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Tragédia de Pompeia: DNA mostra que corpos não eram de quem pensávamos

Com a erupção do Monte Vesúvio há dois mil anos, a cidade romana de Pompeia foi completamente devastada e inúmeras pessoas morreram na tragédia. Muitos anos depois, com o início das escavações perto dos anos 1800, pesquisadores começaram a descobrir pistas sobre as vítimas, e os corpos “petrificados” apareceram. A partir disso, inúmeras suposições surgiram sobre quem eram esses indivíduos e quais relações de parentesco tinham. Agora, a análise de DNA comprova que rolou muita especulação, e eles não eram exatamente quem pensávamos

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Antes de seguir para as últimas descobertas, é preciso esclarecer que os corpos de Pompeia não estão petrificados. As figuras que ganharam o mundo são, na verdade, moldes de gesso, criados a partir dos espaços vazios deixados pelos corpos após sua decomposição, na camada sólida de cinzas.

No estudo que finalmente revela quem foram as vítimas da tragédia de Pompeia, publicado na revista Current Biology, os cientistas analisaram o DNA extraído dos restos esqueléticos, bem fragmentados, que foram incorporados a 14 dos 86 moldes famosos. A iniciativa foi liderada por especialistas do Instituto Max Planck (Alemanha), da Universidade de Florença (Itália) e da Universidade Harvard (EUA).


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DNA dos “corpos” de Pompeia

Entre os achados mais interessantes sobre as 14 vítimas de Pompeia analisadas no estudo, está o fato de que o Império Romano era verdadeiramente cosmopolita. Afinal, essas pessoas compartilhavam diferentes origens genômicas. A maior parte deles estava ligada a regiões do leste do Mediterrâneo (incluindo as atuais Anatólia, Grécia e Egito), sem conexão direta com o coração de Roma.

Outra descoberta recente, na atual costa de Nápoles, reforça ainda mais a ideia de convívio entre povos de diferentes origens. Isso porque foi encontrado um templo submerso do reino de Nabateia, que incorporava elementos romanos na sua construção, como escritas em latim. Os possíveis responsáveis pelo local vinham, originalmente, da Península do Sinai e da Península Arábica.

Relações entre as vítimas da erupção

Outro mito que o novo estudo desmonta é de que as vítimas que estavam próximas na hora da morte pertenciam a uma mesma família, quando se analisa os laços de sangue. A análise do DNA avisa que essas suposições são errôneas na maioria dos casos, quando se pensa em Pompeia. 

Análise de DNA dos corpos de Pompeia revela outra história sobre suas origens e seus laços familiares (Imagem: Divulgação/Archaeological Park of Pompeii)

“As descobertas desafiam noções duradouras [no campo da arqueologia], como a associação de joias com feminilidade ou a interpretação da proximidade física como evidência de relações familiares”, explica David Caramelli, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Florença e autor do estudo, em nota.

Por exemplo, na primeira imagem deste texto (com os moldes de gesso em uma sala vermelha), foi criada a lenda de que as quatro vítimas pertenciam a uma única família. Muito possivelmente, teriam morrido ali o pai, a mãe e os filhos. No entanto, o estudo descobriu que eles não tinham laços genéticos entre si

Na segunda imagem (pessoas deitadas em uma espécie de abraço), a cena era encarada como irmãs se abraçando antes da morte ou ainda uma mãe e uma filha. Neste caso, a análise revelou a existência de um homem na configuração, desmascarando a versão mais tradicional.

Em outro exemplo, ocorreu a preservação de uma pessoa adulta usando um bracelete dourado, enquanto segurava uma criança. Por muitos anos, julgou-se que o vestígio era de uma mulher, fato ainda mais inquestionável pela presença da joia. Entretanto, a figura na composição era de um homem. Isso tudo alerta para o perigo de suposições, mas há um novo horizonte para a arqueologia com os testes de DNA cada vez mais precisos.

Leia a matéria no Canaltech.

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