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Stonehenge seria tentativa frustrada de “unificação” da Grã-Bretanha neolítica, diz estudo

A origem da “Pedra do Altar”, de Stonehenge, descrita em um estudo recente na revista Nature, pode ter revelado uma tentativa muito antiga de unificação dos povos locais – o que pode reescrever a história do monumento. Essa conclusão foi apresentada pelo professor Mike Parker Pearson, da University College London, e pelo professor Richard Bevins, da Aberystwy University.

Segundo a pesquisa da revista Nature, a pedra viajou cerca de 700 quilômetros, desde o norte da Escócia até Salisbury, no sul da Inglaterra, desafiando a crença anterior de que suas rochas azuis (pedras menores que foram colocadas entre os arcos de sarsens, formando círculos concêntricos) vinham do País de Gales. Essa descoberta instigante levanta uma nova teoria: Stonehenge teria sido erguido como uma tentativa, ainda que sem sucesso, de unificar a Grã-Bretanha durante um período de intensa imigração europeia.

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A escolha de pedras de origens tão distantes, de acordo com a nova constatação, reforça a particularidade de Stonehenge, sendo algo único entre os mais de 900 círculos de pedra na Grã-Bretanha. Ao contrário de outras construções pré-históricas, que utilizavam rochas de áreas próximas (em média, a 7 quilômetros de distância), Stonehenge se destaca como uma tentativa ambiciosa de criar uma identidade compartilhada em toda a ilha.

Ajudando na tentativa de unificação

Imagem: a) Vista plana de Stonehenge mostrando megálitos constituintes expostos e sua proveniência. b) Uma fotografia anotada mostra a Pedra do Altar durante uma escavação de 1958. / Clarke, A.J.I., Kirkland, C.L., Bevins, R.E. et al. A Scottish provenance for the Altar Stone of Stonehenge. Nature 632, 570–575 (2024). https://doi.org/10.1038/s41586-024-07652-1

A Pedra do Altar, em particular, pode ter sido um presente do povo neolítico do norte da Escócia, simbolizando uma aliança ou participação no projeto grandioso que era Stonehenge. Essa hipótese ganha força com as semelhanças arquitetônicas e culturais entre a região de Stonehenge e o norte da Escócia. As habitações dos construtores de Stonehenge, por exemplo, se assemelham às casas antigas das Ilhas Orkney, revelando uma conexão cultural ancestral. A própria Pedra do Altar, com seu tamanho e orientação, ecoa blocos semelhantes encontrados em círculos de pedra escoceses.

A chegada da Pedra do Altar coincide com a segunda fase de construção de Stonehenge e, crucialmente, com uma onda significativa de imigração para a Grã-Bretanha. Pessoas com ascendência das estepes europeias chegaram à ilha, impactando profundamente a composição genética e cultural da população neolítica local. A construção de Stonehenge, portanto, pode ter sido uma resposta a essa “crise de legitimação”, uma tentativa desesperada de reafirmar a identidade e a unidade dos habitantes originais diante da nova realidade.

No entanto, essa tentativa de unificação, simbolizada pela reunião de pedras de diferentes partes da ilha, não alcançou o objetivo. A cultura derivada das estepes europeias acabou por suplantar a cultura neolítica original, marcando o fim de uma era. Como concluem os professores, Stonehenge, em sua grandiosidade, representa um monumento a um ideal de unificação que, ironicamente, não conseguiu se concretizar.

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