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Regulador britânico critica duopólio da Apple e do Google em navegadores

Ícone do Safari no iOS

A Autoridade de Concorrência e Mercados (Competition and Markets Authority, ou CMA), órgão antitruste do Reino Unido, soltou um relatório que acendeu o sinal de alerta sobre o domínio da Apple e do Google no mercado de navegadores para celulares.

O documento [PDF], publicado hoje, aponta que as práticas das duas gigantes da tecnologia estão travando a concorrência e a inovação, limitando as opções dos consumidores e freando o crescimento econômico.

A autoridade descobriu que os navegadores Safari e Chrome praticamente monopolizam o mercado. O Safari é usado em 88% dos dispositivos da Apple, enquanto o Chrome domina 77% dos aparelhos com sistema Android, conforme dados de 2024.

O que mais chamou a atenção foi a exigência da Maçã de que todos os navegadores de terceiros no iOS usem o WebKit, o mecanismo próprio da empresa. Isso, segundo a CMA, impede que os concorrentes criem recursos diferenciados e inovadores.

A líder do grupo de investigação da CMA, Margot Daly, foi direta: “A concorrência entre os navegadores móveis não está funcionando como deveria, e isso está barrando a inovação no Reino Unido.”

Ela também destacou que a CMA decidiu abrir uma investigação para ver se a Apple e o Google têm o que eles chamam de “Status de Mercado Estratégico” (Strategic Market Status, ou SMS). Se confirmado, isso pode levar a regras mais duras para as duas empresas.

O relatório também criticou a Apple por dificultar o desenvolvimento dos chamados web apps (Progressive Web Apps, ou PWAs), que são mais baratos e fáceis de criar do que os aplicativos tradicionais.

A CMA apontou também que as políticas da Maçã praticamente bloqueiam o funcionamento desses aplicativos no iOS — o que limita, de acordo com o órgão, a concorrência no mercado de apps.

Críticas ao Google

O Google também não escapou ileso. A CMA destacou os acordos de divisão de receita entre as duas empresas, que, segundo o relatório, reduzem o incentivo financeiro para as duas empresas competirem de verdade.

A gigante de Mountain View paga uma parte expressiva da receita gerada por anúncios de busca no Safari e no Chrome para a Maçã — o que, na visão da CMA, só fortalece o duopólio de ambas.

Embora tenha tecido essas críticas, a CMA não tomou nenhuma medida concreta por enquanto. O órgão justificou que usar os poderes atuais para resolver esses problemas pode trazer riscos. Em vez disso, eles preferem esperar o resultado das investigações sobre o tal “status de mercado estratégico”, que deverão ser concluídas ainda este ano.

Se elas forem enquadradas nessa categoria, a CMA poderá impor novas regras, como obrigar a Apple a permitir que outros navegadores usem mecanismos diferentes do WebKit no iOS ou garantir que os concorrentes tenham acesso às mesmas funcionalidades que o Safari.

O que dizem Apple e Google

A Maçã respondeu ao relatório dizendo que acredita em “mercados dinâmicos e prósperos, onde a inovação pode florescer”, mas alertou que as medidas sugeridas pela CMA podem prejudicar a privacidade, a segurança e a experiência dos usuários.

Já Google, por sua vez, afirmou que está comprometido com plataformas abertas e que vai trabalhar de forma construtiva com a CMA para apoiar a inovação e o crescimento no Reino Unido.

via AppleInsider

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