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Review Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition | Um retorno tardio

Preso no Wii U por dez anos, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition finalmente abriu caminho para chegar ao Nintendo Switch e completar a presença de toda a franquia no console híbrido. A aventura, que está mais perto de ser um MMORPG do que seus irmãos numerados, demorou a chegar, mas ressalta a importância da saga para o console da Big N. 

Mesmo chegando ao fim de vida do videogame — já que o Nintendo Switch 2 foi oficialmente revelado e será lançado em breve — ele reforça que o primeiro console ainda tem forças e é capaz de reviver todas as melhores experiências do passado para esta atual geração.

Xenoblade Chronicles X, ao lado de Mario Kart 8, Pokkén Tournament, Captain Toad e Donkey Kong Country: Tropical Freeze, integrou o elenco dos maiores lançamentos da “Era Wii U” (que foram poucos, diga-se de passagem) e foi o único que se manteve preso ao não tão antigo fracasso da companhia. A questão é: a espera valeu a pena? A resposta é um sonoro sim, mas com ressalvas.


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Prós

  • História riquíssima
  • Alto fator de personalização
  • Mapa é repleto de desafios
  • Complementa a franquia no Switch

Contras

  • Em gráficos e desempenho, o título está datado
  • Controlar os Skells é abominável
  • O sistema de combate ainda é complexo demais para iniciantes

Xenoblade Chronicles X de volta, para o bem ou para o mal

Com a Nintendo e a Monolith Soft trazendo os três principais jogos numerados da franquia Xenoblade Chronicles ao Switch, muito foi pedido e reclamado pelo público sobre a presença de “X” para ter todos os capítulos presentes na plataforma. Demorou dez anos entre as duas versões, assim como oito desde o lançamento do Nintendo Switch em 2017 para vermos a “parte perdida” desta grande saga de RPGs.

Na aventura, temos o que a tornou tão especial para os fãs nos demais títulos: o sistema extremamente complexo de combate, milhões de itens e objetos colecionáveis espalhados entre centenas de missões, áreas e oponentes, assim como uma história que é construída de forma milimetricamente unificada. Se no primeiro momento a trama estar desconexa, não se preocupe: tudo está interligado ao roteiro que te guiará. 

Antes de falarmos da sua narrativa e como isso compõe um dos maiores recursos de sucesso em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, um relato sobre o seu gameplay se faz necessário. Com o mapa de mundo aberto, os jogadores podem explorar todo o mapa e ver o nível dos monstros e oponentes (para saber se vão comprar briga ou não). Como de praxe, ao lado das criaturas de Nv.3/Nv.4 que você encontra na área inicial, há alguns de Nv.70/Nv.80 passeando por lá também. 

Você encontrará mais do que as criaturas de nível baixo nas áreas iniciais de Xenoblade Chronicles X (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Esta amplitude sempre esteve presente nos títulos e chega a ser cômico, pois acaba se mantendo na memória e muitos acabam voltando ao lugar onde começaram para finalmente abater estas feras (e ganhar itens excelentes, diga-se de passagem). O mapa também é muito amplo, sendo composto de montes, montanhas, riachos, cavernas, oceanos, lagos, florestas fechadas, deserto árido e conta também com um sistema climático impactante (tempestades de areia ou chuva de lava ferem os personagens, por exemplo).

Dito tudo isso, uma das primeiras coisas que os jogadores de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition querem (assim como os de quaisquer RPGs) é se meter em um combate. Quem não deseja ver se vai tomar aquela surra histórica ou se a situação é mamão com açúcar logo de cara, não é? Neste caso, se você for iniciante, pode se preparar para tomar uma porrada daquelas.

Quem jogou qualquer outro jogo da linha XC sabe como funciona o sistema, mas os iniciantes têm uma curva de aprendizado inexistente por aqui. Os confrontos ocorrem em tempo real, com seus movimentos espalhados por uma linha de comando e com um período de carregamento para acioná-los. Enquanto espera por eles, seu personagem bate em diferentes partes do inimigo (com separação entre frente, laterais e atrás). 

O problema é: eu, por exemplo, zerei e amei toda a saga, mas até hoje este sistema — apresentado em XC1 — se apresenta como um dos pontos mais baixos da franquia. Ele reforça muito do lado estratégico e da forma como você organiza a sua equipe, mas também devo admitir que é terrível ficar correndo de um lado para o outro com os botões para selecionar o movimento certo e desferir um golpe. Sorte que XC2 e o terceiro game mudaram isso, mas aqui ele é um diferencial negativo. 

