[Review] Dragon Age: The Veilguard é confortável, mas relembra o melhor da BioWare
Novo capítulo do título icônico da BioWare é um ótimo recomeço para a saga
Thedas te convoca para uma nova aventura cataclísmica! Uma década depois do lançamento de Inquisition, a BioWare finalmente revelou o próximo capítulo da franquia Dragon Age: The Veilguard. Com lançamento marcado para 31 de outubro, este é o quarto jogo da saga e também se passa dez anos depois dos eventos com a Inquisidora e seus aliados.
Graças à EA, a Legião recebeu uma cópia de Veilguard com antecedência, embarcando na cruzada do Rook, o novo protagonista, pelo norte de Thedas e além. Dessa forma, já sabemos se, em uma época de ótimos e inovadores RPGs, esse game pode reconquistar o posto de Dragon Age no panteão gamer.
Ficha Técnica
Título: Dragon Age: The Veilguard
Data de lançamento: 31 de outubro de 2024
Desenvolvedora: BioWare
Distribuição: EA Games
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X / S e PC
Modo: Single player
Gêneros: RPG de Ação
Tradução PT/BR: Sim
Reinventando Thedas com magia ancestral
Reviver grandes franquias, especialmente depois de momentos turbulentos entre estúdios e publishers, é sempre um desafio homérico, ainda mais quando a recepção dos últimos games da linha pende mais para mista do que positiva. No caso de Dragon Age, as coisas ficam mais complexas: a BioWare é um daqueles nomes da indústria com picos gloriosos e vales abissais; é a casa da aclamada trilogia Mass Effect e do terrível Anthem, por exemplo.
Assim, seguindo os primeiros rumores de lançamento em 2024, The Veilguard, quarto capítulo da saga Dragon Age, tem sido aguardado com cautela. É a segunda tentativa de retorno desde Inquisition, de 2014, com um projeto engavetado por volta de 2018. No entanto, para a felicidade geral da comunidade gamer e da indústria no geral, a nova aventura da BioWare retoma as melhores qualidades do estúdio e entrega uma das melhores histórias da franquia.
Talvez algumas pessoas torçam o nariz para Veilguard por conta do título se debruçar no gênero RPG de Ação. Em um mundo pós-Baldur’s Gate 3 (ex-propriedade da BioWare, inclusive) realmente pode parecer preguiçoso continuar insistindo no combate explosivo, em tempo real, no lugar de explorar novas ideias. Porém, o novo Dragon Age consegue mesclar essa jogabilidade mais ativa com elementos estratégicos de forma exemplar. Pode não reinventar a roda, mas o resultado é absolutamente divertido, desafiador e cheio de personalidade, carregando e renovando características chave do estúdio.
Nos trailers, o combate parece, sim, um amontoado de informações, mas, com o game em mãos, a curva de aprendizado é surpreendentemente rápida e a glória da batalha nunca evanesce, mesmo 40 horas de jogo depois. A tela de habilidades do seu time é super funcional, os comandos rápidos são fáceis de aprender e, quando as engrenagens começam a rodar, Veilguard apresenta um dos gameplays mais desenvoltos e interessantes do gênero, especialmente em relação a poderes mágicos e combos de habilidade.
E provavelmente você vai esquecer qualquer receio quando ficar cara-a-cara com seu primeiro dragão.
O que deve deixar qualquer fã dos jogos da BioWare e de RPGs em geral em êxtase não são as batalhas, mas a história incrível e bem amarrada de Veilguard. Essa é uma daquelas aventuras que não é reboot ou remake, mas que funciona perfeitamente para novos jogadores, tecida de uma forma que dificilmente o player se sente perdido ou desamparado em seu entendimento do universo ao redor, enquanto satisfaz os fãs de longa data com respostas para – e o desenvolvimento de – questões fundamentais da saga.
Veilguard mergulha no lado mais mágico, etéreo, de Dragon Age. É, sim, sobre o famigerado Lobo Temível e divindades, mas também sobre outros fantasmas que ainda assombram Thedas e o desbravar de um futuro livre dessas âncoras. Cada um dos personagens principais reflete um pedaço dessa premissa em sua história ou personalidade, tudo convergindo no Rook, seu protagonista que, independente de como você o personalize, é um herói inquieto, emotivo, ansioso pelo que a história guarda para si mesmo e seu grupo.
