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Ciência anti-idade: dá para impedir, atrasar ou melhorar o envelhecimento?

A população mundial está envelhecendo de forma acelerada. As estimativas da Organização da Nações Unidos (ONU) indicam que o planeta será habitado por 1,6 bilhão de idosos até 2050, o que significa que o número de pessoas em idade avançada irá dobrar em menos de 30 anos. Diante dessa nova realidade, a ciência anti-idade (ou ciência anti-ageing) ganha cada vez mais popularidade, enquanto amplia os conhecimentos sobre o envelhecimento saudável

Clique e siga o Canaltech no WhatsApp Tomar chá diariamente pode retardar o envelhecimento, mas há um porém Podemos ser supercentenários e bater recordes de longevidade? Ou há um limite?

É preciso avisar que a velhice não é uma doença para ser “curada”, mas, sim, uma etapa natural da vida. Então, a ciência anti-idade busca formas de melhorar a qualidade de vida e manter o corpo no nível máximo de atividade, conforme os anos passam. O objetivo é uma vida longeva e, talvez, centenária, mas prezando pelo bem-estar.  Aqui, é mais honesto pensar em atrasar do que impedir esses processos na terceira idade.

Inclusive, diferentes estudos buscam entender os segredos por trás da vida dos centenários, coletando amostras de sangue e analisando os hábitos dos que vivem mais de 100 anos. Na Suécia, cientistas do Instituto Karolinska já fizeram isso. Por aqui, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) investigam essa questão.


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O que é ser idoso?

Pela lei brasileira, a pessoa é considerada idosa quando completa 60 anos de vida. Até essa idade, pesquisadores da Universidade de Heidelberg (Alemanha) descobriram que o cérebro humano permanece incrivelmente rápido, mas, logo, a sua efetividade começa a diminuir em diferentes graus, dependendo do indivíduo.

A ciência anti-idade busca formas de melhorar a qualidade de vida na terceira idade (Imagem: Centre for Ageing Better/Pexels)

Com o aumento da longevidade — a expectativa de vida, no Brasil, já ultrapassa os 76 anos —, existe um projeto de lei com o intuito de mudar a regra, subindo a idade mínima para 65 anos. De forma mais radical, uma pesquisa da Universidade Stanford (EUA) indica que a velhice é mais acentuada após os 79 anos, com base na análise de proteínas no sangue.

Pesquisas inovadoras 

No campo das novas descobertas da ciência anti-idade, outro grupo de cientistas de Stanford descobriu que o processo de envelhecimento não é contínuo, mas tem picos. Na verdade, esta pesquisa sugere a existência de dois picos em que o declínio é acelerado (mudanças mais drásticas). Isso tende a acontecer por volta dos 44 e dos 60 anos.

De tempos em tempos, surgem produtos anunciados como milagrosos para reverter a passagem do tempo. Entretanto, nada do tipo foi devidamente validado pelos estudos e pelo método científico. O que se sabe é a importância de uma alimentação saudável, contendo todos os nutrientes, por exemplo. 

Isso não significa que os centros de pesquisa não corram atrás dessa fórmula capaz de render royalties bilionários. Nessa corrida, a Inteligência Artificial (IA) já foi utilizada para rastrear compostos anti-envelhecimento naturais, como oleandrina, ginkgetina e periplocina

Em paralelo, o azeite de oliva extravirgem, consumido com moderação, pode ser outro aliado. Chás contendo estas substâncias também pode contribuir. Ainda, evidências emergentes sugerem que até a cannabis tem efeito anti-idade, com base em experimentos com roedores. Entretanto, as pesquisas clínicas (prova mais confiável de eficácia) nesse campo ainda são muito limitadas.

Boa alimentação, atividade física e amigos são aliados no envelhecimento saudável, como indica a ciência (Imagem: Louis Hansel/Unsplash)

Nos testes in vitro (limitados aos experimentos com células em laboratório), a ciência tem alcançado alguns resultados interessantes. É o caso de uma pesquisa internacional, com membros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que descobriu seis combinações de moléculas capazes de reverter o envelhecimento. Após o processo, as células se tornam biologicamente mais jovens, sem intensificar o risco de câncer (este aumenta com o avanço da idade).

No futuro, a técnica poderá ser usada em uma terapia capaz de reduzir as células senescentes, ou seja, aquelas células que deixam de se dividir e ficam se acumulando nocivamente no organismo. Entretanto, há um longo caminho de estudo e de testes ainda.

Dá para evitar a demência?

Quando se pensa na velhice, um dos grandes temores é a questão das demências, incluindo a doença do Alzheimer. Doenças neurodegenerativas podem fazer com que as pessoas percam definitivamente o controle sobre suas vidas, devido ao declínio cognitivo. Neste ponto, um grupo com mais de 20 cientistas internacionais identificou os fatores mais associados a essa condição, o que inclui:

Falta de exercício físico (sedentarismo); Inalação em excesso de ar poluído; Consumo excessivo de álcool; Não ter amigos e nem convívio social; Tabagismo; Não tratar quadros de depressão.

Evitar esses riscos é algo válido para qualquer pessoa que planeja ter uma velhice saudável. Afinal, os benefícios dessas práticas também têm efeito protetor no coração, nos pulmões e no corpo todo. Entre os princípios achados da ciência anti-idade, até o momento, está a importância do equilíbrio na vida.

Ciência anti-idade no limite

Fugindo desses preceitos, há quem aposte que a ciência realmente conseguirá superar o envelhecimento do corpo e da mente humana. No limite, está o milionário e empresário norte-americano Bryan Johnson, com menos de 50 anos, que compartilha a sua jornada contra o avanço da idade biológica. Para isso, são adotados inúmeros tratamentos experimentais e até o controle das quantidades diárias de calorias consumidas. Apesar do ceticismo, o experimento poderá fornecer insights antienvelhecimento.

Leia a matéria no Canaltech.

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