China acusa Taiwan de favorecer os EUA e tensão de chips esquentam disputa global
A disputa tecnológica entre China, Taiwan e os Estados Unidos acaba de atingir um novo patamar. Agora, a China acusou Taiwan de estar entregando sua indústria de semicondutores aos EUA como uma forma de obter suporte político.
Paralelamente, a crescente produção chinesa de chips maduros ameaça a sobrevivência de fabricantes ocidentais. O cenário reforça as preocupações sobre um desequilíbrio global na produção de semicondutores e os impactos de uma possível “Guerra dos Chips”.
China acusa Taiwan de favorecer os EUA
O governo chinês afirmou hoje (26) que Taiwan estaria usando sua indústria de semicondutores como moeda de troca para fortalecer laços com os Estados Unidos. O Gabinete de Assuntos de Taiwan do governo chinês alegou que o Partido Progressista Democrático de Taiwan estaria explorando a influência da TSMC para obter vantagens políticas e se afastar da dependência econômica da China.
Em seguida, o governo taiwanês refutou as acusações, defendendo que a TSMC é um ativo nacional vital e que suas decisões estratégicas têm como foco a manutenção da liderança global no setor de semicondutores.
Nos últimos anos, a empresa vem expandindo sua produção para países como EUA, Japão e Alemanha, como parte de uma diversificação industrial. Isso ocorre em um momento de tensão crescente entre as potências, com os EUA aplicando tarifas de 10% sobre produtos chineses e restringindo envios postais da China para conter sua influência comercial.
China avança na produção de chips maduros
Além do embate com Taiwan, a China intensificou a produção de semicondutores maduros, atingindo 28% da capacidade global desses chips e aumentando preocupações no Ocidente.
Enquanto sanções dos EUA impedem Pequim de acessar tecnologias avançadas, as fábricas chinesas passaram a focar na produção de chips acima de 20nm — fundamentais para a indústria automotiva e eletrônicos de consumo.
A rápida expansão já afeta empresas ocidentais, que enfrentam dificuldades para competir com os preços baixos praticados pelos fabricantes chineses. Um executivo do setor descreveu a situação como um “duelo sangrento”, com empresas estrangeiras sendo forçadas a reduzir suas operações.
Empresas como Wolfspeed e Onsemi, referências no mercado de semicondutores, já anunciaram demissões significativas devido à queda nos lucros.
A crescente capacidade da China em produzir chips maduros gera um excesso de oferta, afetando diretamente os fabricantes ocidentais. Essa concorrência agressiva pode mudar o mercado global de semicondutores nos próximos anos
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Demissões e a reação ocidental
A pressão gerada pela ascensão chinesa já provocou fortes impactos no setor ocidental de semicondutores.
A Wolfspeed, que já foi líder mundial na produção de wafers de silício, precisou demitir 20% de sua equipe após ver suas ações despencarem 96% em três anos. A Onsemi, fabricante norte-americana de chips, também anunciou cortes de 9% no quadro de funcionários, evidenciando a crise no setor.
Enquanto isso, os EUA continuam adotando medidas protecionistas para frear o avanço da China. Com novos bloqueios na importação de equipamentos de última geração e investimentos bilionários no setor, Washington busca preservar sua competitividade diante da crescente influência chinesa.
Ainda assim, especialistas alertam que, sem uma estratégia global coordenada, a presença dominante da China em semicondutores maduros pode comprometer a competitividade de diversos países ocidentais.
Uma nova fase na Guerra dos Chips
A estratégia chinesa de subsidiar suas fábricas de semicondutores levanta preocupações sobre um possível colapso da indústria ocidental. O governo chinês, por meio do Big Fund, já investiu cerca de US$ 95 bilhões no setor, fomentando a rápida ascensão de seus fabricantes nacionais.
Enquanto isso, os EUA seguem reforçando suas barreiras comerciais, incluindo a recente proibição de importações chinesas via serviço postal e investigações contra gigantes como Google. Vale lembrar que analistas apontam que a China não estava completamente preparada para a revolução da IA generativa, o que pode moldar sua capacidade de competir em tecnologias emergentes nos próximos meses.
Com os avanços da China no setor de chips maduros e a crescente hostilidade entre Pequim, Washington e Taipei, o futuro da indústria global de semicondutores segue incerto.
A realidade é que as decisões tomadas nos próximos anos com certeza definirão o equilíbrio de poder na tecnologia mundial.
Fonte: Tom’s Hardware (1) e (2)