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Geografia estratégica? Por que o Brasil é essencial para o crescimento da Starlink

A Starlink, constelação de satélites de internet da SpaceX, tem revolucionado a conectividade global, especialmente em áreas remotas e mal servidas pela infraestrutura terrestre tradicional. Com mais de 6.750 satélites em órbita em fevereiro de 2025, a empresa de Elon Musk possui planos ambiciosos de expandir essa rede para até 42.000 satélites, visando oferecer cobertura verdadeiramente global.

No entanto, para alcançar essa magnitude, a Starlink deposita uma parcela de suas expectativas no Brasil. A questão central que emerge é: por que o Brasil se tornou um país tão crucial para os planos de crescimento da constelação Starlink?

Como o Brasil define o futuro da frota de satélites da Starlink

A resposta reside em uma combinação de fatores, desde a infraestrutura terrestre necessária até o vasto potencial de mercado e a localização geográfica privilegiada do país.

Localizado em uma região equatorial, o Brasil proporciona uma posição vantajosa para a cobertura de satélites, potencialmente permitindo uma melhor conectividade com os satélites que passam sobre o país várias vezes ao dia.

Satélites
Satélites da Starlink. (Imagem: Albert89/Shutterstock)

A vasta extensão territorial do Brasil, que se estende por uma ampla faixa de latitudes de norte a sul, e sua localização na América do Sul são estrategicamente valiosas para a constelação da Starlink alcançar uma cobertura abrangente em todo o continente e potencialmente além.

Cobertura que já é extensa por aqui, alcançando mais de 96% dos municípios da Amazônia Legal e atendendo a inúmeras localidades, incluindo grandes cidades como Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro. Indicando que o Brasil já é parte da estratégia operacional da Starlink e de sua capacidade de atender a uma vasta área geográfica.

A empresa, inclusive, já enfrenta capacidade esgotada em algumas regiões, como o Rio de Janeiro, demonstrando uma alta demanda e a necessidade de maior expansão.

Acordos e regulamentações

A expansão da Starlink no Brasil também depende do ambiente regulatório e da existência de acordos com o governo brasileiro. A empresa, que obteve autorização da Anatel em fevereiro de 2022 para operar no país até 2027, aguarda a aprovação da Anatel para sua solicitação de implantação de mais 7.500 satélites, visando expandir ainda mais sua rede no Brasil.

Essa solicitação tem sido objeto de análise. O ambiente regulatório brasileiro apresenta suas complexidades, com a Anatel avaliando os riscos geopolíticos associados à expansão da Starlink, especialmente na região amazônica.

Preocupações relacionadas à soberania digital, à segurança nacional e à dependência tecnológica estão sendo consideradas. Essa análise contínua por parte da Anatel reflete o delicado equilíbrio entre o fomento à inovação tecnológica e a proteção dos interesses nacionais.

Antena da Starlink
A capacidade da Starlink de superar esses obstáculos regulatórios será crucial para seus planos de expansão no Brasil. (Imagem: Josh Bruce/Shutterstock)

O que dizem os especialistas

Especialistas corroboram a importância do Brasil para a Starlink. Para o Dr. Alvaro Machado Dias, neurocientista, futurista e colunista do Olhar Digital, o Brasil já é considerado um mercado emergente significativo para a empresa, que enfrenta uma crescente concorrência no mercado de internet via satélite, o que pode influenciar seus planos.

A Anatel vai decidir até quinta-feira se a Starlink pode colocar mais 7.500 satélites em órbita no Brasil. O país é especialmente estratégico para a empresa fundada por Elon Musk porque possui vastas áreas de difícil acesso, cujo atendimento por internet por satélite é essencial: Amazônia, plataformas de petróleo e ilhas. Do mais, no final do ano passado, a Telebras celebrou um acordo com a chinesa Spacesail, que faz a mesma coisa. A disputa no Brasil tornou-se, assim, um balão de ensaio para a corrida geopolítica mais ampla no âmbito da internet por satélite.

Starlink 2
(Imagem: Hadrian/ Shutterstock)

A SpaceSail planeja implantar uma grande constelação de satélites, com até 14.000 unidades, e considera o Brasil como sua estreia global. Outros concorrentes incluem a HughesNet, que atualmente detém uma participação de mercado significativa, e a Viasat.

Além disso, operadoras locais como a Claro também estão se opondo ao pedido da Starlink por mais satélites, citando preocupações sobre interferência e congestionamento. Essa crescente competição pode pressionar os preços e a participação de mercado da Starlink.

O potencial do Brasil nos planos da Starlink

Em resumo, a Starlink depende significativamente do Brasil para aumentar o número de seus satélites por uma variedade de razões. O país já possui um número considerável de estações terrestres essenciais para as operações da constelação, e sua localização geográfica estratégica oferece vantagens para a cobertura em toda a América do Sul.

Além disso, o Brasil representa um mercado vasto e em crescimento com uma alta demanda por internet via satélite, especialmente em áreas mal atendidas pela infraestrutura tradicional.

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Apesar dos desafios regulatórios e da crescente competição, o Brasil continua sendo um mercado crucial para os ambiciosos planos de expansão global da Starlink. (Imagem: RossHelen/Shutterstock)

Embora a empresa enfrente concorrência e obstáculos regulatórios, as características únicas do país e seu potencial de mercado o tornam uma peça indispensável para o objetivo da empresa de aumentar significativamente sua constelação de satélites.

Leia mais:

O mercado brasileiro de internet via satélite

  • O Brasil apresenta um vasto potencial de mercado para a internet via satélite, especialmente em suas extensas áreas remotas e com infraestrutura de internet limitada.
  • Em 2023, somente 81% dos domicílios rurais tinham acesso à internet, em comparação com 94,1% nas áreas urbanas.
  • Esse cenário revela um imenso mercado potencial nessas regiões mal servidas, onde a implantação da infraestrutura tradicional de internet (fibra óptica, cabo) é difícil e dispendiosa.
  • A demanda por internet via satélite no Brasil está em franca expansão, registrando um aumento de 38% no número de assinantes no último ano, ultrapassando 500 mil usuários.
  • A Starlink é um dos principais motores desse crescimento, tendo dobrado sua base de clientes em 2024, alcançando 326.800 assinantes e se tornando líder de mercado.
  • O rápido crescimento da base de assinantes da Starlink no Brasil demonstra uma forte demanda de mercado por seus serviços, especialmente em áreas onde as opções terrestres são limitadas.
  • A projeção para o mercado brasileiro de internet via satélite é de alcançar US$ 932,7 milhões em 2030.
  • A demanda é impulsionada por diversas aplicações, como a conexão de escolas remotas, o monitoramento da Floresta Amazônica, o suporte à agricultura e o fornecimento de conectividade para operações governamentais e militares em áreas remotas.

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