Primeiro minerador de asteroides está pronto para ser lançado
Alguns tipos de minerais e metais são escassos aqui na Terra, o que torna seu preço extremamente caro. Mas e se a Terra não fosse uma limitação para encontrar esse tipo de material? Essa é a aposta da AstroForge, empresa privada que se prepara para lançar a missão Odin, cujo objetivo é colocar o primeiro módulo de mineração em um asteroide.
Pode parecer ficção científica, mas a empresa se prepara para se tornar pioneira na mineração de asteroides desde os anos 2010. Desde a “era da promessa” da mineração espacial, muitas empresas fecharam sem nem chegarem perto de um asteroide (mineração é um ramo caro e missões espaciais mais ainda). Mas a AstroForge parece ter superado os primeiros desafios e agora deve ter a semana mais decisiva de sua história.
“Se isso der certo, provavelmente será o maior negócio já concebido”, disse Matt Gialich, fundador e presidente-executivo da AstroForge, ao The New York Times. Mas para esse negócio realmente acontecer muita coisa precisa dar certo, incluindo alcançar o asteroide.
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A Odin ainda é considerada uma missão teste, isso porque ela não realmente minerar o asteroide, mas vai pousar um módulo lá, indicando que é possível fazer isso, levantando investimentos para uma missão futura.
Esse vai ser o segundo lançamento da empresa. O primeiro, lançado em abril de 2023, chamado Brokkr-1 alcançou com sucesso a órbita da Terra, mas não foi possível ativar com sucesso o protótipo da tecnologia de refinaria a bordo para demonstrar que ela funciona em microgravidade.
Apesar desse contratempo, a AstroForge afirmou que o teste foi positivo e que rendeu “a experiência de uma campanha de voo, desde o projeto conceitual até as operações em órbita e todas as etapas intermediárias para construir, qualificar e certificar um veículo para o espaço”.
O teste também foi suficiente para arrecadar um financiamento de US$ 55 milhões, que permitiu a missão atual.
Mas agora, a AstroForge se prepara para algo muito mais ousado, a empresa foi a primeira companhia privada a conseguir autorização da Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) para lançar uma missão além da lua, permitindo a companhia alcançar o espaço profundo.
Espaçonave Odin será usada para mineração de asteroides (Imagem: reprodução/AstroForge)
A missão será lançada a bordo de um Falcon 9, da SpaceX. O foguete vai lançar também uma missão da Intuitive Machines e o Lunar Trailblazer da NASA. Se tudo der certo, a Odin vai alcançar seu alvo no fim deste ano.
Qual o asteroide será o alvo?
A empresa escondeu seu alvo por bastante tempo, mas no começo desse ano finalmente revelou que a tentativa de pouso vai acontecer no asteroide 2022 OB5. Um objeto relativamente pequeno, com o tamanho parecido a de um campo de futebol. Mas a escolha se deve ao fato do OB5 ser um tipo M, uma classe de asteroides que compreende 5% das rochas espaciais conhecidas que podem ter uma grande quantidade de metal.
Pesquisas demonstram que asteroides tipo M podem ser ricos em ferro e níquel. Dependendo da concentração (e da possibilidade de extrair esse mineral) isso poderia virar o jogo da mineração aqui na Terra. “Um único asteroide de um quilômetro de diâmetro, se contivesse platina, conteria cerca de 117.000 toneladas de platina”, disse Mitch Hunter-Scullion, fundador e executivo-chefe da Asteroid Mining Corporation na Grã-Bretanha, ao jornal americano.
“Isso é cerca de 680 anos de suprimento global. Você está falando de séculos de demanda de platina de um único asteroide”, completou o especialista. “Mesmo se você obtiver 1.000 toneladas de platina, você estará sentado lá com o próximo meio século de telefones celulares.”
Odin, no canto inferior direito, pegará uma carona no módulo de pouso Athena da Intuitive Machines a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9 (Imagem: SpaceX)
Mas isso ainda está longe de ser uma certeza, primeiro porque muitos duvidam que esses asteroides tenham uma concentração tão grande desses metais e outra que os custos da extração podem não compensar.
Ainda existe uma questão legal sobre os direitos em cima dos asteroides e outras questões relacionadas a danos que isso poderia causar nas rochas espaciais. Mas, de qualquer forma, o lançamento da AstroForge pode nos dar algumas repostas sobre as chances da mineração espacial prosperar.
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