Descoberta de nova tumba real reacende mistérios sobre Tutmósis II
Em achado que remete aos tempos de Howard Carter e do túmulo de Tutancâmon, egiptólogos desenterraram uma tumba real decorada na região de Luxor, a oeste do icônico Vale dos Reis. Trata-se do primeiro local desse tipo descoberto em mais de um século.
Tumba milenar e a identidade do faraó
- Fragmentos de cerâmica e vestígios diversos encontrados no amplo espaço subterrâneo indicam que a tumba pertencia a Tutmósis II, jovem faraó que morreu prematuramente há mais de três mil anos;
- Esse é o último túmulo não identificado dos descendentes conhecidos da 18ª Dinastia, época marcada pelo apogeu do poder e das ambições imperialistas egípcias;
- A descoberta também ajuda os estudiosos a delimitar o período em que os antigos egípcios passaram a enterrar seus reis no Vale dos Reis, logo após a morte de Tutmósis II.
Os arqueólogos afirmam, com convicção, a autoria do túmulo em relação ao faraó, baseando-se em fragmentos de alabastro inscritos que revelam que sua esposa e meia-irmã, Hatshepsut — que viria a se tornar a mais influente governante feminina da história do Egito — foi a responsável pela construção da câmara funerária em sua homenagem.

Elementos, como um teto ornamentado com estrelas amarelas sobre fundo azul e a descoberta de um texto religioso reservado aos reis, reforçaram essa conclusão, conforme explica Trent Hugler, egiptólogo da Universidade de Oxford (Inglaterra), que não participou da descoberta, ao The Wall Street Journal.
Anunciada no mês passado, a descoberta é fruto de colaboração entre o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito e a New Kingdom Research Foundation, ligada à Universidade de Cambridge (Inglaterra).
Entretanto, o mistério se aprofunda: todos os pertences e móveis que acompanhariam Tutmósis II no sepultamento, assim como o próprio corpo, desapareceram do local.
Sinais de danos causados pela água e o completo esvaziamento dos itens funerários sugerem que, durante uma inundação, o conteúdo da tumba foi transferido para novo local, e não saqueado por ladrões, explica Piers Litherland, chefe da New Kingdom Research Foundation.
“Quando a tumba foi inundada, seus itens foram removidos para outro túmulo, que ainda não encontramos“, afirmou Litherland. Reenterramentos como esse não eram incomuns na antiguidade, segundo Hugler.
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Dúvida sobre verdadeira múmia de Tutmósis II
A localização do corpo de Tutmósis II ainda gera controvérsias. Uma múmia exposta no Museu Nacional da Civilização Egípcia, no Cairo (Egito), descoberta em 1881, é tradicionalmente atribuída ao faraó.
Contudo, alguns estudiosos argumentam que o indivíduo, que faleceu entre os 30 e 40 anos, aparenta ter idade incompatível com Tutmósis II, que teria ascendido ao trono na adolescência e governado por apenas alguns anos.
Apesar de um representante do museu afirmar que uma inscrição no sudário confirma a identidade do monarca, Hugler aponta que o nome está grafado incorretamente, sugerindo que o corpo pode ter sido rotulado erroneamente por antigos sacerdotes.

Diversos especialistas acreditam que ainda existe um segundo túmulo de Tutmósis II, possivelmente contendo os artefatos funerários transferidos do local recém-descoberto.
Litherland deposita esperança na localização desse sepultamento, prevendo que o corpo também esteja lá. “Espero que possamos esclarecer essas dúvidas com novas evidências. Esse é o foco de nossas investigações atualmente”, concluiu.
A descoberta não só enriquece o panorama da história egípcia, mas, também, instiga novas pesquisas sobre os rituais de sepultamento e as dinâmicas de reenterramento praticadas na antiguidade.
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