CEO do PlayStation: “consoles estão com os dias contados”
O site Eurogamer entrevista Shawn Layden, com quem discutiram o futuro do PlayStation e dos consoles. Segundo o CEO do Playstation, os “consoles estão com os dias contados”. Ele ainda acrescentou “nós estamos perdendo a próxima geração para o TikTok”.
Disputa dos Consoles
Layden deixou a Nintendo de lado, “porque eles vivem em seu próprio private Idaho – uma expressão norte-americana para indicar alguém que vive isolado, alheio ao mundo ao redor -, onde as leis da física se aplicam de diferentes maneiras”. Porém, quanto à disputa do Xbox versus PlayStation, sua opinião é “temos que começar a questionar qual é o propósito de um console proprietário e se isso pode continuar sendo verdade”.
Ele narrou sua experiência com o mercado. “O salto do PS1 para o PS2 foi dramático. Lembro-me de ver a demo do PS2 para o Gran Turismo e não acreditar que isso poderia acontecer em um console doméstico, mas aconteceu. O salto do PS2 para o PS3 também foi notável”.
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Imagem: Gran Turismo 2/Divulgação.
Porém, se com o PS3 se chegou ao padrão HD, consegui-se alguns jogos a 60 fps, capacidade de rede, “do PS3 para o PS4, foi apenas, tipo, fazer a coisa da rede direito”.
“Então, para o PS5, que é um equipamento fantástico, mas a diferença real no desempenho… estamos chegando ao reino, francamente, onde apenas os cães conseguem ouvir a diferença agora”.
Shawn Layden
Nas palavras de Layden, “você não verá outro salto de desempenho do PS1 para o PS2. Nós meio que chegamos ao máximo. Se estamos falando de teraflops e ray-tracing, já estamos fora da folha que a maioria das pessoas começa a entender”.
Possível fim dos consoles
Para o CEO do Playstation, a indústria está chegando em “um ponto agora em que a curva de inovação no hardware está começando a estagnar ou atingir o pico. Ao mesmo tempo, a comoditização do silício significa que quando você abre um Xbox ou Playstation, é praticamente o mesmo chipset”.
“É tudo construído pela AMD. Cada empresa tem seu próprio sistema operacional e molho secreto proprietário, mas em essência é o mesmo. Acho que estamos bem perto da especificação final do que um console poderia ser.”
Shawn Layden
Citando a competição entre VHS e Betamax, que era a temática da indústria quando ele entrou na Sony, Layden opinou que “a competição real será em seu conteúdo. E o conteúdo deve ser a competição para os editores, não qual hardware você obtém”.
Por isso, ele concluiu que “acho que estamos em um ponto em que o console se torna irrelevante na próxima… se não na próxima geração, então na geração seguinte definitivamente”.
Indies e AAA
Ele destacou que as inovcações estão no mercado de jogos indies. “Você tem que correr o risco, caso contrário, não vai chegar a lugar nenhum”. Porém, o custo elevado do desenvolvimento de jogos AAA, a tolerância a riscos tem reduzido nessa área.
Conforme o CEO destaca, o problema é a “reação imediata dos caras das finanças” que irá perguntar algo como “Você pode me mostrar como a linha de tendência vai ser exatamente como Grand Theft Auto para que eu possa me sentir bem investindo dinheiro nisso?”
Imagem: Rockstar/Divulgação
Aí estaria a fonte de tantas cópias e muitas sequências: a área de finanças sabe como convencer os investidores. Isso, para o CEO, reduz “criatividade no topo e é um problema”. Citando o caso do próprio filho, que ele destaca jogar só três jogos, FIFA, Fortnite ou Warzone, ele afirma “estou preocupado com essa falta de amplitude”.
Efeitos da Covid-19
Um dado interessante destacado pelo CEO foi sobre o aumento em 23% de gastos com jogos durante a pandemia. “Foi mais dinheiro das mesmas pessoas, e essa é a ameaça existencial da qual falo quando me encontro com desenvolvedores e editores” destacou ele e ressaltou que “estamos perdendo a próxima geração para o TikTok”.
Para ele, a “a competição pelos jogos não é o Xbox e o Nintendo”, mas contra tudo o mais que tira o tempo dos jogadores.
Imagem: Activision/Blizzard/Divulgação
Layden também destacou que o crescimento dos gastos em jogos durante o período da Covid-19 causou uma impressão errada. Em suas palavras, durante ela, “pensamos, ‘meu Deus, os jogos são a maior coisa do mundo’. Sim, quando você está bloqueado, é a maior coisa do mundo.”
Porém, “num cenário mundial normal, você tem que combater todas as outras distrações que estão disponíveis para os jovens. E temo que não estejamos enfrentando essa ameaça de frente como uma indústria”.
Custos de desenvolvimentos
O CEO destacou que um dos problemas que precisam ser resolvidos é o custo de desenvolvimento. Na geração do PS1, o custo era de US$ 1 milhão. Na geração do PS4, a última com a qual ele esteve associado, o custo era de US$ 150 milhões para o melhor na linha. “E isso antes do marketing”, como ele destaca.
“Por essa matemática, os jogos PS5 devem eventualmente atingir US$ 300 milhões a US$ 400 milhões – e isso é totalmente insustentável”.
Shawn Layden
Outro problema que ele destaca é a duração de alguns títulos. “Eu nem abri Red Dead Redemption 2, porque não tenho 90 horas. E estou aposentado e não tenho 90 horas”.
Imagem: Rockstar/Divulgação
Para Layden, essa “era uma métrica nos primeiros anos, quando o jogador médio tinha entre 18 e 23 anos. E quando você tem entre 18 e 23 anos, você tem muito tempo e pouco dinheiro”. Porém, a idade média do jogador se moveu para o final dos 20 e início dos 30.
Avanços tecnológicos
Os avanços tecnológicos também contribuíram para encarecer os títulos. Como destaca o CEO, “renderizar a 480p não era muito caro, mas fazer 4K a 60 fps, isso é muita gente, muito tempo”. Além disso, ele destaca que “um Mario fotorrealista seria meio desanimador, francamente”, quando recordou o primeiro rascunho do Sonic para o live-action.
Além disso, a expectativa dos jogadores mudou. No PS1, “a expectativa ao andar pela rua em um jogo era que você não conseguiria abrir todas as portas. Agora a expectativa é que você pode entrar em todas as casas, abrir todas as gavetas e tudo é destrutível”.
E se apenas 50% dos jogadores chegam ao final do jogo, será que vale o investimento de milhões?
“Há tanto dinheiro sendo investido em grandes experiências de jogo e as pessoas não estão vendo isso. O que Coppola faria se você saísse no meio do filme dele?”
Shawn Layden
Fonte: Eurogamer.