O sistema de batalha mantém a complexidade do primeiro jogo da franquia (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Não há como criticar de forma mais incisiva, já que é uma versão remasterizada e não um remake para alterarem este fator. Porém, além de dar uma dificuldade ainda maior para quem está começando e pode não se habituar com ele a tempo de aproveitar a experiência, é um sistema que está ultrapassado e traz algumas falhas em seu design.

Há movimentos e ataques feitos para serem executados em diferentes posições (na lateral do inimigo, atrás dele, pela frente etc.). É todo um processo você levar seu personagem até esta marca, selecionar o ataque que deseja usar no vasto menu — isso sem contar a espera para seu carregamento — e disparar o golpe. Muitas vezes, até isso ocorrer, o monstro já se virou, pulou, fez outras coisas e você perde a grande oportunidade.

“O jogo é apaixonante, mas o sistema de combate te envia diretamente para seu complicado sistema de 15 anos atrás”

— Diego Corumba

Proposta já datada

Originalmente, Xenoblade Chronicles X foi lançado no Wii U e alguns anos após o primeiro título. XC2 e o terceiro game vieram anos depois para o Nintendo Switch, o que garantiu tempo e tecnologia para eles aprimorarem todo o processo. Porém, ele traz algumas marcas do tempo que não são possíveis apagar, mesmo com a remasterização.

Visuais e sons estão sim aprimorados, mas não espere ver nada próximo do que conhecemos dos jogos lançados de 2017 em diante. Você notará que, no máximo, chegamos a um PS3 e Xbox 360 em sua fase mais mediana possível (e um pouco mais arrumados). Mesmo para um game de dez anos atrás, é perceptível como há demora, mais longa do que a habitual, para alguns recursos da tela carregarem. Os rostos, cujo design pertencem a duas gerações (ou mais) no passado, também causam uma grande estranheza e há muito mais. 

Ainda sobre os problemas, a movimentação dos Skells (robôs gigantes) que você pode pilotar a partir de um determinado momento da história, é uma das coisas mais terríveis que já tive o desprazer de presenciar. Não que eu quisesse tanta precisão veicular assim em um RPG, mas a forma “carro” (para fins explicativos e bem resumidos, é igual Transformers, mas aqui eles não têm vida ou falam) é terrível. 

“Xenoblade Chronicles X é um excelente game, mas é inegável que o tempo não fez tão bem a ele”

— Diego Corumba

Estratégico e exigente

Muitos vão ler os relatos acima e acreditar que Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition foi um grande desastre. Porém, não é. Na verdade, assim como os outros capítulos da franquia, é um dos melhores RPGs que você poderá aproveitar no Nintendo Switch (e no NS2) por conta de milhares de outros fatores que compensam e até superam estas adversidades. 

Mesmo com problemas de sua época, a experiência de Xenoblade Chronicles X é espetacular (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

O gameplay é complicado, chato e cheio de nuances. Porém, quando você o domina por completo (diria que por volta das 10 a 15 horas de jogo), já estará mais do que preparado para confrontar as maiores ameaças sem temer uma derrota humilhante. O título é extremamente estratégico e te obrigará a se esforçar um pouco mais do que nos outros games do gênero para dar conta de grande parte de seu potencial. 

Em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition os jogadores vão se deparar com centenas de armas, armaduras, partes de robôs, classes, habilidades, técnicas e outros elementos para construir a melhor forma de viverem esta aventura. Isso também vale para a variedade de personagens no elenco, com sua equipe aumentando de tamanho e trazendo outras oportunidades de forma bem expressiva. 

E não basta isso, mas conforme realiza missões, aumenta seu relacionamento e conquista alguns itens, a própria cidade de New Los Angeles recebe novos eventos. Lojas abrem espaço para itens novos, mais personagens chegam, novas missões são liberadas e acaba vendo um verdadeiro ecossistema se formando diante dos seus olhos. 

O mesmo vale para as áreas externas do mapa fora de sua base, que permitem que mais missões sejam liberadas e você consiga instalar os pilares para diferentes atribuições (ganhar mais dinheiro, minerar itens, ganhar pontos que podem ser investidos em melhorias para armas, mais disponibilidade de itens nas lojas e outros). É complexo administrar tudo isso simultaneamente, mas uma vez que você aprender, tudo passará a ocorrer de forma mais natural e sem tantas burocracias. 

