Vitória de Trump pode ser retrocesso para meio ambiente, dizem especialistas
Donald Trump confirmou seu retorno à Casa Branca nesta quarta-feira (6) após quatro anos longe da presidência.
Durante a campanha, o candidato republicano focou nas discussões sobre imigração e negação do aborto, mas indicou o que pretende fazer para o meio ambiente em seu segundo mandato: sair do Acordo de Paris, reduzir apoio à energia renovável e aos veículos elétricos e fortalecer os combustíveis fósseis.
De acordo com o The Washington Post, especialistas acreditam que o retorno de Trump pode reverter os avanços dos Estados Unidos no combate ao aquecimento global. Além disso, espera-se que ele retroceda em regras ambientais importantes.
O que Trump planeja para o meio ambiente
Os presidentes têm poder sobre as ações relacionadas ao meio ambiente, como permanecer ou não em acordos internacionais. Durante sua campanha, Trump foi claro: ele acredita que as mudanças climáticas são uma “farsa” e quer aumentar os lucros de petróleo e gás. Isso, consequentemente, aumenta as emissões de carbono e ameaçam as metas climáticas globais.
O Acordo de Paris é um dos que devem entrar em pauta. O compromisso visa limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais – e cientistas já estão alertando para a possibilidade de não cumprirmos essa meta.
Trump retirou os Estados Unidos do grupo de países que fazem parte do acordo já no primeiro mandato, de 2016 a 2020, mas a administração seguinte retornou. A expectativa é que ele não hesite em sair novamente.
Mais emissões e menos energia limpa
Trump planeja ações para reforçar empresas de petróleo e gás nos EUA. No primeiro mandato, ele derrubou mais de 120 projetos em prol do meio ambiente. No segundo, espera-se que ele afrouxe as restrições às emissões de metano (um dos gases de efeito estufa) e reverta projetos de Joe Biden, seu antecessor, em direção à energia renovável e aos veículos elétricos.
De acordo com o jornal estadunidense, isso motiva investidores e empresas do setor de combustíveis fósseis, como gás e petrolíferas. A consequência é o aumento das emissões que levam ao aquecimento global.
No entanto, priorizar os investimentos em energias poluentes não é unânime. Alguns nomes da indústria de energia têm receios com os planos de Trump, especialmente em cenário em que os investimentos em fontes renováveis impulsionaram o crescimento econômico em estados tradicionalmente republicanos. Um exemplo são as fazendas eólicas e solares que empregam milhares de trabalhadores nesses locais.
A expectativa é que o executivo mire nos projetos que foram emblemáticos no governo Biden, como a Lei de Redução da Inflação, que previa investimentos em tecnologias verdes diante das pressões energéticas ao redor do mundo, principalmente com a guerra na Ucrânia. Trump se referiu à lei como “novo golpe verde”. Caso queira derrubá-la, ele ainda precisaria passar por outros legisladores.
Segundo Cahill, os incentivos para veículos elétricos e painéis solares “definitivamente estarão na berlinda”. Já os investimentos mais amplos, como na energia eólica e solar como um todo, ou até nas baterias, são bem populares entre as empresas. Isso pode levar Trump e pensar com mais calma.
Como os planos de Trump afetam os EUA
Donald Trump pediu a executivos do petróleo que destinassem US$ 1 bilhão (R$ 5,76 bilhões, na conversão direta) à sua campanha. Agora que venceu, o futuro presidente deve favorecê-los. Uma das ações nesse sentido é a nomeação de aliados do setor de combustíveis fósseis para cargos de energia e meio ambiente.
Trump também espera que o aceno às petrolíferas diminua os preços de combustível no país, mas analistas não concordam. Isso porque o valor do produto não depende apenas dos Estados Unidos, mas, sim, da coalização de nações produtoras de petróleo lideradas pela Arábia Saudita e Rússia.
Já em relação ao Acordo de Paris, se Trump realmente retirar os EUA novamente, dará um golpe simbólico nos acordos internacionais. Dada a posição de liderança que o país assumiu durante o mandato Biden, a decisão poderia prejudicar ainda mais as metas climáticas, principalmente de países em desenvolvimento que dependem da ajuda financeira voltada ao meio ambiente.
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O que a oposição está fazendo para proteger o meio ambiente
A indústria de combustíveis fósseis pode estar animada com a vitória de Trump, mas a oposição não desistiu;
Ativistas climáticos estão em busca de líderes estaduais e internacionais que possam bater de frente com o novo presidente em busca de proteção do meio ambiente;
Dan Lashof, diretor do World Resources Institute dos EUA, afirmou, em declaração, que espera que Trump “deixe as teorias da conspiração de lado e tome medidas decisivas para lidar com a crise climática”, mas que não vai esperar sem buscar ajuda.
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