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Por que a Microsoft tira jogos do Xbox Game Pass?

O Xbox Game Pass é um dos principais serviços da Microsoft que representam um grande valor aos seus assinantes. Através dele, o jogador não tem apenas acesso a algumas centenas de títulos, mas também conta com os lançamentos “Day One”, jogos em nuvem e diversos outros benefícios.

Com planos que vão de R$ 34,99 a R$ 59,99 mensais, a assinatura é uma das melhores opções custo-benefício de toda a indústria gamer. Através do Xbox Game Pass Ultimate, por exemplo, o usuário não precisa sequer ter um console para jogar: basta um smartphone, tablet, navegador de internet no PC/notebook ou uma Smart TV compatível para iniciar suas aventuras em poucos minutos.

No entanto, quem assina — mais cedo ou mais tarde — passa por um tipo bem específico de sofrimento: ver jogo favorito sendo removido do catálogo do serviço. É um evento muito chato, principalmente por impactar diretamente em parte daquilo que te motivou a assinar o Game Pass. 


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Mas afinal de contas, por que a Microsoft tira jogos do Xbox Game Pass? Pode ficar tranquilo que não é por ruindade ou sequer uma crueldade. Bem, tudo que entra e sai do serviço faz parte do formato do negócio, que explicaremos agora em detalhes. 

Imagem do Xbox Game Pass
Jogos entram e saem do Xbox Game Pass o tempo todo (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Vamos desmistificar todo o processo da remoção de jogos do Xbox Game Pass e trazer à tona como funciona seu sistema. 

Licenciamento no Xbox Game Pass

Ainda que o Xbox Game Pass tenha um vasto catálogo de jogos que pertencem à Microsoft e seus estúdios internos (343 Industries, Blizzard, Activision, Bethesda e outros), ele é composto em sua vasta maioria por títulos third-parties — feitos por companhias externas como a Square Enix, Capcom, Ubisoft, Electronic Arts e vários outros. Ou seja, a companhia não tem direito sobre eles.

Isso significa que games como GTA, EA Sports FC, Assassin’s Creed e diversos outros só estão na plataforma através de licenciamento. A companhia e esses estúdios fecham um contrato por um período determinado (que geralmente é de 12, 18 ou 24 meses) para disponibilizar esses jogos no catálogo do serviço para os assinantes. 

Sabendo disso, vamos supor que Monster Hunter Wilds entrará no Xbox Game Pass hoje. Para isso, a Microsoft e a Capcom teriam de assinar um contrato de licenciamento com um período específico para este título. Se for de 12 meses, por exemplo, o público gostando ou não, ele permanecerá disponível aos assinantes por um ano inteiro. 

Aí surge a questão “ué, eles não podem renovar?”. Claro que sim. Porém o processo de renovação carrega muitas variáveis: tem um fluxo de jogadores suficiente para a Microsoft manter o interesse? A produtora quer manter o jogo no Xbox Game Pass? Ou um novo título (seja da mesma franquia ou de outra, como Resident Evil, Mega Man etc.) poderia atrair mais assinantes? 

Imagem de Monster Hunter Wilds
Alguns jogos podem ter seu licenciamento renovado, mas depende de muitas variáveis (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Assim como nos games, esse mesmo formato é adotado e padronizado por diversas outras plataformas de streaming. Se você reparar bem, há um grande fluxo de séries e filmes entrando e saindo do catálogo da Netflix, Disney+, Prime Video e outros — justamente por este tipo de licenciamento.

Desta forma, perceba que a Microsoft não remove o título de seu catálogo por “maldade” ou por notar que você começou a jogá-lo recentemente. Todos os third-parties já entram com uma contagem regressiva, aguardando apenas o fim do contrato para serem removidos ou renovados — dependendo de cada jogo e da vontade de todos os envolvidos, como explicamos. 

Remoção de jogos do Xbox Game Pass

A decisão das produtoras exerce um grande papel dentro das ideias de manter ou não os jogos no Xbox Game Pass e outros serviços. Porém, o que motiva eles a não renovarem o licenciamento e verem o número de jogadores reduzir de forma expressiva? Todos sabem o sucesso que essas assinaturas trazem, já que contam com milhares de usuários. Só que, se pensar friamente, existem mesmo só desvantagens? 

