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Sobrecarga mental: o que acontece quando o cérebro é levado ao limite

Se você tem se sentido irritado, com baixa disponibilidade para lidar com questões emocionais e ainda tem tido problemas de memória, falta de atenção e falta de motivação, pode ser que esteja experimentando os efeitos negativos da sobrecarga mental. Saiba o que acontece quando o cérebro é levado ao limite.

Segundo Thaís Gameiro, neurocientista pela UFRJ e sócia da Nêmesis, os recursos cerebrais são limitados e, embora possamos processar diversos estímulos simultaneamente, existe um custo de processamento e um grande gasto energético para realizar essas funções.

Conforme explica a especialista, quando a quantidade de informação a ser processada é grande demais, nossos circuitos cerebrais se sobrecarregam e começam a apresentar falhas:


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A carga mental normalmente é causada por aquelas atividades que ficam nos bastidores, e que envolvem uma demanda tanto cognitiva quanto emocional. Por exemplo, planejar as refeições da semana, cuidar da agenda de atividade dos filhos e manter as contas em dia são atividades que envolvem demandas mais cognitivas. No entanto, apoiar um amigo que está com dificuldades, confortar seu filho mais velho que terminou o namoro e acolher um colaborador da sua equipe de trabalho que está com problemas pessoais são demandas emocionais que também contribuem para a sobrecarga mental.

De acordo com a neurocientista, a sobrecarga mental ocorre quando nosso cérebro é levado ao limite de seu processamento saudável, ou seja, quando o volume de demandas excede sua capacidade.

Sobrecarga mental

O cérebro possui redes e estruturas específicas que são dedicadas ao processamento atencional, da memória, do aprendizado, do planejamento, tomada de decisão e regulação emocional.

Sobrecarga mental: o que acontece quando o cérebro é levado ao limite (Imagem: Abbie Bernet/Unsplash)

“Esse circuito cerebral é conhecido como Sistema Executivo, e é justamente ele que mais sofre com a sobrecarga mental. Por esse motivo, os principais sintomas dessa sobrecarga são dificuldades de concentração, perda de memória, prejuízos em nossa capacidade de planejamento e tomada de decisão. É fácil notar o quanto a sobrecarga mental interfere em habilidades essenciais de nosso dia a dia, prejudicando nosso bem-estar e performance”, acrescenta a especialista.

Para além dos prejuízos cognitivos, a carga mental traz prejuízos emocionais, afetando nosso humor, motivação e até nossos relacionamentos interpessoais.

“A sobrecarga mental é interpretada pelo cérebro como um fator de estresse, interferindo na produção de hormônios e no equilíbrio dos neurotransmissores que regulam nossos estados emocionais, tais como dopamina, serotonina e noradrenalina”, completa Thaís.

Como reduzir a carga mental?

Para reduzir a carga mental, a neurocientista indica:

  • Estabelecer limites saudáveis
  • Fazer uma lista de todas as demandas e priorize
  • Pedir ajuda, dividir as tarefas e delegar

“Muitas vezes aceitamos novas atividades apenas para agradar outras pessoas ou para não deixá-las desconfortáveis e, com isso, acabamos nos sobrecarregando e deixamos de priorizar nossas próprias necessidades. Evite essa armadilha e exercite dizer ‘não’, ainda que de forma educada e suave”, diz a neurocientista.  

Vale lembrar que a sobrecarga mental é invisível, difícil de tangibilizar e sem fronteiras. Para reduzir, é preciso definir suas prioridades, identificando aqueles elementos que somente você pode realizar ou que precisam de sua atenção máxima. “Entenda quais atividades, tarefas ou funções você está assumindo e que poderiam ser divididas com outras pessoas, sejam membros da família, amigos ou mesmo no seu trabalho”.

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Leia a matéria no Canaltech.

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