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As plantas “falam”? Descubra a comunicação secreta do reino vegetal

Quando pensamos em comunicação entre seres vivos, a primeira coisa que vem à mente são diálogos entre humanos ou sinais emitidos por animais. No entanto, poucos sabem que as plantas também têm suas formas de comunicação, especialmente em situações de estresse, para sua própria defesa.

Elas podem “falar” entre si para alertar sobre perigos iminentes, como a presença de herbívoros. Essa sinalização, embora não ocorra por sons ou gestos, é altamente sofisticada e essencial para sua sobrevivência.

Qual é o mecanismo de defesa?

A comunicação entre plantas ocorre principalmente por meio de compostos orgânicos voláteis que elas liberam no ambiente e são produzidos em resposta a diferentes tipos de estresse.

Quando uma planta detecta que está sob ataque de insetos herbívoros, por exemplo, o dano causado ou o contato com compostos químicos da secreção oral do inseto, resulta na liberação de uma série de compostos específicos, conhecidos como “voláteis induzidos por herbívoros” (ou HIPVs, sigla em inglês para Herbivore-Induced Plant Volatiles).

Esses compostos podem ser: terpenos, alcaloides e compostos fenólicos, bem como os voláteis de folhas verdes que são os principais responsáveis pelo “cheirinho” de grama recém-cortada! Eles são captados pelas plantas vizinhas, que conseguem identificar o perigo e ativar seus próprios mecanismos de defesa.

Imagem: BrianAJackson / iStock

Estresse biótico e os alertas químicos

No contexto do estresse biótico – que ocorre devido a ataques de organismos vivos, como insetos ou patógenos – as plantas adotam diversas estratégias de defesa. Quando um inseto, como um gafanhoto, começa a mastigar uma folha, a planta afetada envia um “sinal de socorro” na forma de HIPVs.

Esse sinal químico, além de alertar outras plantas próximas, também pode repelir o herbívoro fêmea evitando sua oviposição, ou atrair predadores e parasitas naturais do inseto. Ademais, os vegetais conseguem distinguir entre as espécies de insetos e produzir uma resposta diferente para cada um!

Além dos insetos, patógenos como fungos e bactérias também podem desencadear respostas de defesa das plantas. Quando um fungo entra em uma planta – geralmente, por meio de uma lesão já existente, pelos estômatos, pela cutícula ou pela parede celular –, a planta pode responder liberando compostos químicos.

Esses compostos não só inibem o crescimento do patógeno, como também alertam outras plantas próximas sobre a presença desse invasor. Assim, elas conseguem preparar uma resposta mais rápida e forte para quando forem atacadas.

Íons de cálcio fluorescendo em uma planta de mostarda saudável que absorveu compostos químicos liberados de uma planta ferida. Crédito: Masatsugu Toyota/Universidade de Saitama

Raízes que “ouvem” e “falam”

A sinalização entre plantas não ocorre apenas através das folhas. As raízes podem formar associações simbióticas com fungos que crescem ao redor e dentro delas, fornecendo nutrientes essenciais à planta em troca de açúcares.

Além desse vínculo próximo, essas associações se expandem no solo, criando uma rede que permite o compartilhamento de recursos entre plantas vizinhas, chamada “Wood Wide Web”. Essa rede também facilita a reciclagem de nutrientes das plantas que já morreram e, em situações de ataque por herbívoros, compostos químicos são enviados até as raízes, transmitindo o alerta para outras árvores na região.

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Como esse processo ajuda na sustentabilidade?

Um estudo realizado em 2021 investigou uma abordagem sustentável para o manejo de pragas em plantas através da exposição a voláteis induzidos por herbívoros (HIPVs). Esse método utiliza os voláteis produzidos por plantas para se comunicar e ativar defesas naturais contra ataques de pragas.

No estudo, plantas de tomate foram expostas ao composto volátil (Z)-3-hexenil propanoato, que reduziu significativamente a suscetibilidade dessas plantas ao ataque de pragas em condições de estufa comercial, sem comprometer a produtividade.

Imagem: Evrymmnt / iStock

A pesquisa demonstrou que a liberação contínua desses voláteis por meio de dispensadores pode servir como uma ferramenta sustentável e efetiva para o controle de pragas, minimizando a necessidade de pesticidas químicos.

Embora não emitam sons audíveis, as plantas têm uma capacidade impressionante de se comunicar por meio de sinais químicos. Essas “conversas” silenciosas ajudam as plantas a lidar com uma variedade de estresses.

O estudo da sinalização do estresse entre plantas continua a revelar a complexidade das interações no mundo vegetal, trazendo também inovações que podem beneficiar tanto a produção como o meio ambiente.

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