Cientistas observam evolução, em tempo real, de duas espécies de lagartos
É bastante comum que os cientistas observem a evolução de espécies de animais em todos os seus aspectos e por longos períodos, visando aprender mais sobre elas.
Um exemplo reportado pelo Olhar Digital foi o de um caracol, cuja evolução foi analisada por 30 anos. O New Atlas lembra de outros três: um estudo que levou 15 anos e observou mudanças nas populações isoladas de lagartixas no Brasil após a construção de uma barragem. No caso, essa espécie desenvolveu cabeças maiores que as que vivem no continente.
O segundo trata de peixes que vivem em águas protegidas. Essas espécies conseguem evoluir para serem menos móveis a cada geração, pois os que vivem em regiões desprotegidas têm mais chances de serem capturados.
Já os dois últimos exemplos são de andorinhas, que desenvolvem asas mais curtas para evitar serem atropeladas, e rãs existentes na zona de exclusão de Chernobyl (Ucrânia) estão escurecendo, com vistas a se protegerem dos danos que sofrem por conta da alta taxa de radiação existente na região.
Agora, um novo estudo publicado na Nature Communications explana as análises realizadas por pesquisadores da Georgia Tech (EUA) de duas espécies de lagartos no Fairchild Tropical Botanic Garden, na Flórida (EUA).
Evolução dos lagartos rendeu?
Originalmente, James Stroud, principal autor do estudo, e seus colegas, estavam observando os anolis marrons cubanos (Anolis sagrei). Então, outra espécie apareceu na região do estudo: o anolis-de-crista porto-riquenho (Anolis cristatellus);
O New Atlas rememora que ambas as espécies são semelhantes, mas estão separadas por 40 milhões de anos de evolução e vivendo em distintas ilhas caribenhas;
Mesmo assim, elas preenchem praticamente o mesmo nicho ecológico em seus respectivos ambientes. Além disso, vivem no mesmo tipo de habitat e se alimentam das mesmas coisas;
Dessa forma, os pesquisadores enxergaram uma oportunidade valiosa.
“Quando duas espécies semelhantes competem pelos mesmos recursos, como comida e território, elas, geralmente, desenvolvem diferenças que lhes permitem coexistir. Boa parte do que sabemos sobre como os animais mudam em resposta a esse processo vem do estudo de padrões que evoluíram há muito tempo. Esta foi rara oportunidade em que pudemos observar a evolução enquanto ela acontecia”, afirmou Stroud.
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Nos anos que se seguiram, o grupo viu mudanças físicas e comportamentais nas duas espécies conforme aprendiam a viver juntas. As informações coletadas foram comparadas com as já existentes acerca de lagartos que vivem em ambientes de uma única espécie.
Uma diferença notada foi que os anolis-de-crista ficavam mais tempo nas árvores, onde se empoleiravam mais alto, em média, do que os anolis marrons, os quais se adaptaram para viverem mais tempo em terra firme.
Mas o detalhe mais interessante é que, para auxiliar em sua vida terrestre, os anolis marrons desenvolveram novas características físicas. Entre elas, pernas mais longas, o que os ajuda a correr mais rápido e aumenta as probabilidades de sobreviverem em seu território.
“Descobrimos que os anolis marrons com pernas mais longas tiveram maior sobrevivência depois que os anolis com crista apareceram. Isso combina perfeitamente com as diferenças físicas que vemos em populações onde essas espécies vivem juntas há muitas gerações”, explicou Stroud.
Esses lagartos poderão auxiliar aos cientistas no entendimento acerca das pressões que os humanos impõem à evolução animal e prever como eles reagirão a isso.
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