O plano de Trump para fazer o carvão entrar na moda novamente
Os Estados Unidos podem experimentar, nos próximos meses, uma das maiores guinadas da história no setor energético. O presidente Donald Trump emitiu, na última semana, uma série de ordens executivas em prol da reativação e do incentivo às usinas de carvão do país.
Essa política contrasta frontalmente com o que vinha acontecendo na gestão anterior de Joe Biden. Enquanto o democrata se comprometeu a aposentar essa fonte de energia (durante a COP 28), o republicano começou a revogar essas decisões, assinando em seu lugar uma série de decretos para impulsionar o minério.
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Entre as ações, Trump derrubou todas as ordens federais que, segundo ele, “discriminam” a produção de carvão. Ele também determinou que o Departamento de Energia usasse poderes emergenciais para manter as usinas a carvão deficitárias em operação. Ele deve salvar ainda algumas dessas usinas que seriam desativadas.
O presidente americano afirma que tudo isso é necessário para evitar cortes de energia. A demanda por energia, de fato, vem aumentando bastante no mundo todo.
O treinamento e o desenvolvimento de Inteligências Artificiais, de carros elétricos e até mesmo a mineração de criptomoedas levaram nossa infraestrutura energética ao limite.
Especialistas, no entanto, garantem que o “renascimento” do carvão não é o melhor caminho. Nem financeiramente, nem ecologicamente.

Um pouco de história
- Essa fonte de energia começou a ser utilizada em larga escala durante a Revolução Industrial, ou seja, no século XVIII, há cerca de 300 anos.
- Durante muito tempo, o carvão foi a principal fonte de energia do mundo, uma vez que ele é abundante em praticamente todos os continentes.
- O problema é que a queima desse combustível é extremamente prejudicial para os seres humanos e a natureza em geral.
- O carvão libera mais dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa, do que qualquer outro combustível fóssil.
- Ele também emite poluentes que são responsáveis por doenças pulmonares e cardíacas.
- O histórico “Grande Nevoeiro de Londres” e a situação atual em alguns locais da Índia ajudam a explicar como esse minério pode ser nocivo para nós.
- Hoje, o carvão ainda é um das principais fontes de energia do planeta.
- A Agência Internacional de Energia (IEA), porém, prevê uma redução no consumo global a partir de 2026.
- Trump deseja reverter esse quadro – o que não deve acontecer, segundo especialistas ouvidos pelo jornal The New York Times.

Especialistas contra o carvão
Dan Reicher, secretário assistente de energia do governo Clinton e ex-diretor de clima e energia do Google, explicou ao Times que há uma série de fatores que tornam essa reversão extremamente difícil.
Sim, alguns estados americanos, como a Virginia e o Kentucky, ainda dependem bastante dessa fonte de energia (por estarem historicamente ligados a ela). No país todo, porém, o carvão perdeu espaço.
O minério já chegou a ser responsável por mais da metade da geração de energia dos EUA. Hoje, no entanto, ele responde apenas por 17% (e vem numa tendência de queda).
De acordo com a Administração de Informação de Energia, quem tomou o seu lugar foi o gás natural, que responde por 38% atualmente. O gás natural também é um combustível fóssil, mas que polui muito menos do que o carvão.
O país também experimenta um boom de fontes renováveis, graças às políticas de incentivo de Joe Biden. Usinas eólicas, hidrelétricas e solares já respondem por 25% da geração de energia no território. Outros 20% vêm de usinas nucleares.

Na ponta do lápis
Os defensores do carvão argumentam que ainda há espaço para essa fonte energética. A maioria dos especialistas, porém, já decreta o fim dessa era.
Explicam que a energia produzida pelas usinas a carvão normalmente não consegue competir com alternativas mais baratas e limpas. E muitas dessas usinas são muito antigas e precisariam de modernizações extensas e caras para continuar funcionando.
Ou seja, estamos falando em contas de luz mais caras, mais gastos com reformas, maior risco de falhas e mais problemas de saúde. Sem contar o fator ambiental.
É claro que uma canetada do presidente é extremamente poderosa. Em última instância, no entanto, a decisão pertence aos estados e às concessionárias de serviços públicos. A Califórnia, o maior estado em população, por exemplo, praticamente já aboliu o uso do carvão. E esse parece ser um (bom) caminho sem volta. Com ou sem Trump.
As informações são do jornal The New York Times.
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