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Poluição de foguetes e satélites pode causar outra emergência climática?

A quantidade de foguetes lançados e de satélites queimando na atmosfera da Terra cresce diariamente. Especialistas alertam que as partículas destes objetos podem causar a próxima emergência ambiental em nosso planeta — e querem descobrir como evitá-la antes que aconteça. 

Clique e siga o Canaltech no WhatsApp Lixo espacial: o que é esse perigo na órbita da Terra? Lixo espacial de 2,6 toneladas vai reentrar na atmosfera da Terra

Segundo a base de dados Statista, o número de foguetes lançados a cada ano quase triplicou; já o número de satélites na órbita da Terra cresceu 10 vezes. Enquanto isso, a quantidade de lixo espacial (composto principalmente de satélites aposentados e estágios de foguetes) caindo de volta ao nosso planeta dobrou na última década. 

Em paralelo, a União Internacional de Telecomunicações recebeu solicitações para o lançamento de um milhão de satélites. Claro, nem todos eles realmente vão ao espaço, mas especialistas alertam que, até o fim da década, a órbita da Terra pode acumular cerca de 100 mil espaçonaves; a maioria delas vai ser composta por satélites de telecomunicações, como os Starlink, da SpaceX. 


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A quantidade de foguetes lançados nos últimos anos triplicou (Imagem: Reprodução/SpaceX)

Se o crescimento continuar, é provável que haja mais de 3.300 toneladas de lixo espacial queimando na órbita da Terra até o fim desta década. É aqui que está o problema: quando os estágios de foguetes e satélites realizam reentradas, eles injetam compostos poluentes na atmosfera. 

As emissões liberadas por aeronaves são retidas pela troposfera, mas os foguetes liberam os compostos por todo o caminho que percorrem na coluna atmosférica. Segundo Sebastian Eastham, pesquisador de sustentabilidade aeroespacial no Imperial College de Londres, a poluição causada pelos foguetes pode ser descrita como um “território não testado”. 

Poluição da exploração espacial

“Nossa compreensão das consequências de uma emissão cai conforme você se afasta da superfície”, disse ele em entrevista ao Space.com. Quanto maior a altitude das partículas de poluição, mais tempo elas permanecem a atmosfera, ganhando também mais tempo para causar danos. E, afinal, quantos problemas estas partículas a altas altitudes podem causar? Para Eastham, ninguém sabe

Além disso, as cinzas deixadas por satélites que reentraram na atmosfera e foram queimados também se acumulam a grandes altitudes. Minkwan Kim, professor associado de astronáutica da Universidade de Southampton, alerta que estas partículas podem permanecer na atmosfera por longos períodos

Imagem capturada durante a reentrada do satélite europeu Aeolus (Imagem: Reprodução/Fraunhofer FHR)

“Se colocarmos as pequenas partículas em uma altitude muito alta, elas vão ficar lá por muito tempo. Provavelmente 100, 200 anos”, explicou ele ao Space.com. O problema poderia ser contornado com reentradas controladas, que permitiriam que os satélites fossem queimados a altitudes bem menores. “Se queimarmos em baixa altitude, como 20, 30 km, esse óxido metálico gerado vai acabar caindo no solo”, disse ele.

Muito dos efeitos causados na atmosfera pelos voos dos foguetes e pelas partículas deixadas por satélites ainda são desconhecidos. Por isso, Kim alerta que não há tempo a perder. “Se não tomarmos nenhuma medida agora ou nos próximos cinco anos, pode ser tarde demais”, ressaltou. “Começar mais cedo pode significar uma chance melhor de evitar problemas graves, assim como aconteceu com as emissões de CO2 e o aquecimento global”, finalizou ele. 

Leia a matéria no Canaltech.

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