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Povo Bajau: conheça os super-humanos que evoluíram para segurar o fôlego por 13 minutos dentro d’água

Os seres humanos continuam a surpreender a ciência com sua capacidade de adaptação aos ambientes mais desafiadores do planeta. Apesar de muitos acreditarem que a evolução é algo que ocorreu apenas no passado distante, o exemplo do povo Bajau, também conhecido como “nômades do mar”, demonstra que a evolução continua a moldar o corpo humano até hoje.

Baseando-se nos princípios do evolucionismo de Charles Darwin, que destaca a capacidade das espécies de se adaptarem ao meio ambiente ao longo de várias gerações, o caso dos Bajau é uma prova viva de como o corpo humano pode se transformar para sobreviver em condições extremas.

Este grupo de pessoas desenvolveu uma habilidade extraordinária: conseguem prender a respiração por até 13 minutos e mergulhar a profundidades de 70 metros sem qualquer equipamento de apoio. Essa façanha não é apenas uma demonstração de resistência física, mas o resultado de gerações de adaptação biológica que os tornaram verdadeiros “super-humanos” no mundo subaquático.

Quem são o povo Bajau?

Dois pescadores Bajau em um barco de casco duplo típico, utilizado para a pesca e navegação nas águas claras do Sudeste Asiático. A imagem captura a conexão dos nômades do mar com o oceano, que é central para sua cultura e sobrevivência. Fairuz Othman, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons.

O povo Bajau é uma comunidade indígena do Sudeste Asiático, encontrados principalmente na Indonésia, Malásia e Filipinas. Eles vivem em casas flutuantes ou cabanas construídas sobre palafitas em águas rasas.

Por séculos, eles têm levado uma vida intimamente conectada ao mar, dependendo dele para alimentação, comércio e sustento. Sua rotina diária inclui mergulhos profundos para capturar peixes, moluscos e pepinos-do-mar, utilizando apenas arpões simples e o próprio corpo como ferramenta.

Essa profunda relação com o oceano explica por que o povo Bajau precisa passar tanto tempo debaixo d’água. A pesca em grandes profundidades permite acessar recursos que outras comunidades não conseguem explorar, garantindo a sobrevivência em áreas onde os recursos na superfície são limitados.

No entanto, o que diferencia os Bajau de outros pescadores não é apenas a habilidade de mergulhar, mas a capacidade de permanecer submersos em movimento por até 13 minutos, algo que desafia os limites do corpo humano.

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Prender a respiração parado já é difícil e requer grande controle físico e mental, mas fazer isso enquanto se movimenta ativamente em busca de alimento torna a tarefa quase impossível para a maioria das pessoas. No caso do povo Bajau, isso só é possível graças a uma incrível adaptação biológica que ocorreu ao longo de várias gerações: um baço maior do que o de outras populações.

A biologia por trás do mergulho dos Bajau

Ronnie Puckett from Near Atlanta, Ga USA, CC BY 2.0 , via Wikimedia Commons

O baço desempenha um papel fundamental na resposta do corpo humano durante a imersão. Quando mergulhamos, nosso corpo ativa o chamado “reflexo de imersão”, uma resposta fisiológica que reduz os batimentos cardíacos, redireciona o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais e faz com que o baço libere glóbulos vermelhos armazenados. Esses glóbulos extras ajudam a transportar mais oxigênio, permitindo que o corpo funcione por mais tempo sem respirar.

No caso dos Bajau, estudos genéticos revelaram que eles possuem baços significativamente maiores do que o de outras populações, devido a uma mutação no gene PDE10A, que regula o tamanho desse órgão.

Esse aumento no baço permite que eles armazenem e liberem mais glóbulos vermelhos durante o mergulho, garantindo um suprimento maior de oxigênio e prolongando o tempo que podem passar submersos.

Essas alterações biológicas são um exemplo claro de seleção natural em ação, como descrito por Darwin. Ao longo de centenas de anos, os indivíduos com baços maiores tiveram maior sucesso na pesca, sobrevivendo e transmitindo essa característica para seus descendentes.

Hoje, essa adaptação é uma marca distintiva do povo Bajau e um testemunho da capacidade humana de se adaptar ao ambiente de forma impressionante.

A evolução em ação e o desafio de viver no mar

Família Bajau navegando em barcos tradicionais ao entardecer, refletindo o estilo de vida nômade e sua profunda conexão com o mar. Fairuz Othman, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons.

A vida dos Bajau é um exemplo fascinante de como a interação entre genética e meio ambiente pode moldar as características físicas de uma população.

Embora os Bajau dependam do mar para sobreviver, eles também enfrentam os desafios que esse estilo de vida extremo impõe. O mergulho em profundidades tão grandes exerce enorme pressão sobre o corpo, e manter o controle da respiração enquanto se movimenta exige não apenas resistência física, mas também um treinamento rigoroso desde a infância.

Além das adaptações biológicas, o estilo de vida Bajau é moldado pela tradição. Desde pequenos, as crianças são treinadas para mergulhar e aprender a caçar no oceano. Esse treinamento constante, aliado às adaptações genéticas, faz dos Bajau verdadeiros “nômades do mar”, uma comunidade que continua a demonstrar como os seres humanos podem ultrapassar os limites da fisiologia.

No entanto, as mudanças ambientais e a modernização representam ameaças ao modo de vida tradicional dos Bajau. A pesca excessiva, a poluição dos oceanos e a pressão econômica estão tornando cada vez mais difícil para eles viverem de forma sustentável como fizeram por gerações.

Com informações de IFLScience.

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