Meta e Amazon encerram programas de diversidade, igualdade e inclusão (DEI)
Duas das maiores empresas de tecnologia do mundo, Meta e Amazon, anunciaram recentemente mudanças significativas em suas abordagens para programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).
As alterações, que incluem o encerramento de iniciativas voltadas para representatividade e inclusão, foram justificadas por ambas as empresas como uma resposta a novos desafios legais e sociais nos Estados Unidos, principalmente após a posse do presidente Donald Trump.
Zuckerberg anuncia mudança brusca
A Meta decidiu encerrar imediatamente seus programas de diversidade, equidade e inclusão, conforme um memorando interno divulgado recentemente. Janelle Gale, vice-presidente de recursos humanos da empresa, explicou que a decisão foi influenciada pelo “cenário legal e político em evolução” nos Estados Unidos.
Entre as mudanças anunciadas, estão a extinção de metas de representatividade para mulheres e minorias étnicas, assim como o fim de programas voltados para a contratação de empresas de propriedade diversa. Segundo Gale, essas iniciativas poderiam passar a impressão de que decisões são tomadas com base em raça ou gênero, o que, de acordo com ela, pode ser interpretado de forma negativa.
Em uma recente entrevista no podcast Joe Rogan Experience, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, gerou polêmica ao compartilhar sua visão sobre a influência da “energia masculina” na sociedade e nas corporações. Para o executivo, a cultura corporativa tem se tornado “neutra demais”, afastando-se de características que ele considera benéficas, como a agressividade e a competitividade, atributos que associou ao conceito de masculinidade.
Energia masculina, eu acho que é boa, e obviamente a sociedade tem bastante disso, mas acho que a cultura corporativa estava realmente tentando se afastar disso
Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta
Ele também mencionou como práticas de combate, como MMA e Jiu-Jítsu, que ele mesmo pratica, podem trazer lições importantes sobre confiança e controle, inclusive no ambiente de trabalho. “Saber que posso matar uma pessoa” foi uma expressão usada para ilustrar o impacto positivo que a autoconfiança pode ter na forma como indivíduos gerenciam desafios.
As mudanças fazem parte de um contexto mais amplo, onde a Meta tem ajustado suas políticas para se alinhar a um ambiente político em transformação. A empresa já havia anunciado, por exemplo, o fim de seu programa de checagem de fatos, introduzido em 2016, alegando viés político na execução da iniciativa.
Encerramento do programa de checagem de fatos: o que muda nas plataformas
A Meta também anunciou o fim de seu programa de checagem de fatos, uma iniciativa introduzida em 2016 para combater a disseminação de desinformação no Facebook, Instagram e Threads.
A decisão, segundo o CEO Mark Zuckerberg, foi tomada porque os moderadores independentes responsáveis por essa função eram considerados “politicamente tendenciosos”, o que teria prejudicado a confiança na plataforma.
O programa funcionava em parceria com organizações externas, que identificavam postagens potencialmente falsas e sinalizavam para a Meta.
As mudanças anunciadas pela Meta incluem:
Fim da parceria com checadores de fatos externos:
A Meta não contará mais com organizações independentes para auxiliar na moderação de conteúdo, reduzindo a governança plural e transparente anteriormente existente.
Prioridade para violações legais e graves:
Os filtros de verificação passarão a focar em casos de alta gravidade, como crimes ou violações legais. Postagens de menor impacto dependerão de denúncias feitas pelos usuários para serem analisadas.
Correções feitas por usuários:
Os usuários poderão adicionar complementos ou correções aos conteúdos publicados, em um modelo semelhante às “notas da comunidade” do X (antigo Twitter).
Centralização da moderação:
A equipe de confiança e segurança será realocada da Califórnia para o Texas, o que marca uma reestruturação interna nas operações de moderação da Meta.
Recomendações políticas de volta:
Facebook e Instagram voltarão a recomendar conteúdos de política em maior volume, algo que havia sido reduzido em anos anteriores.
Amazon redefine inclusão com foco em “nascido inclusivo”
Seguindo uma tendência semelhante, a Amazon também anunciou que está encerrando programas de DEI que considera “ultrapassados”.
De acordo com Candi Castleberry, vice-presidente de experiências inclusivas e tecnologia da empresa, a mudança visa integrar a inclusão diretamente em processos existentes, em vez de depender de iniciativas separadas.
A Amazon afirmou que essas mudanças fazem parte de um esforço para criar programas mais duradouros e inclusivos para todos os funcionários, sem focar em grupos específicos. A transição, segundo Castleberry, deve ser concluída até o final de 2024.
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Impacto das mudanças em diversos setores
No setor de jogos, a Microsoft também tomou medidas semelhantes. Em julho de 2024, a empresa fechou uma de suas principais equipes de DEI, resultando na demissão de vários funcionários.
As ações de retorno são amplas e várias empresas estão reavaliando ou descontinuando suas iniciativas de DEI. Empresas como Walmart, Toyota e Ford também anunciaram reduções significativas em seus programas de diversidade, muitas vezes em resposta a pressões políticas e legais.
É importante notar que essas mudanças ocorrem em um contexto político específico, com a administração Trump sinalizando oposição a políticas de ação afirmativa e programas de diversidade. A decisão da Suprema Corte dos EUA de restringir ações afirmativas em admissões universitárias também influenciou as empresas a reavaliar suas políticas de DEI.
Resta saber como essas mudanças serão recebidas pelo público e como impactarão os produtos e serviços que essas empresas produzem.
Fonte: Ars Technica, G1, The Verge