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“Seca verde”: entenda o fenômeno que castiga estado brasileiro

O estado do Piauí vive um período de chuvas atípico, com 129 municípios em situação de emergência. Em 40 deles, o problema é considerado mais grave, segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil.

É que choveu, em média, 50% abaixo do esperado para os meses de dezembro a março, impactando a produção agrícola e pecuária. O cenário é observado tanto na faixa do Cerrado quanto na faixa sertaneja do estado.

“Como a estação chuvosa foi bastante irregular, tanto na distribuição das chuvas quanto no aspecto temporal, que foram as interrupções, isso construiu uma lógica em que muitos produtores que plantaram acreditando na constância da chuva apresentam sucessivas perdas”, explica Werton Costa, diretor de Adaptação e Mitigação da Defesa Civil.

“As primeiras perdas foram no extremo sul, que ocorreram entre novembro e dezembro. A segunda perda foi entre janeiro e fevereiro e, com a continuidade do processo de estiagem em março, esse quadro se agravou mais com repercussão não só na agricultura, mas também na perda de pasto”, acrescenta.

Mapa mostra distribuição irregular da chuva e área de seca (Imagem: Governo do Piauí/Reprodução)

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A tal da seca verde

A irregularidade das chuvas provocou um fenômeno conhecido como “seca verde”: a vegetação nativa permanece verde, mas não o suficiente para sustentar a lavoura e o pasto. O problema impacta diretamente as safras de milho, mandioca e feijão.

“A vegetação nativa permaneceu verdejante, criando o fenômeno que nós chamamos de seca verde, ampliando ainda mais o caráter dramático do cenário.

É um verdor que não se materializa na forma de produção de gêneros alimentícios”, afirma Werton Costa.

Outro fator preocupante é a redução do volume de água em riachos e barreiros, mesmo durante o período chuvoso. Isso se dá em dois contextos, segundo o governo:

  • Irregularidade temporal: quando há longos períodos de estiagem entre uma precipitação e outra;
  • Irregularidade espacial: quando as chuvas são desiguais dentro de um mesmo município, deixando algumas áreas severamente afetadas.

Faz oito anos que o Piauí não enfrenta uma estiagem tão severa em plena estação das chuvas, de acordo com o Monitor de Secas. O problema se estende por outros 415 municípios da região Nordeste: em oito, o abastecimento de água foi paralisado, segundo reportagem da TV Globo.

Equipe realiza expedição para contabilizar perdas agrícolas (Imagem: Governo do Piauí/Reprodução)

Medidas contra a seca

A Secretaria da Defesa Civil do Piauí iniciou um novo processo de licitação para contratação de carros-pipa para tentar garantir o abastecimento de água em localidades onde a estiagem é mais preocupante.

“Infelizmente, nem sempre temos água acumulada e guardada. O carro-pipa é uma ajuda muito grande, precisamos demais desse recurso. É água para gente, para os animais e para viver”, disse Aldenir Rodrigues, moradora de São Francisco de Assis do Piauí, um dos municípios que estão em emergência.

Além disso, o governo tem perfurado poços, implantado redes de distribuição de água e recuperado barragens e barreiros em comunidades rurais. Uma das estruturas em construção é a Adutora de Jaicós, que vai atender mais de 20 mil pessoas. 

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