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Exploração espacial está ameaçada? Missões e testes estão fracassando

Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (7) (que você confere aqui) repercutiu os lançamentos espaciais mais importantes da semana: duas missões lunares e o oitavo voo de teste do megafoguete Starship, da SpaceX.

O programa contou com a presença da divulgadora científica Ned Oliveira. Em um bate-papo com o apresentador Marcelo Zurita, a convidada falou sobre os pousos dos módulos privados Blue Ghost (da Firefly Aerospace) e Athena (da Intuitive Machines) na Lua, além de analisar a falha no oitavo voo da Starship, considerado por ela um retrocesso.

Ned Oliveira foi a convidada do programa Olhar Espacial de sexta-feira (7). Imagem: YouTube/Olhar Digital

Em referência ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no sábado (8), Ned Oliveira comentou a presença de garotas na Ciência. Ela diz que ainda há desafios para que as jovens acessem iniciativas científicas, mas que a situação tem melhorado. Com isso, crianças e adolescentes estão perdendo o medo de escolher as áreas de tecnologia e ciência como profissão.

“Eu fico emocionada quando vejo as meninas, que hoje eu admiro demais o trabalho delas, quando a gente se encontra em algum evento. Elas falam que as inspirei por meio do meu trabalho, participação em lives e eventos astronômicos”, disse a divulgadora científica.

Segundo Zurita, “a gente acaba perdendo muitas mentes brilhantes com o nosso machismo e o nosso preconceito”. Ambos destacaram que há lugar para todos na divulgação do conhecimento e nas áreas da ciência e tecnologia.

Pouso da Blue Ghost é animador

Os primeiros comentários no programa foram sobre o ótimo pouso do módulo Blue Ghost. Para Ned Oliveira, esse é um sinal positivo para a Artemis III – a missão que deve levar astronautas ao polo sul da Lua em meados de 2027.

A nave viajou cerca de 4,5 milhões de quilômetros desde seu lançamento, em 15 de janeiro, vindo a pousar na formação chamada Mons Latreille, uma cratera com mais de 480 km de largura. Dentre os objetivos da missão citados pela convidada estão: 

  • Testar o instrumento de GNSS, sendo esse o primeiro teste de GPS na Lua
  • Avaliar a resistência dos computadores à radiação
  • Medir o campo magnético lunar
  • Testar tecnologias diversas para a futuras missões tripuladas
  • Estudar o comportamento do regolito ao por do Sol
O módulo de pouso Blue Ghost capturou seu primeiro nascer do Sol na Lua, marcando o início do dia lunar e o início das operações de superfície em seu novo lar
O módulo de pouso Blue Ghost capturou seu primeiro nascer do Sol na Lua, marcando o início do dia lunar e o início das operações de superfície em seu novo lar. (Imagem: Firefly Aerospace)

A missão está prevista para durar um dia lunar (cerca de quatorze dias terrestres). Zurita explicou que o objetivo do programa de parceria da NASA com empresas privadas é reduzir custos e buscar mais eficiência. “Ninguém aguenta mais um investimento tão alto e missões que não trazem retorno financeiro e que não trazem grandes conquistas para a humanidade a curto prazo”, diz o astrônomo.

Athena tomba na Lua, mas empresa não desanima

Zurita e Ned seguiram o programa para comentar o tombo do módulo Athena, da empresa Intuitive Machines (IM). O equipamento pousou numa cratera para além do seu raio de pouso calculado e ficou sem acesso à luz solar, que carrega suas baterias.

Em fevereiro do ano passado, o módulo Odysseus, da mesma empresa, pousou de forma indevida e também tombou. De acordo com os comentaristas, isso se deve a um design aeroespacial já conhecido por falhas.

No entanto, a Intuitive Machines não desanimou. “Eles [Intuitive Machines e NASA] não consideram um fracasso. Inclusive, a próxima missão já está em andamento. Estão se preparando e vão continuar. A questão é realmente esta: não desistir”, diz Ned Oliveira.

A nave espacial Athena, da empresa Intuitive Machines (IM), foi declarada como "morta" após tombar na superfície da Lua durante sua tentativa de pouso.
A nave espacial Athena, da empresa Intuitive Machines (IM), foi declarada como “morta” após tombar na superfície da Lua durante sua tentativa de pouso. (Imagem: Intuitive Machines)

A IM considerou o feito um sucesso, descrevendo como “o pouso lunar e as operações de superfície mais ao sul já realizados”.

O módulo levou diversos equipamentos para experimentação científica. Dentre eles, a broca de regolito Trident, que funcionaria para buscar água na Lua, e três sondas robóticas para explorar o polo sul lunar.

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“Esse voo foi considerado um retrocesso”

O último teste de voo da Starship, da SpaceX, foi marcado por um desastre: a perda de controle e autodestruição da nave. O equipamento teve uma falha de motor, o que causou sua desaceleração, perda de comando de altitude e, em seguida, o fim da comunicação com a Terra.

“Ela teve o incêndio no compartimento dos motores e nisso ela perdeu vários motores. Então, ficou sem estabilidade e começou a rodopiar”, explicou Ned Oliveira.

A nave foi destruída por questão de segurança. Tudo é calculado para que os destroços caiam na água.

Para a divulgadora científica, aliás, segurança é a palavra de ordem – principalmente quando humanos estiverem na tripulação de uma Starship. E, neste aspecto, ainda há muito o que evoluir. Afinal, apertar o botão de autodestruição e recomeçar não será uma opção com vidas a bordo.

No entanto, a falha é considerada um retrocesso da empresa na visão de Ned Oliveira. Segundo ela, o ritmo acelerado da construção e teste entre uma nave e outra não resolve os problemas. “Quando a nave 7 explodiu, no mesmo dia Elon Musk já estava dando a data [de lançamento] da 8”, comenta.

Pouso do propulsor Super Heavy na plataforma durante 8º voo de teste do foguete Starship, da SpaceX. (Imagem: SpaceX)

A divulgadora destacou como bons exemplos os lançamentos do foguete Falcon 9, usado para levar satélites Starlink para a órbita terrestre. “A gente via isso nos Falcon 9: quando tinha algum problema, no outro voo era perfeito, porque o problema era resolvido. O que a gente viu nos voos da Starship 7 e 8 é que o problema continuou”, disse Ned, concluindo que “esse voo, comparado com o voo 7, foi sim considerado um retrocesso“.

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