Studio Ghibli: entenda a polêmica que (literalmente) derreteu o ChatGPT
Imagens geradas pelo ChatGPT no estilo das animações do Studio Ghibli, co-fundado por Hayao Miyazaki, tomaram conta das redes sociais nesta semana. Tanta gente gerou imagens que “nossas GPUs estão derretendo“, postou o CEO da OpenAI, Sam Altman, no X. E a trend despertou polêmicas.
São camadas e camadas de polêmicas. Pipocaram discussões sobre como o uso da IA para imitar o estilo Ghibli viola direitos autorais e desvaloriza o trabalho humano, por exemplo. Até aí, tudo certo.
Quando a página da Casa Branca, no X, entrou na brincadeira, a trend foi politizada. “Mas [a trend] sempre foi [política]”, aponta a repórter Adi Robertson em artigo publicado no The Verge.
Geração de imagens estilo Ghibli no ChatGPT e postura do governo Trump compartilham mentalidade, diz repórter
Primeiro, a página postou fotos de uma detenta chorando. Segundo a postagem, ela era traficante de fentanil e imigrante legal. Depois, acrescentou uma imagem no estilo Ghibli – muito provavelmente gerada no ChatGPT – na qual um policial carrancudo algemava a mulher aos prantos.

“Ambos [filtro Ghibli e postura da Casa Branca nas redes] são, por mais contraintuitivo que pareça, produto de uma mentalidade que trata decência básica como fraqueza e a insensibilidade como a prerrogativa do poder“, argumenta a repórter do Verge.
Para ela, “IA Ghibli e Trump se encaixam de maneira bizarra”. No geral, mídia gerada por IA é a estética principal do movimento Maga (sigla em inglês de “Make America Great Again“), capitaneado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Questões culturais à parte, essa estética é produto dos vínculos entre Trump e a indústria de IA, segundo Robertson. Por exemplo, o bilionário Elon Musk, grande conselheiro de Trump, tem uma empresa de IA (a xAI). Além disso, o presidente nomeou David Sacks como “czar da IA” e canetou um projetaço para o setor (o Stargate, do qual a OpenAI faz parte).
Filtro Ghibli e a indiferença da era Trump

A repórter aponta algo mais sombrio. “Em sua essência, [o filtro Ghibli] é um eco menor da total indiferença da era Trump para com os outros seres humanos.”
Para começar, o cineasta Hayao Miyazaki é um dos artistas mais notoriamente anti-IA do mundo. Conforme o Ghibli-verso gerado por ChatGPT viralizava, não demorou para resgatarem um trecho de um documentário de 2016. Nele, o artista chama uma animação feita por IA de “insulto à vida em si”.
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Usar o trabalho do Studio Ghibli para publicidade é um movimento de poder, explica Brian Merchant em sua newsletter Blood in the Machine. Isso diz aos artistas cujas criações fazem o ChatGPT funcionar: “Nós pegamos o que queremos, e vamos contar a todos que estamos fazendo isso. Você consente? Não nos importamos.”
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