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“Uma das mais importantes descobertas na busca por vida fora da Terra”, diz astrônomo

A descoberta de uma molécula que, na Terra, está presente apenas em seres orgânicos, em um planeta de nossa galáxia, pode ser um dos achados mais significativos na busca por vida alienígena. É assim que Marcelo Zurita, astrônomo e colunista do Olhar Digital, classifica o feito.

Segundo Zurita, apesar do avanço, ainda são necessárias análises adicionais para confirmar a descoberta com maior confiabilidade. “Toda a cautela demonstrada pelos cientistas não é à toa”, disse ao Olhar Digital.

Vida fora da Terra?

A pesquisa conduzida pela Universidade de Cambridge e publicada no The Astrophysical Journal Letters revelou que a atmosfera do planeta K2-18b parece conter a assinatura química de pelo menos uma entre duas moléculas associadas à vida: dimetilsulfeto (DMS) e dimetil dissulfeto (DMDS). Na Terra, esses gases são produzidos por fitoplâncton marinho e bactérias.

A presença do DMS e do DMDS foi detectada por meio da análise de variações mínimas no espectro de luz de uma estrela tênue durante o trânsito do exoplaneta. “São conclusões extraordinárias obtidas a partir de uma quantidade ínfima de luz”, explica Marcelo Zurita.

K2-18b foi descoberto em 2017 por cientistas canadenses durante observações com telescópios terrestres no Chile. Até então, era considerado um planeta comum entre os que existem fora do nosso Sistema Solar.

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Trata-se de um sub-Netuno, significativamente maior que os planetas rochosos do Sistema Solar, porém menor que Netuno e outros gigantes gasosos.

Com o lançamento do Telescópio Espacial James Webb, em dezembro de 2021, os astrônomos obtiveram uma visão muito mais detalhada de sub-Netunos e outros exoplanetas distantes. Durante o trânsito de um planeta diante de sua estrela, sua atmosfera filtra a luz estelar: cada gás absorve comprimentos de onda específicos, e a análise dessas alterações espectrais permite inferir sua composição química.

“Mesmo com nosso telescópio espacial mais avançado, ainda são necessárias várias observações de trânsitos para alcançar o grau de confiabilidade sigma-5 e confirmar a descoberta. Além disso, esses dois compostos são produzidos apenas por organismos vivos na Terra. Pode ser que, em K2-18b, eles resultem de algum processo geológico ou atmosférico ainda desconhecido”, complementa Zurita.

Via Láctea Crédito: Vadim Sadovski – Shutterstock

Descoberta pode mudar tudo o que sabemos

Para dimensionar a importância dessa possível descoberta, Zurita citou um exemplo histórico: em 1944, Gerard Kuiper (que dá nome ao Cinturão de Kuiper) observou, com um telescópio bem mais modesto, indícios de uma atmosfera de metano em Titã, lua de Saturno. “Algo que foi confirmado décadas depois pela sonda Pioneer 11”, destacou o astrônomo.

Nikku Madhusudhan, um dos autores do estudo sobre o K2-18b, espera que a confirmação não demore tanto. Segundo declarações ao site da universidade, se tudo correr como planejado, uma resposta definitiva pode ser obtida em dois anos.

“Portanto, embora a descoberta dos astrônomos de Cambridge ainda precise percorrer um longo caminho até a confirmação de vida naquele planeta, ela representa uma primeira pista para, quem sabe, respondermos a uma das questões mais fundamentais da ciência: estamos sozinhos no Universo?”, conclui Zurita.

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