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Quem pode ser cobaia e voluntário em experimentos científicos?

É um tanto comum vermos pessoas em filmes se submetendo a serem “cobaias” em experimentos científicos e, talvez, esse tipo de informação nos passe a ideia errada dos conceitos de cobaia e voluntários dentro deste universo sobre estudos e descobertas.

Muitas vezes o tema nos é passado de forma cômica, como os efeitos colaterais da experiência, ou até mesmo assustadora, em abordagens de ficção científica ou drama. Fato é que o assunto é muito importante e passa por conceitos fundamentais de ética e normas regulatórias adotados pelas áreas de Ciência e Medicina, chegando à polêmica envolvendo o uso de Inteligência Artificial neste campo.

Para esclarecer as principais dúvidas de um assunto tão relevante para o constante avanço das descobertas científicas, vamos simplificar e desmistificar os conceitos de cobaias e voluntários nos experimentos científicos.

Cobaia não é sinônimo de voluntário

A palavra “cobaia” é comumente usada para se referir a animais usados em experimentos científicos, especialmente roedores, mas também pode ser aplicada a outros animais, como coelhos e primatas. Esses animais são utilizados principalmente em pesquisas para testar medicamentos, tratamentos ou para estudar doenças, comportamentos e outras áreas da biologia.

Esses animais são criados em ambientes controlados e destinados à pesquisa pré-clínica utilizados em experimentos científicos para estudar uma variedade de questões biológicas, médicas e comportamentais antes que tratamentos ou substâncias sejam testados em humanos.

As cobaias usadas em experimentos são, em sua maioria, animais nascidos e criados em laboratório. Isso garante um ambiente controlado, livre de doenças e com características genéticas bem definidas, o que facilita a interpretação dos resultados e reduz variáveis externas que poderiam interferir no estudo. Eles são geneticamente homogêneos em muitos casos, o que ajuda a manter a consistência nos experimentos.

A escolha de uma cobaia em experimentos científicos é guiada por várias considerações e não é tão simples. Existem rigorosos regulamentos e comitês de ética que avaliam a necessidade e a adequação do uso de animais em pesquisas. As normas internacionais exigem que experimentos em animais sejam realizados apenas quando absolutamente necessários e com o mínimo sofrimento possível.

(Imagem: Shutterstock)

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Inclusive, felizmente nos últimos anos, houve uma crescente busca por alternativas ao uso de animais, como culturas celulares ou simulações por computador. A tecnologia, incluindo inteligência artificial (IA), tem desempenhado um papel importante em desenvolver modelos virtuais que podem reduzir a necessidade de testes com animais.

A pesquisa pré-clínica é a fase inicial de testes de novos tratamentos, medicamentos ou terapias, que ocorre antes dos testes em humanos. Nesse estágio, os cientistas usam cobaias animais para verificar a segurança, eficácia e possíveis efeitos colaterais de novas substâncias. O uso de animais nesta fase permite avaliar os efeitos de forma controlada e sem colocar seres humanos em risco. Os testes incluem:

Toxicidade, para verificar se a substância pode causar danos aos órgãos ou sistemas do corpo.

Farmacocinética, para estudar como a substância é absorvida, distribuída, metabolizada e excretada no organismo.

Eficácia, para testar se o tratamento tem o efeito desejado nas condições de saúde que estão sendo estudadas, como doenças ou infecções.

Já os voluntários em experimentos científicos são pessoas, nós, seres humanos, que aceitam participar de um estudo. Como o próprio nome indica, voluntários são pessoas que se voluntariam de livre e espontânea vontade para auxiliar em experimentos, portanto não pode ser uma cobaia. E não basta apenas querer.

A participação humana em pesquisas é regida por um conjunto específico de regras éticas e legais, com um foco fundamental na autonomia e no consentimento informado. Isso significa que os voluntários devem ser plenamente informados sobre os riscos e benefícios do experimento antes de concordarem em participar, e essa decisão deve ser tomada de forma livre, sem coerção.

A definição de quem pode ser voluntário em um experimento científico depende de fatores como idade e capacidade de consentimento. Voluntários precisam ter a idade mínima (geralmente maior de 18 anos) e a capacidade mental para compreender os riscos e fornecer consentimento informado. Para menores de idade ou pessoas com limitações cognitivas, o consentimento de um responsável é necessário.

Em certos tipos de experimentos, pessoas com condições médicas específicas ou que tomam certos medicamentos podem ser excluídas. A seleção dos voluntários deve ser feita para evitar danos à saúde dos participantes. Por isso, o processo de escolha, em geral, passa por muitos questionários, exames médicos, entrevistas com psicólogos, junta médica especializada e testes físicos e psicotécnicos.

Tecnologia e IA em experimentos científicos

A tecnologia, incluindo a IA, está redefinindo os limites da ciência e experimentação, tanto para animais quanto para seres humanos. A IA tem sido usada para simular processos biológicos. Como dito anteriormente, no lugar de usar cobaias, a IA pode simular o efeito de medicamentos ou tratamentos em células ou sistemas biológicos, o que pode reduzir a necessidade de experimentos com animais.

Voluntário participa de pesquisa científica sobre vacina em laboratório (Imagem: Shutterstock.com)

A tecnologia de IA também pode ser aplicada para criar modelos de simulação do corpo humano, levando em consideração diferentes variáveis, como genética e ambiente. Isso oferece uma maneira mais segura e ética de testar novas terapias sem colocar a saúde dos seres humanos em risco.

Para analisar dados, a IA pode analisar grandes quantidades de informações dos experimentos e identificar padrões que seriam difíceis de perceber manualmente, o que acelera o processo de descoberta científica.

A ética em experimentos científicos, especialmente envolvendo seres humanos e animais, tem se tornado mais rigorosa ao longo do tempo, impulsionada por questões como os direitos dos animais.

Em muitas partes do mundo, houve um movimento para garantir que os direitos dos animais sejam respeitados, promovendo alternativas para testes e exigindo que qualquer experimentação seja justificada.

Quais os limites da IA em pesquisas científicas? (Imagem: Shutterstock)

No caso de seres humanos, o consentimento informado é a base da ética. A IA também tem potencial para tornar os processos mais transparentes, fornecendo informações detalhadas e facilmente acessíveis aos voluntários sobre os experimentos.

No geral, a ética moderna está pressionando a ciência a buscar alternativas, reduzir riscos e garantir que a dignidade e os direitos de qualquer ser vivo, seja cobaia ou voluntários, envolvido em experimentos sejam respeitados.

O que podemos concluir até então é que com o avanço da tecnologia e da IA, muitos desses limites estão sendo redefinidos para criar práticas mais seguras e éticas em pesquisa científica. Se não seguirmos nesse caminho, no futuro, poderemos nos tornar ‘ratinhos humanos de laboratório’? É preferível acreditar que as regras sejam cada vez mais claras, rígidas e garantam o direito à vida, seja de humanos e de animais.

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