Pratica esporte? Esta joelheira com airbag e IA promete reduzir chances de lesões no joelho
Uma empresa londrina criou uma espécie de joelheira equipada com airbag e inteligência artificial (IA) que promete reduzir lesões no joelho, incluindo diminuição de 80% de problemas no ligamento cruzado anterior (LCA), ligamento colateral medial (LCM) e meniscos, por exemplo, algumas das lesões mais graves.
Como funciona a joelheira que tem airbag e IA
A joelheira da Hippos Exoskeleton detecta, por meio de dois sensores, quando o joelho faz um movimento com potencial de lesão. Uma vez detectado pela IA, ela envia um comando para que o airbag se infle;
Ele infla em 20 milissegundos, envolve e estabiliza a articulação do joelho. O airbag promete ser três vezes mais rápido do que o rompimento ligamentar, que dura, em média, 60 milissegundos;
O dispositivo tem 107 gramas apenas, possui uma placa de circuito impresso flexível e um compartimento com gás na parte traseira, medindo 2 cm de diâmetro e 4 cm de comprimento;
Os dois sensores formam uma rede que se comunica com um chip, localizado na patela. Ele, por sua vez, usa IA para aprender milhares de movimentos exclusivos de um mesmo atleta. Qualquer movimento fora do padrão manda um sinal para o airbag;
O airbag infla com cerca de dois litros de gás e infla para exitar hiperextensão ou rotação excessiva.
No futebol, por exemplo, é muito comum vermos atletas se lesionando no joelho, perdendo quase um ano inteiro de recuperação. Recentemente, Neymar, Rodri (Manchester City), Carvajal (Real Madrid), Bremer (Juventus), Ter Stegen (Barcelona) e Pedro (Flamengo), sofreram com essas lesões.
A novidade é revolucionária e foi apresentada como “o primeiro airbag do mundo com tecnologia de IA para o joelho” em setembro, ganhando notoriedade logo após a lesão de Rodri.
Sua criadora alega ter apoio de cinco clubes que disputam a primeira divisão de futebol da Espanha, do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Associação Atlética Universitária dos Estados Unidos (NCAA, na sigla em inglês).
Será que funciona mesmo?
Mas será que o dispositivo realmente funciona? O ge ouviu especialistas de saúde esportiva para saber a resposta.
Bruno Mazziotti, que já atuou na comissão técnica de equipes, como Corinthians, Arsenal e PSG, atualmente é gerente de saúde e performance do Valladolid. Para ele, tal tecnologia auxiliaria mecanismos do corpo em situações de fadiga;
A estrutura ligamentar é rica em receptores para detectar alterações anormais de movimento. Mas, sob fadiga, essa detecção é menor. E esses sensores externos não estarão sob fadiga. Por isso, a teoria por trás dessa tecnologia é condizente.
Acho que precisa de uma grande experimentação desse uso de órteses*, ou airbags, para que realmente possamos entender melhor como ele vai se comportar e como o indivíduo vai se adaptar a isso.
Bruno Mazziotti, gerente de saúde e performance do Valladolid, em entrevista ao ge
*As órteses são dispositivos permanentes ou transitórios que auxiliam as funções de membros, órgãos e tecidos, impedindo que deformem ou sua progressão e/ou compensando insuficiências funcionais.
Já Marco Antônio de Araújo, sócio-fundador da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), está cético quanto à eficácia da joelheira. Ele exalta a importância dessa tecnologia para prevenir lesões, mas alerta para a necessidade de vários testes, de modo a evitar interferências e prejuízos para a prática esportiva.
Você imagina os atletas usando duas joelheiras, cheias de sensores, com airbags, que podem se ativar no momento em que o cara vai fazer o gol, porque o joelho entrou em uma situação de risco… E ele entra o tempo inteiro em situação de risco, num drible, numa dividida… Mas não é toda hora que rompe o ligamento cruzado.
A linha que divide o movimento anormal do movimento funcional é muito tênue. E não sei o quanto a inteligência artificial já está preparada para saber esta diferença.
Marco Antônio de Araújo, sócio-fundador da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), em entrevista ao ge
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Como os clubes lidam atualmente com lesões de joelho?
Hoje em dia, os clubes já trabalham com prevenção. Araújo explica que os cuidados exigem monitoramento de vários fatores de risco.
O aumento do número de lesões se dá pelo aumento da intensidade no futebol. Às vezes se coloca culpa nas chuteiras, nos gramados… Mas, segundo a ciência, o segredo [da prevenção de lesões] está na gestão de todos os fatores de riscos que envolvem a formação e a manutenção deste atleta de alto nível.
Desde os desequilíbrios musculares, amplitude de movimento, flexibilidade, força e tempo de reação, controle da fadiga e até questões emocionais são fatores muito importantes.
Marco Antônio de Araújo, sócio-fundador da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), em entrevista ao ge
Apesar de vermos muitos atletas homens sofrendo com lesões no joelho, elas são mais comuns em mulheres e atletas mais jovens, por conta de suas características biomecânicas.
Segundo Mazziotti, um dos principais fatores é o controle de fadiga, importante para impedir que a fadiga diminua a capacidade de nosso corpo de se proteger de tal lesão.
Não é tanto pela fadiga do jogo em si. De acordo com o que foi feito durante a semana, o atleta já pode chegar fadigado no jogo. Ou, mais que isso, se ele joga muito durante as semanas… Neste caso, ele não consegue chegar recuperado no processo de jogos da temporada.
Bruno Mazziotti, gerente de saúde e performance do Valladolid, em entrevista ao ge
Ainda assim, especialistas avaliam que falta pouco para que esses dipositivos entrem de vez no esporte de alto nível, com vistas a garantir mais saúde e longevidade aos seus usuários.
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