Serpentes mais peçonhentas do Brasil: quais são e como identificá-las
As serpentes são animais vertebrados pertencentes à classe Reptilia e à ordem Squamata, o que as torna parentes próximas dos lagartos, jacarés e tartarugas. Sua principal caracterização é a ausência de membros e pálpebras.
Atualmente, existem mais de 2.300 espécies de serpentes no mundo, sendo cerca de 370 encontradas no Brasil. Destas, aproximadamente 55 são peçonhentas, representando menos de 15% do total. A diferença entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas está na capacidade de injetar veneno.
Enquanto as peçonhentas possuem presas especializadas para a inoculação, as não peçonhentas podem ter toxinas, mas sem essa estrutura, usando métodos como a constrição para capturar suas presas.
Caso ocorra um acidente com serpentes, é essencial buscar assistência médica imediatamente, de preferência levando um registro ou o próprio animal para a identificação correta do tipo de peçonha e do tratamento adequado.
Como identificar serpentes peçonhentas?
As serpentes peçonhentas apresentam algumas características específicas, como as fossetas loreais, estruturas sensoriais que detectam variações de temperatura e ajudam a identificar presas. Essas fossetas estão presentes em jararacas, cascavéis e surucucus, mas não nas corais-verdadeiras. Cascavéis possuem um chocalho na ponta da cauda, então são mais fáceis de identificar pelo som característico.

Existem formas de identificar corais-verdadeiras de corais-falsas (serpentes de baixa periculosidade para humanos que mimetizam as perigosas corais-verdadeiras), como padrões de coloração, formato da cabeça e olhos. No entanto, existem diversas exceções, tornando a diferenciação um processo complexo.
Outro critério de identificação está relacionado à dentição, que se divide em quatro tipos:
- Áglifa: sem presas especializadas, como nas jiboias;
- Opistóglifa: com presas na parte posterior da boca, como nas corais-falsas;
- Proteróglifa: presas na parte anterior da boca, como nas corais-verdadeiras;
- Solenóglifa: presas grandes e retráteis, como nas jararacas.
Logicamente, este critério serve somente a título de informação (parece óbvio, mas vale destacar: não tente pegar a serpente para ver sua boca). Na dúvida, ao dar de cara com uma serpente, evite se aproximar do animal. O ideal é acionar o Centro de Controle de Zoonoses ou o Corpo de Bombeiros de sua cidade.
As serpentes mais peçonhentas do Brasil
Cascavel (Crotalus durissus)
A cascavel, também conhecida como boicininga ou maracamboia, é encontrada em diversas regiões do Brasil, principalmente em áreas abertas e secas, como o Cerrado e a Caatinga. Sua distribuição também inclui países como Venezuela, Colômbia e Argentina. Os acidentes com cascavéis representam aproximadamente 7% do total de casos de picadas de serpentes no Brasil.
A cascavel é conhecida por seu chocalho na cauda, formado por anéis de queratina que produzem som ao serem agitados. Seu veneno tem ação neurotóxica e miotóxica, podendo causar insuficiência renal aguda e comprometer o sistema nervoso. Apesar de não serem agressivas, as cascavéis podem atacar ao se sentirem ameaçadas.

