Como a tecnologia já revoluciona o Agro no Brasil?
*Por Paola Campiello, Presidente da ConectarAGRO
A conectividade no agronegócio representa uma verdadeira revolução no setor, indo além da simples modernização das práticas agrícolas. Ela oferece uma nova perspectiva de gestão, ao integrar soluções tecnológicas que otimizam processos, promovem sustentabilidade e ampliam a competitividade das propriedades rurais.
A crescente adoção de tecnologias conectadas, como a Internet das Coisas (IoT), big data e inteligência artificial, tem permitido um monitoramento mais preciso das condições de solo, clima e plantas, o que se traduz em intervenções mais eficientes e maior rendimento nas colheitas. A conectividade também facilita o uso de maquinários agrícolas automatizados, aumentando a produtividade e reduzindo a necessidade de mão de obra em algumas atividades.
Além do impacto técnico, a conectividade desempenha um papel social crucial. Ela tem sido uma ferramenta fundamental para fixar os jovens no campo, ao permitir o acesso a novas formas de comercialização, como o e-commerce, e à inovação tecnológica, tornando o agronegócio mais atrativo e viável para as novas gerações. O acesso à internet amplia as oportunidades de capacitação, com cursos online e consultorias digitais, permitindo que os produtores rurais se mantenham atualizados e melhor preparados para adotar novas práticas.
O agro e o ESG
Outro aspecto relevante da conectividade é a possibilidade de aderir a práticas sustentáveis e alinhadas aos princípios ESG (Environmental, Social and Governance). Com a tecnologia, os produtores podem gerenciar o uso de recursos naturais de forma mais eficiente, minimizando o desperdício de água e defensivos agrícolas, além de melhorar a rastreabilidade das cadeias produtivas.
Esse alinhamento não apenas atende às exigências de um mercado cada vez mais consciente, mas também abre novas oportunidades para a comercialização dos produtos em mercados globais que priorizam a sustentabilidade.
Conectividade, produtividade e sustentabilidade no agro
A conectividade no agronegócio traz significativos benefícios em produtividade e sustentabilidade. O projeto “Fazenda Conectada”, da Case IH, demonstra que o uso de tecnologias conectadas aumenta a produtividade em 18% e máquinas conectadas reduzem o consumo de combustível em 25%, gerando uma economia significativa. Além disso, há uma redução de 10% na emissão de carbono, diminuindo a pegada ambiental do setor. Esses avanços são fundamentais para garantir a eficiência e sustentabilidade no campo, ajudando o agronegócio a se tornar mais competitivo e ecologicamente responsável.
Uma ferramenta essencial para avaliar a infraestrutura de conectividade nas áreas rurais do Brasil é o Indicador de Conectividade Rural (ICR), criado pela ConectarAGRO em parceria com a Universidade Federal de Viçosa. Ele permite identificar regiões que necessitam de mais investimentos em conectividade, promovendo o avanço econômico e tecnológico no campo.
Dados recentes mostram que apenas 43,8% dos imóveis rurais possuem cobertura 4G e 5G, enquanto a área disponível para uso agrícola com essa cobertura é de 23,8%. A média nacional do ICR é de 0,61. O cálculo do ICR varia de 0 a 1, em que valores mais próximos de 1 indicam um maior nível de conectividade rural no município avaliado.
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Esses números destacam a necessidade de expandir a conectividade para que mais produtores possam aproveitar os benefícios que ela proporciona, desde a modernização agrícola até a sustentabilidade e inovação.
O progresso é evidente, mas ainda há um longo caminho para garantir que todas as áreas rurais estejam conectadas e equipadas com as ferramentas digitais necessárias para aumentar a produtividade, reduzir desperdícios e contribuir para um agronegócio mais competitivo globalmente.
A conectividade no agronegócio é, portanto, uma peça-chave para impulsionar a eficiência produtiva e garantir um futuro sustentável e competitivo para o setor. À medida que mais regiões rurais se conectam, o Brasil se posiciona para liderar o cenário global em práticas agrícolas inovadoras, inclusivas e sustentáveis.
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