E-mails revelam exigências de Elon Musk por controle total da OpenAI
Novos e-mails e mensagens de texto divulgados pela OpenAI na sexta-feira (13) revelam que Elon Musk, cofundador da organização, exigiu controle majoritário e o cargo de CEO da empresa em 2017.
Os documentos foram tornados públicos como parte da resposta da OpenAI a um processo federal movido por Musk, que se desligou do conselho da empresa em 2018.
No processo, Musk alega ter sido enganado quando a OpenAI, fundada como uma organização sem fins lucrativos comprometida com o benefício da humanidade, passou a buscar lucro com produtos comerciais. Segundo o The Washington Post, um representante jurídico da OpenAI confirmou que uma resposta oficial ao processo será apresentada ainda nesta semana.
Musk vs. OpenAI: disputas pelo controle desde o início
A divulgação expõe tensões antigas entre os fundadores de um projeto que foi inicialmente anunciado como esforço coletivo para o benefício global;
“Você não pode processar seu caminho para a IAG”, escreveu a OpenAI em post em seu blog, referindo-se à inteligência artificial geral (IAG), tecnologia que busca equiparar-se às capacidades humanas. “Ele deveria estar competindo no mercado, não no tribunal“, prosseguiu;
Os documentos revelam que as discussões internas sobre transformar a OpenAI em empresa com fins lucrativos começaram em 2017;
A necessidade de financiamento adicional para competir com gigantes, como Google, e rivais chineses motivou a busca por novos modelos de negócios;
Entre as ideias discutidas, estava a fusão com startups de hardware.
Em agosto de 2017, um avanço tecnológico chamou atenção: um sistema de inteligência artificial (IA) desenvolvido pela OpenAI venceu jogadores profissionais do jogo “Dota 2”. Na mesma noite, Musk enviou um e-mail aos cofundadores e à executiva Shivon Zilis, declarando: “Hora de dar o próximo passo para a OpenAI. Este é o evento desencadeador.”
Posteriormente, Musk exigiu entre 50% e 60% do capital da empresa, controle majoritário do conselho e o cargo de CEO. Em mensagens de texto trocadas entre Greg Brockman, cofundador da OpenAI, e Zilis, essas condições foram confirmadas.
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Em e-mail enviado em setembro de 2017, Musk reconheceu suas demandas, mas afirmou que o controle seria temporário: “Eu teria, sem dúvida, o controle inicial da empresa, mas isso mudará rapidamente.” Ele também detalhou um plano para alocar assentos no conselho que lhe garantiriam poder de nomear mais diretores do que qualquer outro membro.
As negociações de 2017 não prosperaram, e, no ano seguinte, Musk propôs integrar a OpenAI à Tesla, sua montadora de veículos elétricos. A ideia foi rejeitada pelos cofundadores e Musk renunciou ao conselho em 2018.
Desde então, a OpenAI tem enfrentado desafios internos e externos. Em outubro, a organização levantou US$ 6,6 bilhões (R$ 39,87 bilhões, na cotação direta) em novos investimentos, avaliando a empresa em US$ 157 bilhões (R$ 948,65 bilhões).
Porém, mudanças estruturais e a saída de executivos importantes, como a CTO Mira Murati, indicam que a transição para um modelo mais tradicional de negócios ainda não foi plenamente consolidada.
Enquanto isso, Musk ampliou sua disputa judicial. Em novembro, ele incluiu a Microsoft no processo, acusando o principal investidor da OpenAI de violar leis antitruste. A OpenAI, por sua vez, continua argumentando que a separação de Musk foi consequência de exigências consideradas “irracionais”.
A controvérsia destaca como as disputas por controle moldaram os rumos de um projeto que nasceu com a promessa de trabalhar pelo bem comum, mas, que, hoje, é centro de embates corporativos e judiciais.
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