Review: Fatal Fury COTW volta com nostalgia e novidades
De Street Fighter a Tekken, passando por Mortal Kombat e Guilty Gear, praticamente todas as grandes franquias de jogos de luta andavam recebendo novidades, jogos, campeonatos, expansões e tudo mais que você possa imaginar, mas os lobos de Garou Densetsu andavam um tanto solitários.
O tempo passou rápido, mas antes de Fatal Fury City of the Wolves ser lançado, estávamos há absurdos 26 anos sem ter um título totalmente novo da clássica franquia da SNK. Felizmente, isso acaba de mudar e, apesar de alguns probleminhas aqui e ali, sem dúvidas estamos diante de um legítimo herdeiro do legado de Fatal Fury. Entenda no nosso review completo a seguir!

Imagem: SNK
Os lobos voltaram em Fatal Fury City of the Wolves
Desde o seu nascimento lá no Neo Geo, a série Fatal Fury sempre primou por ter lindos modelos de personagens, um gameplay exigente e bem calibrado, e batalhas desafiadoras. Felizmente, essa checklist foi cumprida à risca no novo Fatal Fury City of the Wolves.
O ritmo das lutas é bem mais lento e cadenciado do que você encontraria em, por exemplo, KOF, resgatando elementos clássicos de gameplay (temos, por exemplo, dois botões de chute e dois de soco) ao mesmo tempo em que surgem adições bem interessantes e diferentes de tudo o que há no mercado.
Eu gostei bastante da adição do S.P.G., sigla para Selective Potential Gear, uma barrinha que você pode colocar no começo, meio, ou final da sua barra de vida, e que permite usar um golpe especial de investida, o Rev Blow, sendo que cada personagem executa uma ação diferente com ele.

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Rev é a palavra-chave da vez, norteando um novo sistema de medidores que fica no canto inferior da tela. Há golpes de Rev Arts (mais ou menos na linha dos golpes Ex de Street Fighter), e você precisa tomar cuidado para não estourar o medidor e o superaquecer, o que limita bastante as suas opções.
Ao menos nos dias de teste antes do lançamento, parece algo bem balanceado e que não deve render polêmicas como o controverso sistema de Drive do Street Fighter 6, por exemplo.

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Um “RPG” raso e repetitivo
Na tentativa de dar maior variedade ao pacote de Fatal Fury City of the Wolves, a SNK apostou no novo modo Episódios de South Town, vendido como uma espécie de RPG, embora tenha muito pouco disso na prática. Está mais para um modo arcade “tunado”, com o devido uso de aspas aqui porque, apesar de oferecer mais coisas, eu gostei bem mais do Arcade tradicional no que diz respeito à duração e história em si.
Basicamente, você ganha acesso a um mapa (que pouco depois abre outros dois) com pequenos símbolos de missões espalhadas por ele. Cerca de 95% das missões consistem em derrotar um NPC genérico em uma luta 1×1, com os 5% dos encontros que restam envolvendo batalhas contra os personagens jogáveis.

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Há textinhos aqui e ali ajudando a dar uma cara de “livro interativo” para a exploração, mas é quase tudo bem genérico e esquecível. O loop de gameplay gira ao redor de completar as lutas para subir de nível, o que deixa o seu personagem mais forte e com mais pontos de vida, além de liberar, aos poucos, alguns buffs que você pode aplicar para aumentar em X% os seus atributos.
É um grind bobo que de RPG não tem nada, então no fim das contas você não recebe uma experiência variada e imersiva como o World Tour de Street Fighter 6, e nem uma jornada cinematográfica como os modos história da NetherRealm. Episódios de South Town é melhor do que nada? Difícil dizer, talvez sim, por agregar um tempo a mais de gameplay em Fatal Fury City of the Wolves, mas só de eu estar em dúvida já é um péssimo sinal. Fato é que eu me diverti muito mais no Arcade básico, e nem ele faz nada de mirabolante.
Arcade no tom certo
Se o RPG decepciona, o modo arcade de Fatal Fury City of the Wolves é mais feliz em sua tentativa de trazer uma experiência mais tradicional. Com 5 níveis diferentes de dificuldade para a CPU, todos os perfis de jogadores conseguirão se divertir aqui numa boa.

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O nível 1 é molezinha e você pode testemunhar a a história dos personagens sem passar grandes sufocos, enquanto o nível 5 já segue a linha da SNK mais apelona, lendo os seus inputs e te fazendo penar para aprender a manipular a CPU, evocando a apelação sem limites de chefes como Rugal.
Apesar de todas as campanhas começarem da mesma forma, com direito a uma grata conexão com o universo de The King of Fighters, logo vemos aventuras únicas para cada um dos personagens. Alguns deles desenvolvem bastante a sua narrativa, resolvem mistérios deixados no último Garou, e amarram pontas soltas, enquanto outros são mais bobinhos ou se limitam a fanservice, não que haja nada de errado com isso.
Entre todos os modos offline de Fatal Fury City of the Wolves, senti que esse foi o melhor realizado e, apesar da falta de minigames entre os níveis, fiquei mais satisfeito com ele do que com o arcade ou campanha de qualquer outro jogo de luta da atual geração.
Trials deixam a desejar
Eu não sei você, mas eu pelo menos acho que quando o pessoal da SNK realmente quer mandar bem nos Trials, eles fazem o melhor que a indústria tem a oferecer, com desafios muito profundos, absolutamente hardcore, e que mergulham a fundo em nuances de gameplay que você dificilmente aprenderia de outra forma.

