China contra-ataca, impõe tarifa de 34% a produtos dos EUA e esquenta guerra comercial
Em resposta direta à escalada de tarifas adotadas por Washington, o governo chinês anunciou nesta sexta-feira (4) a imposição de uma taxa de 34% sobre todos os produtos importados dos Estados Unidos. A medida, que passa a valer a partir do dia 10 de abril, foi comunicada pela agência estatal Xinhua e representa um movimento de endurecimento diante da política tarifária agressiva liderada pelo presidente Donald Trump.
A decisão ampliou o sentimento de aversão ao risco nos mercados financeiros, levando a uma queda acentuada nas bolsas da Europa, Ásia e América do Norte. A guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta atinge, assim, um novo patamar de tensão.
Mercados reagem com fortes quedas e clima de incerteza
Logo após a confirmação da tarifa chinesa, os índices acionários despencaram. O Euro STOXX 600 recuou 4,5% no início do pregão europeu, enquanto os futuros do S&P 500 apontavam queda de 2,2%, sinalizando mais um dia negativo em Wall Street.
Na Ásia, os reflexos também foram fortes. Empresas chinesas listadas na bolsa americana sofreram perdas expressivas no pré-mercado: as ações da Alibaba caíram até 7,7%, enquanto PDD Holdings, Baidu e JD.com registraram baixas entre 5% e 6,2%.
Trump defende estratégia e prevê retomada com “cirurgia econômica”
Apesar da reação adversa dos mercados, Donald Trump demonstrou confiança na sua política comercial. Em declaração feita na Casa Branca, o presidente comparou a atual fase a uma cirurgia necessária: “É como operar um paciente gravemente doente. Vai doer no começo, mas depois vem a recuperação”, afirmou.
Trump reiterou que as tarifas recíprocas visam corrigir desequilíbrios históricos do comércio global e projetou que os Estados Unidos verão um crescimento robusto após o período de ajuste.
É como uma operação em um paciente muito doente. No início dói, mas é isso que salva a vida dele
Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos
Medidas adicionais da China ampliam pressão sobre os EUA
Além das tarifas sobre bens, o governo de Pequim incluiu 11 empresas dos Estados Unidos na sua lista de “entidades não confiáveis”. Entre elas estão fabricantes de drones como a Skydio, BRINC Drones e a Neros Technologies.
As companhias agora estão proibidas de importar ou exportar produtos com a China e também de realizar novos investimentos no país asiático.
Outra medida significativa foi a suspensão de licenças de importação de seis empresas americanas, sob o argumento de proteção à saúde dos consumidores chineses.

Controle sobre exportações de terras raras é novo trunfo chinês
Como parte da retaliação, o Ministério do Comércio da China também anunciou restrições à exportação de sete categorias de terras raras — materiais essenciais na produção de tecnologia de ponta, como chips, baterias e componentes eletrônicos. Elementos como samário e gadolínio, fundamentais para a indústria eletrônica e de defesa, estão entre os itens afetados.
A estratégia chinesa visa impactar diretamente setores sensíveis da economia americana, como o tecnológico e o militar, que dependem fortemente desses insumos.
Leia também:
- Novo chip de luz de 100 GHz supera todos os limites atuais da tecnologia
- China revoluciona chips com transistor 2D sem Silício: mais rápido e eficiente que Intel e TSMC
- Pesquisa sobre chips da China supera muito os EUA em volume de artigos e número de citações
Especialistas alertam para riscos de recessão global
Analistas financeiros apontam que a troca de tarifas entre China e EUA poderá aumentar a inflação em ambos os países, reduzir o consumo interno e frear o crescimento econômico mundial. A pressão sobre cadeias produtivas e a elevação de custos logísticos podem comprometer a recuperação econômica pós-pandemia.
Há receios crescentes de que o embate comercial, se prolongado, desencadeie uma recessão global, afetando especialmente países emergentes e exportadores.
Fonte: Investing.com