O futuro do Hubble | Telescópio faz 35 anos em meio a rumores de aposentadoria
Da descoberta da atmosfera de exoplanetas até a confirmação da existência de buracos negros supermassivos no centro das galáxias. Essas foram apenas duas das diversas contribuições do Telescópio Espacial Hubble, lançado ao espaço em 24 de abril de 1990, e que completou 35 anos na última quarta-feira (24).
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Com mais de três décadas de serviços espaciais prestados e registros de grande significância para a ciência, o instrumento da NASA enfrenta, agora, rumores sobre sua aposentadoria. Idade avançada, presença do James Webb e cortes de gastos para pesquisas são pontos discutidos acerca do telescópio.
Missões de manutenção
Astronautas precisaram fazer visitas técnicas ao Hubble em cinco oportunidades desde o seu lançamento. Problemas no espelho primário, falhas em giroscópios e complicações na detecção de espectro ultravioleta foram alguns dos fatores que levaram os cientistas à órbita da Terra para fazer reparos.
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Com o tempo, a tendência é de que o instrumento espacial necessite de mais ajustes, assim como de algumas atualizações. Em 2024, cientistas melhoraram seu sistema, fazendo com que ele precise, agora, de apenas um giroscópio funcional para estar ativo.
Fatores que independem do Hubble e que podem causar o seu fim também estão no horizonte dos astrônomos, como é o caso do arrasto atmosférico que puxa o telescópio em direção à Terra. Estima-se que o instrumento queime ao entrar na atmosfera terrestre, o que deve acontecer por volta dos anos 2030.
James Webb como concorrente?

A resposta é não. Para os pesquisadores, o Hubble e o James Webb são complementares. De acordo com Kurt Retherford, cientista do Southwest Research Institute, no Texas (EUA), esses telescópios usam o espectro eletromagnético de maneira diferente para observar o universo.
“O Hubble é diferente do James Webb (JWST) por ser excelente em capturar imagens tanto da luz visível que vemos com nossos olhos, quanto da luz em comprimentos de onda ultravioleta (UV), ainda mais curtos e energéticos do que a luz que nos causa queimaduras solares”, disse o cientista em entrevista ao Space.com.
“O JWST, por outro lado, é otimizado para detectar luz infravermelha, mesmo em temperaturas térmicas ainda mais avermelhadas do que as usadas por óculos de visão noturna. Ambos são grandes telescópios, mas são muito diferentes nesses aspectos”, complementou.
O uso dos dois instrumentos para observações espaciais é especialmente importante para estudar fenômenos que mudam o comprimento de onda ao longo do tempo, o que pode acontecer com planetas e luas encontradas no sistema solar.
Ameaça por cortes de gastos
Em uma sessão pública da Sociedade Astronômica Americana, realizada em janeiro deste ano em Maryland, a NASA orientou o Instituto de Ciência do Telescópio Espacial a pautar suas ações para o Hubble entre 2026 e 2028 com base em um orçamento anual de até US$ 87,8 milhões. As informações foram divulgadas pelo SpaceNews, e dão conta de que esse valor representaria um corte de mais de 20% nos custos da sua operação.
O site de notícias destaca ainda que Julia Roman-Duval, chefe interina do Escritório da Missão do Telescópio Hubble, teria dito durante a reunião que os custos relacionados ao instrumento já vêm sendo cortados em 2025. Tal redução ocorre na divulgação do telescópio nas redes sociais, por exemplo, e tem o intuito de não afetar suas pesquisas científicas.
Documentos obtidos pelo portal Ars Technica apontam também que uma proposta orçamentária preliminar enviada pelo governo de Donald Trump prevê cortes de até 50% em importantes setores da NASA. Astrofísica, heliofísica e ciência planetária são áreas que seriam significativamente afetadas pela redução do orçamento.
Aos 35 anos de idade, o Hubble segue contribuindo tecnicamente para os estudos astronômicos. Mas é necessário analisar como fatores naturais e econômicos podem colocar em cheque a longevidade de um telescópio que já marcou seu nome na história da ciência.
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