ou geradores de quadros, que poderiam amenizar essa questão, entregando mais desempenho enquanto mantém uma certa qualidade gráfica, dependendo do modo escolhido.


Escolhemos jogos de idades diferentes, engines variadas e foco em complexidade gráfica. Se vimos essas diferenças em títulos assim, imagine o que esperar de um Black Myth: Wukong e Alan Wake 2 da vida, jogos muito mais complexos e pesados para qualquer PC rodar, especialmente sem as muletas do DLSS e do FSR.
Por isso, jogar um game no ultra, ou com ray tracing no talo, nunca é a melhor opção para o PC gamer sensato, já que os desenvolvedores não conseguem nos convencer com a pouca variação gráfica com alguns efeitos pesados a mais em detrimento de uma grande fatia de performance, algo essencial para a jogatina.
A questão que fica é: você prefere pequenos detalhes gráficos a mais e menos performance, ou ter boa qualidade de imagem com desempenho consideravelmente alto?
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