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O que aconteceria com seu corpo se você viajasse à velocidade da luz?

De acordo com a Teoria da Relatividade Especial, nada no universo pode se mover mais rápido que a velocidade da luz, de bem estabelecidos 299.792.458 m/s. Considere este como um limite de velocidade cósmico. Agora, façamos um exercício de imaginação: se você pudesse viajar à velocidade da luz ou perto dela, o que iria acontecer com seu corpo? 

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Eis como viajar mais rápido que a luz sem violar as leis da física atual  Quanto tempo levaria para “dirigir” até a borda do universo?

Antes de continuar, vamos começar com alguns fatos: os quase 300 mil km/s se referem à velocidade da luz no vácuo, onde se mantém constante. Se a luz atravessar algum meio, sua velocidade muda — na água, por exemplo, ela passa a ter velocidade de 225 mil km/s. 

A velocidade da luz é como um limite de velocidade cósmico (Imagem: Reprodução/Pixabay)

“É a velocidade à que as coisas sem massa viajam”, explicou Gerd Kortemeyer, professor associado da Universidade Michigan State, ao PopSci. Isso significa que o que tem massa não pode chegar a esta velocidade, e tudo que não tiver massa também precisa respeitá-la. “Costuma ser chamada de limite de velocidade cósmico porque nada vai mais rápido que isso”, acrescentou. 


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Por isso, a velocidade da luz é orgulhosamente considerada uma das constantes mais fundamentais da natureza. Em 1905, Einstein apresentou sua Teoria da Relatividade Especial, que descrevia o espaço-tempo como um tecido universal e unificado conectado por uma constante “c”, que descreve a relação entre energia e matéria. Os cálculos do físico mostraram que “c” tinha valor igual ao da velocidade da luz. E eis que chegamos à equação E = mc²

Podemos dizer que, segundo a Relatividade Especial, a velocidade da luz não muda, mas o tempo (que é a quarta dimensão), sim, em relação ao movimento dos objetos. Outra forma de colocar isso é que o tempo para um objeto em movimento é diferente daquele para aquele que estiver em repouso. 

A Relatividade Geral descreve os efeitos da gravidade no espaço-tempo (Imagem: Observatories of The Carnegie Institution for Science)

Como não alcançamos velocidades tão altas na Terra, estas diferenças temporais são imperceptíveis. Mas se chegássemos a uma velocidade parecida com a da luz, aconteceriam alguns efeitos interessantes. Vamos explorá-los. 

Como seria chegar perto da velocidade da luz? 

Obviamente, ninguém nunca viajou à velocidade da luz ou a algo próximo dela. Para descobrir como seria a experiência, Kortemeyer e seus colegas criaram uma simulação em 2012 para representar os efeitos relativísticos de se mover quase à velocidade da luz. Na simulação, a luz se move bem mais devagar do que no mundo real. 

 

Agora, voltemos ao nosso universo. Se você decidisse ir nesta jornada veria que, conforme você se aproximasse da velocidade da luz, os objetos pareceriam mais azulados enquanto se aproxima deles; caso se afastasse, ficariam mais avermelhados. Trata-se do Efeito Doppler — o processo é parecido com o que acontece quando uma ambulância passa por você com a sirene ligada e se afasta, fazendo com que o som pareça mais baixo. 

Se você continuasse acelerando em direção a um objeto, o veria como se estivesse iluminado por um holofote. Kortemeyer explicou que é como o que acontece ao correr na chuva: conforme você corre, mais gotas atingem a frente do seu corpo e você fica encharcado mais rapidamente. No caso da nossa viagem cósmica, os fótons seriam as gotinhas, e mais deles atingiriam seus olhos. 

Viajar à velocidade da luz ou perto dela causaria alguns efeitos curiosos (Imagem: Jaime Orejuela/Pixabay)

Enquanto isso, existiriam também os efeitos da dilatação temporal. Como o espaço-tempo se distorce para acomodar a luz e sua velocidade constante, você iria envelhecer mais devagar que qualquer pessoa na Terra. Digamos que você passasse dois minutos viajando a 299.792.450 m/s, ou seja, estaria um pouco abaixo da velocidade da luz. Parece pouco? Pois saiba que os dois minutos seriam equivalentes a seis dias em nosso planeta

Seu corpo na velocidade da luz 

Neste momento, você está viajando ao redor do Sol a incríveis 107,8 mil km/h, velocidade que passa despercebida porque é constante — o que é ótimo, pois acelerar até chegar à velocidade da luz estando na Terra seria bem desagradável. “Você não pode só decolar e chegar à velocidade da luz. Você seria esmagado”, disse Kortemeyer.

Como a Terra orbita o Sol em velocidade constante, não percebemos seu movimento (Imagem: Goinyk/Envato)

Nosso corpo se adaptou para sobreviver à gravidade da Terra, de apenas 1 g. A maior parte das pessoas consegue aguentar 6 g durante alguns minutos, mas se o tempo ou a intensidade forem maiores, os efeitos seriam fatais. 

Os cálculos de Kortemeyer mostraram que iria demorar um ano para uma pessoa acelerar até a velocidade da luz sem ultrapassar os 3g. O problema é que não sabemos o que este nível de aceleração causaria no nosso corpo, afinal, ele estaria muito acima do que somos capazes de suportar. Portanto, esta aceleração iria colocar em jogo tanto os limites da física quanto os do nosso corpo. 

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Leia a matéria no Canaltech.

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