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“Gêmeo digital” de pacientes pode indicar o melhor tratamento contra o câncer

Uma tecnologia usada para descobrir buracos negros pode ser o início de uma nova jornada contra o câncer. Pesquisadores britânicos criaram “gêmeos digitais” de pacientes reais com a doença para testar a efetividade de medicações a partir de métodos já utilizados por astrofísicos.

Na prática, essa nova abordagem poderia ser aplicada para executar ensaios clínicos virtuais antes de testar novos tratamentos em pacientes. Ou seja, poderia ajudar a selecionar o método mais adequado para cada indivíduo em estágios iniciais.

A pesquisa foi apresentada pela Dra. Uzma Asghar, cofundadora e diretora científica da Concr e consultora médica oncologista, atualmente trabalhando no The Royal Marsden NHS Foundation Trust, Londres, Reino Unido.

Fachada do Royal Marsden Hospital, em Londres (Imagem: Reprodução)

“Podemos usar gêmeos digitais para representar pacientes individuais, construir cortes de ensaios clínicos e comparar tratamentos para ver se eles têm probabilidade de serem bem-sucedidos antes de testá-los com pacientes reais”, explicou.

O conceito de gêmeos digitais foi criado pela Nasa em 1960 para simular a explosão do tanque de oxigênio e os danos subsequentes ao motor que aconteceram a bordo da Apollo 13, segundo o site New Atlas. Agora, tem sido recorrente em estudos sobre IA e big data.

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Como foi feita a pesquisa?

Os gêmeos digitais são criados a partir de dados biológicos de milhares de pacientes com câncer que foram tratados de diferentes maneiras. As informações são combinadas com dados moleculares do tumor para recriar o câncer digitalmente.

Os pesquisadores aplicaram a tecnologia chamada FarrSight®-Twin, que é baseada em algoritmos, para calcular a probabilidade de sucesso das terapias possíveis. Foram avaliados casos de câncer de mama, pâncreas e ovário.

(Imagem: KTStock/iStock)

Pacientes submetidos a tratamentos sugeridos pela tecnologia tiveram uma taxa de resposta – ou seja, proporção de pacientes cujos tumores diminuíram após o tratamento – de 75%. Já entre aqueles que receberam um método diferente, o índice foi de 53%. 

“Atualmente, estamos desenvolvendo essa tecnologia para que ela possa prever a resposta ao tratamento de pacientes individuais na clínica e ajudar os médicos a entender qual quimioterapia será ou não útil, e esse trabalho está em andamento”, contou Asghar.

O estudo foi apresentado no 36º Simpósio da Organização Europeia para Pesquisa e Tratamento do Câncer-Instituto Nacional do Câncer-Associação Americana para Pesquisa do Câncer em Barcelona, ​​na Espanha.

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