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Aquecimento global muda paisagem na Groenlândia e transforma lagos cristalinos em marrom

Milhares de lagos na Groenlândia, antes conhecidos por sua água cristalina azul, tornaram-se marrons e começaram a liberar dióxido de carbono (CO₂) em vez de absorvê-lo.

A transformação foi desencadeada por ondas de calor recordes e chuvas intensas em 2022, que alteraram significativamente o ecossistema local. Segundo um estudo publicado na revista PNAS, os impactos já estão comprometendo fontes de água potável e acelerando mudanças climáticas globais.

Como o aquecimento global mudou os lagos da Groenlândia

Lagos tornam-se emissores de CO₂: em 2022, o aquecimento do permafrost na Groenlândia liberou carbono e nutrientes nos lagos, reduzindo a fotossíntese de plânctons e aumentando a emissão de CO₂.

Impactos na água potável: as mudanças nos lagos podem afetar a qualidade da água potável, com o aumento de bactérias e materiais dissolvidos que podem gerar subprodutos químicos prejudiciais à saúde.

Transformação acelerada sem precedentes: normalmente, mudanças desse tipo levam séculos, mas os lagos da Groenlândia transformaram-se em poucos anos devido ao impacto intensificado do aquecimento global.

A maioria dos lagos, que foram categorizados como azuis de 2016 a 2022, foram transformados em castanhos em menos de um ano, com um aumento de 190% na cor em todos os lagos. Imagem: Václava Hazuková et al via PNAS / Divulgação

Como as ondas de calor alteraram o ecossistema da Groenlândia

A transformação dos lagos da Groenlândia começou no outono de 2022, quando padrões atmosféricos e um furacão criaram “rios atmosféricos” que transportaram calor e vapor d’água para a região, de acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, que faz parte do Programa de Observação da Terra da União Europeia.

Por conta disso, as temperaturas ultrapassaram em até 8 °C a média mensal em algumas áreas, derretendo o permafrost e lavando carbono e metais para os lagos. Estima-se que 7.500 lagoa ficaram marrons e começaram a emitir carbono após o outono em questão.

Essa mudança bloqueou a luz solar nos lagos, afetando diretamente os plânctons responsáveis pela absorção de CO₂ por meio da fotossíntese, enquanto aumentou a liberação de carbono por microorganismos em decomposição.

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Riscos para o futuro da água potável na região

Além de contribuir para as emissões de carbono, a qualidade da água potável para os moradores da Groenlândia está em risco, segundo o site Live Science. A liberação de materiais dissolvidos do permafrost pode alterar o sabor e o cheiro da água, além de criar subprodutos químicos como trihalometanos, associados a potenciais riscos de câncer.

Os lagos permaneceram marrons até o verão de 2024, e os pesquisadores ainda não sabem se a coloração azul e o equilíbrio ecológico serão restaurados. A transformação desses lagos destaca os impactos rápidos e devastadores do aquecimento global em ecossistemas sensíveis.

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