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Lembra de maravilhas como KOF XIII, com as suas longas linhas de comandos para fazer um depois do outro? Pois é, em Fatal Fury City of the Wolves não há nada parecido com isso, e o modo de Missões (Trials) é rasinho toda vida, deixando muito a desejar.
Cada um dos lutadores possui apenas 5 desafios com controles tradicionais, e mais outros 3 com os controles modernos cheios de atalhos facilitadores. Se estes são uma verdadeira baba, até mesmo os mais tradicionais pendem para o lado mais fácil, dificilmente exigindo que você faça mais do que 6 ou 7 comandos em sequência, isso já no nível mais alto de dificuldade no último ou penúltimo trial.
Jogadores experientes dificilmente perderão muito mais do que meia hora dominando os trials do seu personagem favorito, e vão se decepcionar ao ver que eles não passam sequer um bread and butter completo.
Se você quiser garantir que está com o seu whiff punish em dia, algo crucial nesse gameplay de Fatal Fury City of the Wolves, é melhor se preparar para “Labar” muito ou pesquisar por guias no YouTube daqui a alguns dias, pois o jogo não te entregará qualquer combo mais empolgante ao natural.

Imagem: SNK
Celebridades divisivas
Há quem ame e quem odeie, mas fato é que a adição do jogador de futebol Cristiano Ronaldo e do DJ Salvatore Ganacci chamaram muita atenção para o lançamento de Fatal Fury City of the Wolves. Afinal, não é todo dia que vemos pessoas reias chegando aos jogos de luta, sendo Mortal Kombat a franquia mais próxima disso, com suas muitas colaborações relacionadas a cultura pop.
Isso fere, então, a pureza do jogo e o sentimento de que esse é um verdadeiro jogo de luta da SNK? Francamente, não. Embora um hater da dupla inevitavelmente vá encontrar alguns jogadores os utilizando em partidas online, é bem fácil curtir o pacote todo fingindo que eles não existem caso isso seja um problemão para você (embora não devesse mesmo ser, mas você é quem sabe da sua vida e prioridades).
Especialmente no caso de Salvatore, que eu achei um lutador muito bem trabalhado. Ele mistura um pouco da galhofa de ser um personagem-piada (tipo o Dan em Street Fighter), imune às leis da física, com um design bem puxado de Jojo’s Bizarre Adventure, uma eterna fonte de inspiração para KOF. Mas, acima de tudo, é evidente que ele teve um capricho a mais que o Cr7 em tudo, até mesmo participando com a música da abertura do jogo;
Salvatore foi muito bem integrado a todos os modos de jogo, permitindo que você customize as suas cores e jogue uma campanha Arcade completa, caso diferente de Cristiano Ronaldo, que por algum motivo (provavelmente contratual?) ficou de fora de qualquer modo que não sejam os Trials e lutas. É uma pena, porque o seu moveset é até que interessante, remetendo um pouco aos tempos em que KOF 94 nos trazia um time de esportistas, o Team American Sports.
Então enquanto o CR7 é meio tosco, o Salvatore usa até mesmo movimentos saídos diretamente de seus clipes, o que me parece indicar que, enquanto uma celebridade caiu de cabeça no projeto e o abraçou de corpo e alma, a outra estava lá apenas cumprindo contrato e batendo ponto, sem se dignificar sequer a dublar o seu próprio personagem.
Online poderia ser melhor
Os testes beta já tinham dado sinais de alerta sobre a qualidade das partidas online de Fatal Fury City of the Wolves e, por mais que a adição de rollback netcode seja algo espetacular por si só, continua acontecendo o mesmo problema já visto em outros jogos de luta da SNK: na maior parte do tempo você vai jogar contra jogadores situados em outros países, e aí não tem doutor que dê jeito.
Apesar de algumas centenas de ping não estarem nem perto de ser a condição ideal de luta, até que você consegue jogar bem o suficiente fora um ou outro input comido, ou pequenos teleportes que atrasam a sua reação. Mas se a pessoa estiver no mesmo país, tudo flui maravilhosamente, então ao menos os FT10 online com os seus amigos está garantido de rolar em boa qualidade.
Há suporte a cross-play entre todas as plataformas, mas ele é um tanto inconveniente na hora de compartilhar as suas identificações de sala e de jogador, já que tudo é muito mais burocrático e enrolado do que deveria ser, sofrendo ao cubo pela interface pouco intuitiva. A Wolftag, o seu ID escolhido no início do jogo, podia e devia ser mais usado para agilizar o processo.

Imagem: SNK
Vale a pena jogar?
Para quem está cansado do festival de drive rush e throw loop que impera em Street Fighter 6, da temporada 2 completamente equivocada de Tekken 8, ou mesmo da absoluta falta de norte, organização e qualidade de Mortal Kombat 1, sem dúvidas Fatal Fury City of the Wolves oferece uma experiência de lutinhas muito boas em seu lançamento.
Claro, os modos de jogo não são os melhores, os menus são confusos e pouco intuitivos, e há uma série de decisões estranhas ao redor do produto. Ainda assim, o que mais importa na FGC é o gameplay e, nesse sentido, você não vai encontrar muitos jogos melhores, mais profundos, desafiadores ou gratificantes. Mas ele vale mais a pena para entusiastas hardcore do que para turistas casuais.
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