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Poesias desconstruídas nas esculturas de Barbara Wildenboer

Livros costumam carregar certo simbolismo: são vistos como depósitos de conhecimento, ideias e digestões intelectuais, além de serem uma viagem no tempo para conhecer a história e diferentes perspectivas de pessoas.

Mas também existe algo paradoxal nisso: quanto mais aprendemos, mais percebemos o quanto ainda ignoramos.

Esse abismo entre o conhecido e o desconhecido é justamente o ponto de partida para as esculturas surpreendentes de Barbara Wildenboer.

Diretamente da Cidade do Cabo, a artista transforma livros de segunda mão em composições que desafiam a nossa relação com o saber.

Com um olhar afiado para a linguagem e os sistemas de escrita, Wildenboer recorta, desconstrói e reconstrói páginas de obras que percorrem temas como filosofia, arte, música, biologia e arqueologia.

O resultado são esculturas hipnotizantes, que evocam tanto a complexidade do pensamento humano quanto a fragilidade do que consideramos como “concreto”.

Com um bisturi e uma tesoura, Wildenboer transforma páginas densas em delicados filamentos que se expandem a partir da espinha do livro.

A simetria de suas criações lembra formas encontradas na natureza: os hemisférios cerebrais conectados pelo corpo caloso, a envergadura de uma mariposa ou as manchas simétricas de um teste de Rorschach.

Ao desfigurar as palavras até torná-las irreconhecíveis, a artista rompe com a linearidade dos textos e os reconfigura em símbolos novos, criando uma espécie de linguagem visual.

O que antes era um livro, agora é uma experiência visual e tátil, onde o significado escapa das páginas e ganha novas camadas de interpretação.

O trabalho de Barbara Wildenboer provoca uma reflexão: o conhecimento é estático ou mutável? Até onde podemos confiar na permanência das palavras?

Suas esculturas parecem sugerir que o saber, assim como a própria linguagem, está sempre em movimento, sujeito a novas leituras, cortes e reconstruções.

Se você quiser ver mais do trabalho da artista, suas obras estão disponíveis em seu site e no Instagram.

E quem sabe, da próxima vez que abrir um livro, você também não comece a enxergá-lo como uma peça de arte em potencial?

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