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O segredo da regeneração neural pode estar no oceano

Cientistas da UFRJ descobriram que a chave para regenerar o cérebro pode estar no fundo do mar. Estudando ascídias, pequenos organismos marinhos, eles identificaram um mecanismo de neurorregeneração sem cicatrizes — algo que poderia revolucionar o tratamento de doenças como Alzheimer e parkinson.

Essa descoberta vem do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem), em Macaé, onde pesquisadores analisam como as ascídias conseguem regenerar seu sistema nervoso sem formar cicatrizes. Esses pequenos organismos, parentes próximos dos vertebrados, possuem células semelhantes aos astrócitos humanos, fundamentais para o funcionamento cerebral.

Liderada pela pesquisadora Cíntia Monteiro de Barros, a equipe busca identificar os fatores que permitem essa regeneração eficiente. Diferente do que acontece no cérebro humano, onde a formação de cicatrizes gliais impede a recuperação completa, as ascídias conseguem restaurar suas funções nervosas sem barreiras.

A pesquisa, publicada na revista científica Glia, abre novas possibilidades para a medicina regenerativa, aproximando a ciência de tratamentos inovadores que podem transformar a vida de milhões de pessoas.

As batatas do mar e seu segredo para regenerar o cérebro

Apesar de pouco conhecidas no Brasil, as ascídias podem esconder um dos maiores segredos da medicina regenerativa. Também chamadas de “batatas do mar” ou “seringas do mar”, esses pequenos organismos marinhos costumam ficar grudados em embarcações, píeres e rochas costeiras. Quando pressionados, espirram água, o que lhes rendeu o apelido peculiar.

Em países como Chile e Japão, são até consumidos como iguaria, mas, para a ciência, seu verdadeiro valor está em sua incrível capacidade de regeneração.

Inspiração no oceano: Ascídias revelam pistas para a regeneração do sistema nervoso (Imagem: Gerald Robert Fischer/Shutterstock)

Esses animais filtradores exercem um papel fundamental no equilíbrio dos oceanos, ajudando a purificar a água ao se alimentarem de partículas em suspensão. No entanto, o que realmente chamou a atenção dos cientistas foi sua habilidade de reconstruir completamente seu sistema nervoso sem deixar cicatrizes.

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Enquanto no cérebro humano as células formam barreiras que impedem a recuperação total, as ascídias ativam um mecanismo que permite a regeneração plena. Se a ciência conseguir desvendar esse processo e aplicá-lo em humanos, o tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson pode dar um salto revolucionário.

Do fundo do mar para o futuro da medicina

Além da impressionante capacidade de regeneração, as ascídias já vêm sendo estudadas por seu potencial no combate ao câncer. Substâncias extraídas desses organismos, como a trabectedina e a aplidina, demonstraram eficácia contra diversos tipos de tumores.

Pesquisa busca novas terapias para Parkinson e Alzheimer com base na regeneração neural (Imagem: Anusorn Nakdee/Shutterstock)

Agora, os cientistas voltam a atenção para um novo alvo: doenças neurodegenerativas. A molécula dermatan sulfato, extraída das vísceras da ascídia Phallusia nigra, demonstrou efeitos promissores no tratamento de Parkinson e Alzheimer. Esse carboidrato complexo já existe no cérebro humano, mas em quantidades reduzidas e em regiões específicas, onde novos neurônios são formados.

Embora ainda em fase inicial, a pesquisa abre um novo horizonte para a neurociência. Se os cientistas conseguirem desvendar como essa molécula age e replicar seus efeitos no cérebro humano, o futuro do tratamento para doenças que hoje não têm cura pode estar escondido nas profundezas do oceano.

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