Indústria de chips da China se blinda contra retorno de Trump à Casa Branca
Em meio às incertezas do cenário político americano, a indústria de semicondutores da China está se movimentando estrategicamente para enfrentar o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, implementando medidas preventivas que vão desde o aumento nas compras de equipamentos até a busca por novos parceiros internacionais.
Os números revelam a intensidade dessa preparação: nos primeiros nove meses de 2023, as importações chinesas de equipamentos para produção de chips cresceram 30%, alcançando US$ 24,12 bilhões. Desse montante, US$ 7,9 bilhões foram direcionados especificamente para máquinas de litografia, representando um aumento de 35,44% em comparação ao ano anterior.
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China teve problemas no primeiro mandato de Trump
A memória do primeiro mandato de Trump ainda está fresca para o setor. Durante aquele período, gigantes como Huawei, ZTE e SMIC enfrentaram severas restrições comerciais que limitaram seu acesso a tecnologias americanas essenciais.
Zhu Jing, vice-secretário-geral da Associação da Indústria de Semicondutores de Pequim, tem orientado as empresas chinesas a fortalecerem sua presença internacional. Segundo ele, um eventual governo Trump poderia criar oportunidades inesperadas, especialmente se houver um enfraquecimento na coordenação entre EUA, Japão e Europa nas sanções contra a China.
O setor também está apostando na atração de talentos estrangeiros, especialmente considerando a possibilidade de que profissionais chineses encontrem maiores dificuldades para trabalhar nos Estados Unidos sob uma nova administração Trump.
China busca autossuficiência
A busca pela autossuficiência tecnológica ganhou ainda mais força. Como destacou a Jinan Lujing Semiconductor Co, fabricante de microprocessadores: “O primeiro mandato de Trump nos fez perceber a importância dos semicondutores e a necessidade de localização“.
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As empresas chinesas estão maximizando seus pedidos de equipamentos para se protegerem de possíveis impactos eleitorais. A Holanda tem sido uma fonte crucial, fornecendo US$ 7 bilhões em equipamentos, mesmo com as restrições impostas pela ASML no envio de máquinas de litografia avançadas.
Nori Chiou, diretor de investimentos da White Oak Capital Partners, resume o momento atual: “As empresas chinesas de tecnologia estão mais preparadas desta vez e se sentem mais prontas do que durante a guerra comercial de 2018 e a eleição de 2020“.
Fonte: Reuters