Como um laser ajudou a reconstruir a Notre Dame após o incêndio
O mundo foi pego de surpresa em abril de 2019 quando uma das igrejas mais famosas — e antigas — ficou tomada pelas chamas de um incêndio. A Catedral de Notre Dame em Paris foi severamente danificada pelo fogo que teria sido causado por obras de restauro.
Apesar da destruição, a catedral foi reaberta neste mês com quase a mesma aparência de sua inauguração, em 1163. E tem tecnologia por trás disso: um laser que permitiu a modelagem digital 3D de um dos maiores símbolos da capital francesa.
Arquitetos, artesãos, engenheiros e construtores trabalharam em conjunto para cumprir a promessa do presidente francês, Emmanuel Macron, de restaurar a catedral em um prazo — um tanto quanto apertado, segundo especialistas — de cinco anos. Assim foi feito.
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A tecnologia por trás da restauração
O mapa foi possível graças a um trabalho feito em 2015 pelo historiador de arte Andrew Tallon. Segundo a CNN americana, o especialista em arquitetura gótica examinou o prédio com lasers para analisar como eram construídas as grandes catedrais da Europa no período medieval. À época, foram coletadas 46 mil imagens a partir de um bilhão de pontos medidos com um laser, de acordo com a reportagem.
Os arquivos facilitaram o trabalho da empresa de software 3D Autodesk, que entrou em cena para possibilitar a revitalização de Notre Dame de modo que o design permanecesse o mais fiel possível ao projeto original ao lado da empresa francesa de laser AGP. Os serviços foram doados para a Rebâtir Notre Dame, instituição pública que liderou as obras.
Foi preciso um ano para criar um modelo digital em escala real, exigindo 12 scanners e uma equipe de sete engenheiros. “É um exemplo inigualável de modelagem histórica usando a tecnologia Building Information Modeling (BIM)”, segundo o site da empresa.
“Baseado em um modelo inteligente e habilitado por uma plataforma de nuvem, o BIM integra dados estruturados e multidisciplinares para produzir uma representação digital de um ativo em todo o seu ciclo de vida, do planejamento e design à construção e operações”, explica a Autodesk.
Apesar da semelhança com o projeto original, algumas áreas da catedral tiveram de ser alteradas com a instalação de sistemas de sprinklers e de combate a incêndio, por exemplo, além de um reposicionamento da iluminação, que, por anos, se deu por velas.
Com ajuda de drones, as equipes também usaram o mapeamento para calcular a instalação de andaimes e guindastes sem comprometer a geometria complexa do edifício. Notre Dame ainda vai passar por novas etapas da reforma, incluindo a restauração da cabeceira e da sacristia, prevista para 2025, e a instalação de vitrais, marcada para 2026.
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