Indústria de consoles e portáteis retrô é ameaçada por tarifas dos EUA
A Anbernic, famosa fabricante de portáteis retrô, afirmou que está suspendendo todos os pedidos de dispositivos que seriam enviados da China para os Estados Unidos. A razão são as tarifas de 145% que passarão a ser cobradas para qualquer produto que partir do mercado chinês para a América do Norte.
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Além dela, outras fabricantes também estão passando por problemas. A Retroid Pocket, por exemplo, tem de correr contra o tempo para enviar tudo o que pode de seu estoque antes que o governo dos EUA encerre o processo de isenção para envios menores — abaixo de US$ 800.
Nem mesmo os consumidores conseguirão fugir das altas tarifas. Hoje, qualquer pessoa que comprar consoles retrô da China nos Estados Unidos paga 30% do valor ou uma taxa de US$ 25. Porém, a partir do dia 2 de maio, essa taxa aumentará para US$ 100. Em 1º de junho, a taxa aumentará para US$ 200 por item adquirido.
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Uma das vantagens da indústria de portáteis retrô é pagar um valor acessível para conseguir jogar diversos games antigos — seja do SNES, Game Boy, Mega Drive, PlayStation e outras plataformas. A partir do momento que estes passam a ter um valor mais elevado, o custo-benefício mudará e todo o consumo deles pode ser ameaçado pelas tarifas dos EUA.

Como as tarifas impactam os portáteis retrô
O maior problema com os portáteis retrô e videogames no geral é a forma como eles são categorizados nos EUA. Se no Brasil eles se configuram como “jogos de azar” ao invés de “software”, nos Estados Unidos eles são vistos como “brinquedos” — ao contrário de smartphones e computadores, que são classificados como eletrônicos para consumo.
Nem mesmo as grandes companhias escapam deste processo durante a implementação das tarifas. A Nintendo, por exemplo, está prestes a lançar o Switch 2 e já afirmou que o preço sugerido do videogame não será alterado, mas vão repassar essas mudanças para os seus acessórios — Joy-Con 2, Switch 2 Pro Controller, Camera e outros.
A Ayaneo, que produz consoles portáteis, também afirmou ao Polygon que trabalha ativamente para que as tarifas não impactem suas operações nos Estados Unidos. Porém, não foi revelado como eles continuarão vendendo seus produtos, que são produzidos na China e enviados para todo o planeta.

As mudanças também têm preocupado as assistências técnicas, que consertam videogames para o público. Muitas de suas peças para reposição ou ferramentas não são produzidas nos EUA, o que pode resultar em um aumento expressivo até mesmo para tratar problemas mais simples.
O empresário Steve Nutter, que comanda a Retro Tech (que faz reparos em monitores e TVs de tubo) revelou que isso ameaça toda a cadeia de produção de componentes e até mesmo a disponibilidade daquilo que já foi produzido.
“Qualquer um que cria ou fabrica hardwares será impactado. Isso leva a preocupação com a comunidade de que os itens para reparo não apenas se tornarão caros, mas que podem sumir em simultâneo. Seja pelo risco de tentar manter a produção e repassar seus custos, ou por produtores que deixarão o mercado e abandonarão a produção, temporariamente ou possivelmente permanentemente”, revela Nutter.
Esse é o caso da companhia Arduboy, que produz portáteis retrôs finos e do tamanho de um cartão de crédito. O fundador Kevin Bates afirma que as tarifas dos EUA forçarão sua empresa a fechar a produção dos dispositivos:
“Ninguém quer pagar US$ 200 em um Arduboy. E ainda que queiram, eu não quero vender nestas condições. A magia do Arduboy está no quanto ele é acessível e o preço é um fator importante nisso. As pessoas ainda podem fazer os seus próprios e jogar os títulos online usando o emulador. Por causa da natureza do código fonte aberto, a plataforma mesmo nunca será morta”.
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Vídeo: no YouTube, discutimos como tudo relacionado à tecnologia pode ficar mais caro com as tarifas impostas pelos Estados Unidos para a China e o resto do planeta. Confira:
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