Review: South of Midnight é simples e cheio de personalidade
Anunciado durante o Xbox Games Showcase de 2023, South of Midnight chamou atenção por seus traços artísticos singulares, que destacam uma identidade muito própria e autoral. Foi o que apontamos em nossa prévia publicada aqui no Flow Games.
A técnica em stop-motion não pode ser escolhida à toa; é interessante que ela faça sentido e converse com a proposta da arte que os autores querem exibir, e é por esses mares que South of Midnight navega: com humildade, sem nariz empinado e de maneira despretensiosa, ele espora seu toque artístico e deixa a ideia em aberto para quem quiser curtir também.
O excesso de simplicidade, no entanto, pode ser uma faca de dois gumes. Confira nosso review completo!
South of Midnight: eis a minha arte
South of Midnight chamou atenção pelas animações em stop-motion cercadas de um misticismo que nem sempre é explorado no entretenimento: o folclore do sul dos Estados Unidos. O estúdio por trás do jogo, Compulsion Games, é caracterizado pela assinatura autoral que imprime em suas experiências, a exemplo de Contrast e We Happy Few, e não é diferente aqui.
A proposta mistura os principais elementos que compõem o gênero de ação e aventura, tão clássico nos videogames. Isso se traduz em trechos de combate, travessia, exploração e plataforma, com mecanismos agradáveis e, ao mesmo tempo, familiares.
South of Midnight me marcou por ser simples, humilde e despretensioso em sua premissa. É um título que, em seu caráter acessível, não machuca.
Imagem: Compulsion Games
Equilibrando os pratos
A experiência equilibra os pratos muito bem entre combate, travessia e exploração, com mecânicas que oferecem boa movimentação acrobática da personagem e generosas seções de plataforma, daquelas que requerem cálculo frio da distância entre a protagonista e a próxima superfície. Uncharted pode servir de referencial aqui.
O balanço entre essas ações foi aplicado na dose certa, embora a baixa variedade de inimigos e o combate formulaico possam cansar após algum tempo – os trechos acrobáticos, que envolvem mecânicas de platforming, são muito mais agradáveis que as batalhas, que puxam um tempero de Zelda com Kena: Bridge of Spirits.
Como o jogo mistura stop-motion com fluidez normal, há um interessante “choque” de realidades, visualmente falando
Imagem: Compulsion Games
Jornada de autodescoberta
South of Midnight conta a história de Hazel, que vive no sul dos Estados Unidos, onde desastres naturais relacionados ao caos climático são frequentes. Numa chuva torrencial que se transforma em dilúvio, a protagonista acaba se perdendo da mãe, e aquilo que seria uma aventura de resgate acaba se transformando numa jornada de autodescoberta, em que Hazel se encanta – junto de nós, jogadores – com as criaturas míticas com as quais se depara em suas andanças.
A própria protagonista se surpreende com tais descobertas; não é como se essas aparições fossem coisas normais, e sim parte de lendas urbanas, de contos folclóricos que permeiam desde seus antepassados na região.
Isso sumariza bastante do que South of Midnight oferece: um apanhado de mitos específicos dessa região, inéditos a muitas pessoas, que são introduzidas a toda uma cultura nova. Essa cutucada em curiosidade é um dos pontos mais proeminentes do jogo.
Imagem: Xbox
Veredito
As animações de South of Midnight são de encher os olhos. Como o jogo mistura stop-motion com fluidez normal, há um interessante “choque” de realidades, visualmente falando, com execuções vistosas e lotadas de partículas.
A estrutura do jogo, que é linear, oferece cerca de 10 a 12 horas de aventura, indo na contramão da enlatada tendência de mundo aberto. Por mais que o combate seja formulaico e a variedade de inimigos não encante, nada é capaz de te machucar nessa singela experiência.
O maior trunfo de South of Midnight é ser humilde e entregar sua arte com personalidade.
Testado no Xbox Series X e no PC.
Um código de South of Midnight foi gentilmente enviado por Xbox Brasil e Compulsion Games para a realização deste review.