Uma third-party pode remover o jogo do serviço para vendê-lo de forma tradicional na plataforma. Isso é intensificado por expansões que dão uma “nova vida” a determinados games. Pegue o exemplo do DLC Phantom Liberty em Cyberpunk 2077, Sunbreak em Monster Hunter Rise e vários outros que dão mais conteúdo e motivam o público a comprar para explorar estas novas histórias. 

Uma remoção também pode ser motivada quando a inclusão serviria apenas para impulsionar sequências. Por exemplo, GTA 5 retornou ao Xbox Game Pass justamente no ano em que a Rockstar promete trazer GTA 6. Assim, os fãs se empolgam com os novos jogos de determinada franquia e podem comprar ele no lançamento (ou próximo dele). Após a chegada, licenciar uma renovação se faz desnecessária aos planos. 

O mesmo vale para títulos cujo ciclo de vida chegou ao fim. De que adianta ter um jogo no Xbox Game Pass cujos servidores foram encerrados? Se ele tinha um apelo justamente para seu modo multiplayer, removê-lo é perfeitamente compreensível e geralmente não provoca muito alarde entre os jogadores. 

Imagem de Rocket Arena
Rocket Arena é um exemplo de jogo que teve seus servidores fechados (Imagem: Divulgação/EA)

É possível ver a remoção por inúmeros outros motivos. Às vezes, a produtora se interessa em abrir o seu próprio serviço por assinatura, como é o caso da Ubisoft+ e da EA Play. Desta forma, o negócio mais interessante para ela é não renovar os contratos de licenciamento com o serviço da Microsoft para investir na presença do título exclusivamente em sua plataforma. 

Deve ser levado em consideração que a Microsoft também traz uma estratégia para o seu catálogo. Ela pode notar que há uma quantidade de jogos que estão com acessos muito baixos e removê-los para enriquecer as experiências de determinados gêneros. Por exemplo, no início o serviço era bem fraco em relação a RPGs — o que gerou uma parceria com Square Enix e Atlus para cobrir essa ausência. 

Mesmo que isso não exija, necessariamente, que jogos sejam removidos do Xbox Game Pass, eles podem rodar diversas análises para verificar o desempenho dos títulos que estão presentes e aplicar mudanças que melhorem os números do serviço. Isso pode motivar a companhia a não renovar seu licenciamento e investir em outros jogos.

Como descobrir quando um jogo sairá do Game Pass

Para não dar sustos nem gerar revolta nos jogadores, a Microsoft sempre revela com antecedência quando um jogo será removido do Xbox Game Pass. Geralmente isso ocorre duas semanas antes de sua saída do serviço, então há alguns modos que podem te auxiliar a saber exatamente quando eles deixarão o catálogo.

Você pode verificar estas informações das seguintes formas:

  • Seção “Saindo em Breve” (Leaving Soon) no aplicativo Xbox e Game Pass (tanto no PC quanto no console)
  • Notificações que são enviadas através do próprio app no PC ou console
  • Postagens no blog oficial da Microsoft, o Xbox Wire
  • Sites de notícias, como o CTUP no Canaltech 

Como existe este aviso prévio, você pode se adiantar para encerrar a aventura antes de sua remoção ou até se preparar para comprar o game — em casos onde não é possível terminar a experiência a tempo ou quando há um grande apelo para o multiplayer online. 

Acompanhando com frequência o calendário de novidades e remoções, ao menos se assustar com uma “saída surpresa” você não vai. 

E agora? Meu jogo saiu do Xbox Game Pass

Após o jogo ser removido do Xbox Game Pass, você não pode mais acessá-lo através do aplicativo. Não se preocupe, os dados salvos continuam intactos (estejam eles na nuvem ou localmente), e se ele for disponibilizado novamente no serviço ou você comprar o game, poderá continuar exatamente do ponto em que parou.

Imagem do Xbox
O jogador não perde seus dados salvos no seu Xbox (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Para ajudar o público, geralmente os jogos que serão removidos da assinatura da Microsoft recebem um desconto (antes de sua remoção) para quem deseja comprá-los à parte. Ele costuma ser de 20%, o que é uma grande vantagem para o seu bolso. Desta forma, não dependerá do serviço para acessá-lo, já que ele permanecerá em sua biblioteca.

