Quem inventou a matemática?
Você já parou para pensar em quem inventou a matemática? Ou será que ela foi descoberta? Apesar de esta pergunta não ter uma resposta única, podemos dizer que a origem da matemática está bastante relacionada às antigas civilizações, com destaque para os matemáticos gregos e ao pensamento da Grécia antiga.
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Independentemente da sua origem, é certo que a matemática está mais presente do que parece. Veja só: a compreensão das leis mais fundamentais do universo, várias áreas do conhecimento, a página aberta no navegador em que você está lendo este texto têm algo em comum, que são os princípios matemáticos.
O físico alemão Albert Einstein, muito conhecido pela Teoria da Relatividade, notou o poder das equações para explicar a estrutura do universo e se perguntou: “Como é possível que a matemática, um produto do pensamento humano que é independente da experiência, se encaixe tão bem com os objetos de nossa realidade física?”
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A equação E = m c ², de Albert Einstein, descreve a transformação da matéria em energia (Imagem: Reprodução/Artturi Jalli/Unsplash)
Enquanto isso, o matemático e físico inglês Isaac Newton criou o cálculo diferencial e integral, que permite descrever a variação de grandezas de vários tipos. Isso nos mostra que, às vezes, os físicos desenvolvem as ferramentas necessárias para explorar a natureza e resolver problemas.
Além disso, será que o Teorema de Pitágoras e outros conceitos matemáticos tão rigorosamente provados ao longo do tempo são apenas um produto da percepção humana? Ou será que, na verdade, os conceitos são factuais e estão simplesmente à espera de serem descobertos?
Afinal, quem inventou a matemática?
Não é de hoje que a origem da matemática intriga as pessoas, e para entender melhor o mistério, vale recordar brevemente a história da matemática. Segundo Alexander Paseau, professor de Filosofia Matemática na Universidade de Oxford, esta dúvida existia antes mesmo da época do filósofo e matemático grego Platão.
Nascido em 428 a.C., Platão foi um dos pensadores mais importantes do período antropológico da filosofia grega. Quando o assunto é o surgimento da matemática, uma das principais escolas de pensamento é o Platonismo, ou seja, a corrente filosófica daqueles que seguiam as ideias de Platão.
Se precisassem dizer se a matemática foi inventada ou descoberta, provavelmente ficariam com a segunda opção porque, para eles, a matemática é como um código que descreve o universo; portanto, aperfeiçoar a matemática é uma forma de “traduzir” este código. Então, para eles a matemática já estava ali o tempo todo, sendo uma descoberta e não uma invenção.
A matemática ajuda a revelar as leis mais fundamentais do universo (Jeremy Thomas/Unsplash)
Em oposição aos platonistas, estão os nominalistas, que acreditam que os números não existem, porque são criações nossas e não parte integral da natureza. Isso significa que, se os humanos desaparecessem, os números também iriam sumir. Se a matemática funciona para calcular o troco após as compras ou a chance de existir vida fora da Terra, é porque ela foi criada por nós para estes objetivos.
Quer mais? Pois saiba que existe ainda o ficcionalismo, uma vertente do nominalismo. Neste caso, a matemática seria como uma espécie de história que serve para ajudar os físicos a desvendarem a natureza. É como se as regras da matemática tivessem sido criadas, e enquanto isso, os matemáticos tentam descobrir todas as jogadas possíveis de acordo com tais regras. E claro que o ficcionalismo tem algumas perguntas sem resposta — por exemplo, se a matemática é uma simples invenção, então como ela funciona tão bem?
Origem da matemática
No fim das contas, o que todas estas escolas de pensamento nos dizem sobre a origem da matemática? É difícil dizer ao certo, mas talvez tudo isso nos mostre que a matemática não foi inventada e nem descoberta — suas origens podem estar em uma terceira categoria, tão misteriosa que ainda não foi descoberta nem mesmo pelos estudiosos.
Joe Morrison, professor associado da Universidade de Sheffield, sugere que a resposta pode estar “em algum lugar entre as duas [propostas] — aquela tem que ser a resposta certa”, sugeriu. “Meu instinto é que algumas estruturas matemáticas vão ter a aparência objetiva, mas vão se mostrar não totalmente objetivas”, explicou.
Se a matemática foi inventada, como ela funciona tão bem? (Gerd Altmann/ Pixabay)
Já Alexander Paseau, professor de filosofia matemática na Universidade de Oxford, recorda também que existem os formalistas, que “veem a matemática como como uma manipulação de símbolos sem significado”, mas que esta corrente de pensamento não é tão popular hoje. “A maior parte dos filósofos contemporâneos de matemática, incluindo eu, são estruturalistas” acrescentou ele. E mesmo assim surge outra pergunta: certo, mas estruturalismo de qual tipo?
Talvez a resposta fique mais clara com o tempo. Tanto os avanços tecnológicos quanto a neurociência podem ajudar — ao separar na matemática aquilo que vem do pensamento humano e aquilo que é externo, o auxílio dos computadores para criar e provar teoremas pode mudar a forma como se compreende a matemática.
“Algo me diz que a matemática é inventada. Era nisso que eu acreditava antes da filosofia”, comentou Paseau. “Mas não é no que eu acredito agora. Com o tempo, comecei a pensar que foi descoberta. É para isso que os argumentos nos direcionam”.
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