Parker Solar: por que a NASA fez uma espaçonave “tocar” o Sol?
Foi em 27 de dezembro que as equipes de operações da sonda Parker Solar, da NASA, confirmaram que a espaçonave sobreviveu à aproximação do nosso astro no dia 24. Durante a visita, a Parker Solar atravessou a atmosfera do Sol a mais de 600 mil km/h, quebrando recordes e encarando temperaturas altíssimas. Esta foi a primeira passagem de muitas àquela distância, necessária para a coleta de dados científicos sem precedentes.
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O momento foi aguardado pelos cientistas com grande expectativa, e não foi sem motivo. “Voar tão perto assim do Sol é um momento histórico para a primeira missão da humanidade a uma estrela”, comentou Nicky Fox, líder da diretoria de missões científicas da NASA. E, para isso, a Parker Solar precisou se preparar durante seis anos.
Lançada em 2018, a espaçonave realizou sete sobrevoos por Vênus para ajustar sua órbita e se aproximar do Sol gradualmente. De pouco a pouco, sua órbita ficou mais oval, deixando-a à distância ideal do Sol a cada três meses: ela ficou perto o suficiente para estudar os processos do nosso astro, e longe na medida ideal para não ser danificada pelo calor e radiação do Sol.
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Para isso, a Parker conta com um escudo de calor, que a protege do calor extremo da coroa solar. As temperaturas ali alcançam facilmente 1 milhão de graus Celsius, e seu escudo foi desenhado para suportar temperaturas de 1.400 ºC, altas o suficiente para derreter ferro. E, ao atravessar a coroa solar, a sonda pode coletar dados que ajudem os cientistas a entenderem o que faz esta região ser tão quente, a investigarem a origem do vento solar e descobrirem o mecanismo que acelera as partículas do Sol a metade da velocidade da luz.
Kelly Korreck, cientista de programa na NASA, comentou que os dados da sonda já revolucionaram a compreensão do Sol: em 2021, por exemplo, a espaçonave atravessou a atmosfera solar e mostrou que a parte externa da coroa é repleta de picos e vales, ou seja, tem estrutura diferente do que se pensava. Além disso, ela também revelou a localização de estruturas na fotosfera, a superfície visível do Sol.
Desde sua passagem inicial por nosso astro, a sonda vem passando mais tempo no interior da coroa solar — é ali que ocorre a maioria dos processos físicos solares. “Agora entendemos o vento solar e sua aceleração para longe do Sol”, comentou Adam Szabo, cientista de missão da Parker. “Esta aproximação vai nos dar mais dados para entender como é acelerado conforme a distância”, finalizou.
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