Essa redução do seu valor faz parte da iniciativa que visa o custo-benefício, que facilita o caminho dos jogadores para terem acesso aos games que são removidos. Se você gostou muito de determinada experiência e quer continuar seguindo nela, pode comprar com um preço mais acessível. 

Vale a pena assinar o Game Pass?

Ainda que diversos jogos entrem e saiam do Xbox Game Pass, o serviço ainda possui um dos maiores custos-benefícios para os assinantes. Quando comparado à concorrência (PS Plus e Nintendo Switch Online), ele é o único que permite acesso a planos que têm lançamentos “Day One” e o Xbox Cloud Gaming, com jogos na nuvem para diversos tipos de dispositivos. 

Sua vasta biblioteca também é um dos maiores pontos fortes, com mais de 500 jogos. Além dos títulos próprios dos estúdios da Microsoft, ele também traz inúmeros sucessos de outras produtoras — o que reforça bastante a sua relevância e presença de mercado. Essa rotatividade pode ser um ponto negativo, mas é compensada pela entrada de mais games que podem se tornar o seu favorito.

Se você busca valores, vamos colocar eles na mesa. A assinatura se divide em três categorias: Xbox Game Pass Core, Standard e Ultimate. Nos computadores, você tem acesso ao PC Game Pass e ao Ultimate — que funciona da mesma forma em ambas as plataformas. 

Planos do Xbox Game Pass
Valor mensal
Xbox Game Pass Core R$ 34,99
Xbox Game Pass Standard R$ 44,99
Xbox Game Pass Ultimate R$ 59,99
PC Game Pass R$ 35,99

Todas as assinaturas dão acesso ao multiplayer online. No plano Core, o usuário tem uma lista bem limitada de jogos para acessar. No Standard, ela se amplia para mais de 500 dos mais variados gêneros e estilos. O Ultimate permite que jogue os grandes lançamentos “Day One” e os jogos em nuvem (tanto do próprio serviço quanto alguns que você já adquiriu). 

Como pode se notar, o plano mais caro é o Ultimate, vendido por R$ 59,99 mensais. Através dele, você tem todas as vantagens que a Microsoft oferece aos assinantes. Por ano, você pagaria R$ 719,88 para ter uma biblioteca que recebe lançamentos “Day One” e um catálogo rotativo. 

Levando em consideração que os lançamentos “Day One” hoje custam entre R$ 300 e R$ 350 fora do serviço, esse valor claramente cobriria o valor que seria gasto com dois deles no máximo. Ou seja, pelo preço que você paga na assinatura, terá acesso a eles e muitos outros — isso sem falar do catálogo — com um dinheiro que seria gasto apenas nestas experiências. 

Em termos financeiros, uma mensalidade da assinatura do Game Pass Ultimate corresponde a 3,94% do salário mínimo vigente (R$ 1.518) e equivale a 17,11% do preço que os jogos atualmente são vendidos, em média R$ 350.

Imagem do Xbox
A assinatura do Game Pass sai muito mais barato que comprar os jogos separadamente (Imagem: Canaltech)

Claro, a remoção de jogos do serviço é um ponto bem chato e que pode desmotivar os assinantes a mantê-la. Porém, nota-se que há muitas vantagens ao público em comparação a este fator negativo. Inclusive, como mostramos, o usuário pode comprar o título com desconto através do Xbox Game Pass. Ou seja, de qualquer modo, você sai ganhando com esta iniciativa. 

Jogo das assinaturas

Em conclusão, podemos considerar que as remoções são comuns e não fazem parte de uma ação maldosa da Microsoft contra os jogadores. Por mais que seja um aspecto ruim, ele é compensado de várias outras formas — mesmo ao assinar o plano mais básico do Xbox Game Pass. 

Elas ocorrem por causa dos contratos de licenciamento temporário, um modelo de negócios que está presente em diversas plataformas de jogos e de outras mídias (como a Netflix, Disney+ e Prime Video). Compreender como esse sistema age pode ajudar a gerenciar melhor suas expectativas e não ser pego de surpresa com saídas “repentinas”. 

Inclusive, permitem que os usuários se preparem: o aviso prévio dá a oportunidade dos jogadores correrem para finalizar a experiência o quanto antes ou até preparar melhor a carteira, com a possibilidade de comprar esses games separadamente e com desconto. Com todas estas ferramentas, através de um preço considerado baixo, você só tem a ganhar em quantidade e qualidade com as adições.

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