Como falei anteriormente, controlar os Skells é um desastre completo, mas os robôs ajudam demais nos combates e na locomoção pelo mapa colossal. Em áreas que você não liberou ainda, correr com eles para estabelecer pontos de viagem rápida é um processo ágil e que não há qualquer tipo de ressalva. Além disso, eles garantem uma “vida extra” em batalhas mais complicadas, o que pode ajudar na dificuldade.

Também deve ser destacado o alto fator de personalização de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition. Além de determinar habilidades, técnicas e a classe do personagem, você pode escolher seus visuais e a forma como vai interagir com este mundo. Esta se estende também à forma livre de responder às questões que são feitas durante a aventura: que podem abrir caminho para novas missões e um relacionamento maior com os membros da sua equipe. 

História é a cereja do bolo

Quem conhece a Monolith Soft já sabe que não há um jogo desta magnitude sem uma grande narrativa por trás. E este não foge à regra. Uma guerra entre duas espécies alienígenas está prestes a ocorrer bem acima da Terra e os seres humanos se voltam a construir grandes naves que permitem fugir dali e seguir para outros planetas habitáveis.

Um embate extraterrestre forçou os humanos a irem para Mira (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Porém, o combate entre estes extraterrestres acaba destruindo quase todas elas, exceto pela nave de New Los Angeles. Ela cai no planeta Mira, que é inóspito e cheio de perigos ao seu redor. Para sobreviverem, eles precisam encontrar um dos componentes que se perderam durante sua queda. E é no meio disto que o seu personagem é encontrado, nas intensas buscas pelo item e pela contagem regressiva que vivem: já que ele garantiria o suporte à vida, que está chegando ao fim em New L.A. 

Esta história traz algumas reviravoltas interessantes em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition e garantem que os jogadores continuem jogando por dezenas de horas para descobrir a verdade que se esconde por trás de certos mistérios. Sem ironia, comecei a explorar o mundo e fazer suas missões aos poucos, mas quando “pisquei” eu já estava com mais de 40 horas de aventura e sem ter visto uma grande parte do que a experiência me reservava. 

Falando em missões, elas são um charme a parte. Muitas delas nos apresentam uma profundidade gigantesca na forma como os demais personagens interagem, sua importância em New L.A., isso quando não mostram conceitos divertidos e novas amizades que se formam conforme avança na jornada. É extremamente fácil se perder no tempo enquanto as completa e grande parte delas é muito bem construída, o que ajudará a manter o público por dezenas de horas em “distração”. 

“A narrativa é cativante demais, tanto a apresentada na história principal quanto nas missões paralelas”

— Diego Corumba

Ficha técnica de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition

  • Desenvolvedor: Monolith Soft
  • Produtora: Nintendo
  • Gênero: RPG
  • Data de lançamento: 20/03/2025
  • Plataformas: Nintendo Switch, Nintendo Switch 2 (retrocompatibilidade)
  • Multiplayer: sim (exige Nintendo Switch Online)
  • Testado no Nintendo Switch OLED através do código cedido pela produtora

Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition vale a pena?

De forma bem direta, se você espera algo mais próximo às facilidades que Xenoblade Chronicles 2 e XC3 trouxeram, é bom reduzir um pouco suas expectativas. Chronicles X funciona com uma estrutura bem similar (e criticada) ao primeiro jogo -– lançado no Nintendo Wii em 2010 — que está datada e não é nada prática. Se você jogou e curtiu o antigo título, pode seguir sem medo. Caso não, recomendo que pense se está, de fato, com disposição de aprender como ele funciona e seguir à maestria em passos lentos.

O jogo é excelente, mas não é para todos (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Não entendam errado, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é muito recompensador. A história dele e seus personagens, assim como as diferentes situações que vê nas missões paralelas, fazem tudo valer a pena conforme explora o vasto mundo de Mira. Mesmo com um chato sistema de grinding (que existia em abundância entre os anos 2000 e 2010), ele oferece tantas opções que é impossível não recomendar para quem busca um RPG tão completo assim para se divertir por mais de 100 horas. 

É uma experiência menos problemática se você tiver paciência e souber saborear tudo que vê aos poucos. O jogo apresenta toneladas de conteúdo para quem deseja expandir ainda mais as formas como se controla todos os fatores de seu gameplay, para saber mais de seus personagens e de toda a história. Aquele tipo de aventura que se curte aos poucos, pedaço por pedaço. Se é exatamente o que quer, mesmo com alguns problemas, vá fundo que não se arrependerá. 

Leia a matéria no Canaltech.

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