Desenvolvedor é acusado de roubar R$ 280 milhões em criptomoedas para sustentar vício em jogos de azar

A Infini, uma startup de Hong Kong focada em soluções de pagamento, perdeu cerca de R$ 280 milhões em criptomoedas durante um ataque no final de fevereiro. Nesta quinta-feira (20), a empresa entrou com um processo contra um dos desenvolvedores.
Segundo o documento, o principal acusado é Chen Shanxuan, um chinês que trabalhava remotamente para a empresa e teria problemas com jogos de azar, tendo contraído uma grande dívida.
A intimação foi feita on-chain com uma transação enviada para um dos endereços para onde os fundos foram desviados. Já o jornalista Colin Wu apresentou outras informações sobre o processo em suas redes sociais.
Investigação sobre hack aponta desenvolvedor como principal suspeito
Na data do ataque, a Infini reconheceu o roubo de R$ 280 milhões, mas afirmou que possuia ativos em caixa para continuar suas operações mesmo com o rombo.
Mais tarde, naquele mesmo dia, a equipe disse ter encontrado dados sensíveis sobre o atacante, incluindo endereço de IP e outras informações, propondo um acordo para não dar início a um processo caso os fundos fossem devolvidos.
Já nesta quinta-feira (20), a Infini processou um de seus desenvolvedores através de sua subsidiária, a BP SG Investment Holding Limited. A intimação foi enviada por meio de uma mensagem on-chain.
“Os criptoativos específicos mantidos na Carteira do Programador, na Carteira de Primeira Camada e/ou na Carteira de Segunda Camada, incluindo, mas não se limitando aos ativos rastreados a partir dos fundos do Autor, totalizando 49.516.662,977 USDC (R$ 280 milhões), estão sujeitos a uma disputa legal em andamento e possuem natureza contenciosa”, inicia a mensagem.
“A Ordem de Liminar será submetida à revisão perante o Juiz Lok na quinta-feira, 27 de março de 2025, às 9h30. Você é obrigado a comparecer à Audiência de Revisão, sob pena de a ordem ser proferida em sua ausência.”

Colin Wu, jornalista independente, destaca que o documento aponta para problemas com jogos de azar pelo desenvolvedor Chen Shanxuan, único nome citado no processo.
“Recentemente, soube que o primeiro réu tem um sério problema com jogos de azar e pode estar atolado em dívidas enormes. Acredito que isso o tenha levado a roubar os ativos em questão para aliviar suas obrigações financeiras.”

Tais dívidas teriam sido contraídas de “bancas clandestinas” e até mesmo agiotas, o que poderia ter aumentado a pressão sobre o desenvolvedor tanto na questão dos juros cobrados quanto por possíveis ameaças à sua saúde física.
Desenvolvedor teria mantido privilégios de administrador para executar o roubo
Continuando, Colin Wu explica que o desenvolvedor Chen Shanxuan teria mantido os privilégios de administrador do contrato inteligente da Infini ao invés de transferi-lo ou revogá-lo, como havia alegado falsamente aos seus colegas de trabalho.
Em outras palavras, o hack da Infini aparenta ser um roubo interno executado por um de seus funcionários.
Nas redes sociais, Wu apontou que o desenvolvedor era um “garoto” e, apesar de ter entrado na empresa há pouco tempo, tinha acesso completo aos fundos da Infini.
“A Infini também agiu de forma um tanto ingênua nesse negócio ao confiar tanto em um programador recém-contratado. Deixaram esse garoto com permissões de ‘super admin’ e ainda permitiram que trabalhasse remotamente. Meu Deus”, escreveu Wu.
“Esse garoto provavelmente já foi detido. A polícia com certeza não permitirá a divulgação disso, pois afetaria a investigação. Não é nada tão fora do comum, já vi casos ainda mais bizarros e com quantias bem maiores, só que nunca vieram a público.”

Nas fotos da conversa, o desenvolvedor diz ter “arruinado tudo”, provavelmente se referindo ao seu vício em apostas. “Às vezes penso em acabar com tudo, viver é muito cansativo”, diz outra mensagem.
Embora a China tenha banido o Bitcoin, Hong Kong está servindo como um campo de testes para o país, tendo inclusive aprovado ETFs de Bitcoin e Ethereum. No entanto, casos como esse podem pesar negativamente nas decisões dos reguladores locais.
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