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Brasileiros lideram expedição científica em quebra-gelo russo rumo à Antártica

O navio quebra-gelo Akademik Tryoshnikov partiu do porto de Rio Grande (RS) na sexta (22), marcando o início de uma ambiciosa expedição científica. A embarcação leva uma tripulação de mais de 130 pessoas que, junto de pesquisadores do Brasil, vão passar cerca de dois meses explorando mais de 20 mil quilômetros do litoral antártico

Clique e siga o Canaltech no WhatsApp Antártida está se elevando e os efeitos podem ser catastróficos Cientistas brasileiros inovam na avaliação de impactos de microplásticos

Liderada por Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica vai ajudar os pesquisadores a entender melhor os impactos das mudanças climáticas nas geleiras da Antártica.

Há 27 brasileiros a bordo, vindos de instituições ligadas ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT) e ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar/CNPq). 


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Simões e os demais tripulantes, incluindo cientistas da Rússia, Índia, China, Argentina, Chile e Peru, viajam a bordo do quebra-gelo Akademik Tryoshnikov. Trata-se de uma embarcação do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica de São Petersburgo, medindo 133,5 m de comprimento e 23,25 de largura. 

O navio deve realizar uma parada para pesquisas a cada 200 km. Quando chegarem ao destino, os cientistas vão coletar amostras biológicas, físicas e químicas das frentes de gelo, que podem revelar mais sobre o comportamento das geleiras e como as mudanças climáticas vêm afetando os oceanos

Expedição na Antártica

Segundo Simões, circum-navegações ao redor da Antártica são conduzidas desde o fim do século XVIII, mas a nova expedição traz aspectos diferentes. “Além de ser realizada em um momento crítico para o planeta, em razão das mudanças climáticas causadas pelo homem e cada vez mais intensas, ela é inédita ao tentar chegar o mais perto possível da costa em diferentes pontos que ainda não foram estudados pela ciência”, explicou ele em uma publicação no The Conversation

O Akademik Tryoshnikov pode levá-los a apenas 1 km do litoral antártico, onde há organismos adaptados a condições muito mais extremas e agressivas do que os cientistas costumam estudar. Mas os motivos da escolha deste destino inóspito e desafiador não acabam aí. 

O professor explica que uma das razões para estudar a Antártica é que os ambientes polares (como o Ártico e a Antártica) são bem mais sensíveis às mudanças climáticas em comparação com outros ecossistemas. “Ela [a Antártica] não está isolada do resto do mundo, e o que acontece lá tem implicações no resto do planeta”, acrescentou. 

Ele alerta também que o descongelamento do mar do Ártico, antes congelado, é inevitável. “Então, precisamos prestar mais atenção à Antártica e entender melhor o que está acontecendo nela, pois o derretimento do Ártico pode ser o futuro de parte da Antártica. E é exatamente o estudo da Antártica que nos permite entender as mudanças climáticas e nos ajuda a melhorar a nossa previsão climática, os cenários de mudança do clima para as próximas décadas e como mitigar seus impactos”, finalizou.

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