Jararaca (Bothrops jararaca e outras do gênero)
As jararacas são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes com serpentes no Brasil. Elas estão presentes em várias regiões, incluindo estados como São Paulo, Minas Gerais e Bahia, além de países vizinhos como Argentina e Paraguai. Sua coloração camuflada contribui para a dificuldade de detecção, e seu comportamento agressivo faz com que disparem botes rapidamente.
O veneno das jararacas é hemotóxico, afetando a coagulação do sangue e causando dor intensa, edema e necrose. Um dos componentes do veneno foi utilizado no desenvolvimento do medicamento Captopril, utilizado no tratamento da hipertensão arterial.
Coral verdadeira (Micrurus corallinus e outras do gênero)
As cobras-corais verdadeiras são as mais venenosas do Brasil, mas representam menos de 1% dos acidentes. Isso se deve ao seu comportamento menos agressivo e ao habitat restrito, geralmente em locais de difícil acesso, como tocas e cupinzeiros. Sua distribuição abrange estados como Paraná, São Paulo e Bahia, e países como Argentina e Paraguai.
A coloração das corais verdadeiras é apossemática, com anéis coloridos que alertam predadores sobre sua toxicidade. O veneno é neurotóxico e pode causar paralisia respiratória. Diferenciar uma coral verdadeira de uma coral falsa pode ser desafiador, pois muitas espécies não peçonhentas imitam sua coloração.
Surucucu (Lachesis muta)
A surucucu, também chamada de surucucu-pico-de-jaca, é a maior serpente peçonhenta das Américas, podendo ultrapassar quatro metros de comprimento. Vive em florestas tropicais da Amazônia e da Mata Atlântica, sendo encontrada em estados como Amazonas, Bahia e Minas Gerais.

Seu veneno é hemotóxico e neurotóxico, causando sintomas como dor intensa, inchaço e alterações na pressão arterial. A surucucu tem o hábito de vibrar a cauda no solo, produzindo um som semelhante ao da cascavel, apesar de não possuir um chocalho.
Cuidados e prevenção com serpentes
Para evitar acidentes com serpentes, é importante tomar algumas precauções, como utilizar botas e perneiras ao caminhar em áreas de vegetação densa, evitar mexer em tocas e buracos e manter o ambiente ao redor de residências limpo para reduzir a presença de roedores, que são presas para muitas serpentes.
Caso ocorra um acidente, é essencial procurar assistência médica rapidamente e, se possível, fornecer informações sobre a serpente envolvida. Nunca tente sugar o veneno ou fazer torniquetes, pois essas práticas podem agravar o quadro clínico. O tratamento adequado é feito com soro antiofídico específico para cada tipo de veneno.
O que fazer em caso de picada?
Caso ocorra um acidente, é fundamental manter a calma e buscar atendimento médico imediatamente. Para auxiliar na identificação da serpente, pode-se observar suas características ou tirar uma foto. Não se deve tentar sugar o veneno ou fazer torniquetes, pois isso pode piorar a situação.
O conhecimento sobre as serpentes peçonhentas do Brasil é essencial para evitar acidentes e garantir um atendimento rápido e eficaz.
Tratamento: soro antiofídico
O soro antiofídico é o principal tratamento para picadas de serpentes. Ele é produzido a partir da imunização de animais, geralmente cavalos, e sua composição varia conforme o veneno da serpente. No Brasil, o Instituto Butantan é a principal instituição responsável por sua produção e distribuição.
Tipos de soro
- Soro antibotrópico: para picadas de jararaca;
- Soro anticrotálico: para picadas de cascavel;
- Soro antielapídico: para picadas de coral-verdadeira;
- Soro antibotrópico-laquético: para picadas de surucucu.
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Qual a diferença entre cobra e serpente?
No uso cotidiano, os termos “cobra” e “serpente” costumam ser usados como sinônimos, mas há uma diferença técnica entre eles.
- Serpente: É o termo correto na biologia para se referir a todas as espécies da subordem Serpentes, dentro da classe dos répteis. Ou seja, todas as cobras são serpentes, mas nem todas as serpentes são chamadas de “cobra” no dia a dia.
- Cobra: É um nome popular, frequentemente usado para se referir a serpentes no geral. No entanto, em alguns países de língua portuguesa, “cobra” pode estar mais associado a serpentes peçonhentas ou a algumas famílias específicas, como as najas (gênero Naja), que são conhecidas como “cobras” em diversos idiomas.
No Brasil, é comum que qualquer serpente seja chamada de “cobra”, independentemente de ser peçonhenta ou não. Mas, do ponto de vista científico, o termo mais adequado para se referir a esse grupo de répteis é serpente.
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