As estrelas dessa lenda, assim como em qualquer bom jogo da BioWare, são seus aliados e seus conflitos pessoais. Diferente da escassez de Andromeda, por exemplo, Veilguard retorna para a melhor época do estúdio, trazendo personagens tridimensionais, complexos, únicos e facilmente relacionáveis. Enquanto o mundo de Dragon Age não possui muitas raças, o passado dessas pessoas é colorido por família, facções, crença, tipos de magia, fama e todo tipo de tragédia vinda de uma terra impiedosa. Você precisa se esforçar muito para não gostar um mínimo de cada um deles.
O game investe todo o tempo preciso para desenvolver esses heróis, suas relações com o grupo, com a campanha principal e seus demônios pessoais, sempre reforçando o quão importante é cuidar da equipe em paralelo com a jornada apocalíptica original. As histórias são costuradas tão bem que você nunca sente que uma coisa é mais importante que a outra ou que certos eventos são coincidência demais. É uma experiência imersiva de companheirismo, que não deixa de lado suas turbulências e consequências, tudo feito com perfeição.
Algo tão brilhante, porém, deixa alguns problemas mais visíveis; enquanto os novos personagens e seus dramas são desenvolvidos de forma exemplar, a inclusão de nomes conhecidos e queridos no game deixa a desejar. Geralmente as desculpas para essas pessoas não se envolverem na calamidade atual até fazem sentido, mas a execução não é das melhores, gerando situações que beiram o cômico. Isso definitivamente deve irritar alguns fãs antigos.
É uma situação estranha, considerando o histórico da BioWare com sequências e personagens. Talvez o estúdio precise relembrar que, às vezes, encontrar finais definitivos para personagens queridos é mais satisfatório, independente do impacto no público, do que deixá-los cozinhando para além do ponto, sem objetivo ou rumo.
Mas você não tem muito tempo para remoer essas coisas, quando Thedas nunca esteve tão magnífica e amedrontadora. Seguir a fórmula clássica de um mundo dividido por áreas, investir em puzzles, labirintos e a descoberta gradual de cada região, além de uma ótima simbiose entre missões e ambiente, culminam em uma exploração intuitiva, que sempre prende seu interesse, mesmo quando você está voltando para uma sessão conhecida do mapa.
Trilha sonora e visuais, enfim, corroboram para tornar Veilguard um dos games mais impactantes e imersivos da franquia Dragon Age. A nova direção artística, ainda que com mudanças sutis, faz desse capítulo mais original, vibrante, grandioso, com cenários de tirar o fôlego em enquadramento, visual e iluminação. As cutscenes são épicas – com um dos melhores exemplos da indústria gamer de integração de personagem customizável na ação – em contraste com belíssimas cenas artísticas de narração. E tudo isso é regido pela música literalmente cinematográfica e majestosa do lendário Hans Zimmer.
O pacote completo é um RPG de Ação confortável em seu espaço, mas que entrega uma aventura tão incrível quanto as melhores dos últimos anos, renovando a franquia Dragon Age e as esperanças por novos games com a assinatura magistral da BioWare. The Veilguard é tudo o que saga, estúdio e público precisavam no momento: algo seguro, mas que enche os olhos, acelera o coração e te prende na frente da TV por horas. Uma história para ser lembrada com carinho, corajosa em sua visão e com heróis e vilões de vida longa para a cultura pop.
Dragon Age: The Veilguard demorou para acontecer, deixou todo mundo temeroso com o resultado, quase foi Dreadwolf, mas encontrou voz e receita perfeitas para renovar a saga em 2024. Não é o game mais bombástico e inovador que você vai encontrar, mas não deixa de ser impressionante e viciante à sua maneira, empregando tudo de melhor que já esperamos da BioWare no passado e mais.
Portanto, para a Legião, Dragon Age: The Veilguard é um ótimo 9,5. Para fãs, novatos e todo o espectro de amantes de RPG, emoção e boas histórias, Veilguard é um prato cheio e delicioso.
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Fonte: [Review] Dragon Age: The Veilguard é confortável, mas relembra o melhor da BioWare“>Legião dos Heróis.