Animais que hibernam sentem sede? Veja o que a ciência diz
Os animais que hibernam entram em um estado de dormência fisiológica durante períodos de escassez de recursos, como no inverno, para sobreviverem em condições ambientais desfavoráveis. É um processo complexo que envolve diversas adaptações fisiológicas e comportamentais.
Durante a hibernação, os animais podem experimentar algumas necessidades fisiológicas, como fome e sede, mas a forma como seus corpos lidam com essas necessidades é bastante diferente do que acontece em seu estado ativo.
O metabolismo dos animais que hibernam é drasticamente reduzido, o que significa que eles precisam de muito menos energia para se manterem vivos. Eles acumulam grandes reservas de gordura antes de hibernar, que são utilizadas como fonte de energia durante esse período.
Acredita-se que a hibernação também envolva a supressão da sensação de fome, permitindo que os animais passem longos períodos sem se alimentar.
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Animais que hibernam sentem sede?
Com a sede acontece algo semelhante. A redução do metabolismo também diminui a necessidade de água do organismo. Alguns animais podem obter água a partir de alimentos que consomem antes de hibernar ou da neve que derrete em seus abrigos.
Além disso, durante a hibernação, alguns animais podem produzir água metabolicamente, como subproduto da quebra de gordura. Vamos explicar os mecanismos de hidratação durante a hibernação.
Metabolismo da gordura: alguns animais, como os esquilos-terrestres-listrados, obtêm água a partir da gordura armazenada em seus corpos. Durante a hibernação, eles metabolizam essa gordura, o que gera água como subproduto.
Água dos tecidos: animais como o rato-canguru, que vive em desertos, obtêm água de sementes e não precisam beber água. Durante a hibernação, alguns animais podem usar a água presente em seus tecidos para se manterem hidratados.
Redução da perda de água: animais que hibernam reduzem drasticamente sua taxa metabólica, o que diminui a necessidade de água. Eles também podem apresentar adaptações fisiológicas para minimizar a perda de água, como a redução da produção de urina e fezes.
Como os animais sobrevivem sem beber água durante a hibernação?
Um estudo recente acompanhou esquilos-terrestres-listrados durante a hibernação e revelou que eles não bebem água por até seis meses. Os pesquisadores observaram que esses animais apresentam sinais fisiológicos de sede, como aumento da concentração de sal no sangue, mas não demonstram comportamentos típicos de busca por água.
Essa pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade da Califórnia e da Universidade de Wisconsin-Eau Claire, nos Estados Unidos. Os resultados foram publicados na revista científica “Journal of Experimental Biology”.
Os pesquisadores monitoraram os níveis de sódio no sangue de esquilos-terrestres-listrados durante a hibernação, um indicador de desidratação. Eles constataram que os níveis de sódio aumentavam gradualmente ao longo do período de hibernação, indicando que os animais estavam ficando desidratados.
No entanto, os esquilos não apresentaram comportamentos de busca por água, como se levantar e procurar por fontes de água. Os pesquisadores sugerem que esses animais podem ter mecanismos fisiológicos que os permitem tolerar a desidratação durante a hibernação.
Essa pesquisa é importante porque nos ajuda a entender como os animais que hibernam são capazes de sobreviver em condições extremas, como a falta de água e alimentos. Os resultados também podem ter implicações para a medicina, ajudando a desenvolver tratamentos para pacientes com desidratação crônica.
Então, o que acontece é que os animais que hibernam apresentam diversas adaptações fisiológicas e comportamentais que lhes permitem sobreviver em condições extremas, como a falta de água e alimentos. A capacidade de lidar com a sede durante a hibernação é apenas uma dessas adaptações.
A preparação para a hibernação é crucial para a sobrevivência dos animais. Eles precisam acumular reservas de gordura suficientes, construir abrigos adequados e se preparar fisiologicamente para enfrentar o período de dormência.
E uma curiosidade, os ursos frequentemente são associados como animais que hibernam (para mim, mais uma influência dos desenhos animados), mas nem todas as espécies de ursos hibernam de verdade, pois a hibernação é uma estratégia de sobrevivência de animais que vivem em regiões com invernos rigorosos. Alguns entram em um sono profundo, com redução da temperatura corporal e do metabolismo, mas não tão drástica quanto a hibernação de outros animais.
Os ursos que hibernam são apenas o urso-negro e o urso-pardo, que conseguem dormir de 5 a 7 meses por ano. Já o urso polar e o urso andino não hibernam e são ativos durante todo o ano.
Características da hibernação
A mais evidente e conhecida é a diminuição da temperatura corporal. A temperatura do corpo do animal hibernante cai drasticamente, podendo chegar a níveis próximos aos do ambiente externo.
O metabolismo do animal hibernante é extremamente lento, consumindo o mínimo de energia possível para manter as funções vitais básicas.
Os batimentos cardíacos e a respiração do animal hibernante se tornam mais lentos e irregulares.
O animal hibernante permanece em um estado de inatividade, sem se mover ou se alimentar.
Diversos animais hibernam, como ursos, esquilos, marmotas, morcegos (foto abaixo), ouriços e alguns anfíbios e répteis. Cada espécie apresenta adaptações específicas para hibernar, como o acúmulo de gordura corporal, a construção de abrigos subterrâneos e a capacidade de reduzir a perda de água.
A duração do período de hibernação varia muito de espécie para espécie, dependendo de fatores como o tamanho do animal, sua fisiologia, a temperatura ambiente e a disponibilidade de recursos. Em geral, a hibernação pode durar de algumas semanas a vários meses.
Exemplos de duração da hibernação:
Esquilos-terrestres: podem hibernar por até 9 meses, sem interrupções.
Marmotas: hibernam por cerca de 6 meses.
Morcegos: a hibernação varia de algumas semanas a alguns meses, dependendo da espécie.
Alguns animais que vivem em regiões áridas entram em um estado de dormência semelhante à hibernação, chamado estivação, para lidar com a falta de água e o calor intenso.
Além da hibernação e da estivação, existem outros estados de dormência que os animais podem apresentar para sobreviver em condições ambientais adversas. Cada um desses estados possui características específicas e é utilizado por diferentes grupos de animais. É o caso do torpor, da brumação e outros menos comuns, como:
Criptobiose: um estado de dormência extrema em que o animal reduz seu metabolismo a níveis quase indetectáveis, como se estivesse morto. É comum em alguns invertebrados, como tardígrados e rotíferos, e permite que eles sobrevivam em condições extremas de temperatura, pressão e radiação).
Diapausa: um estado de dormência programada geneticamente, que ocorre em insetos e outros artrópodes para sincronizar seu ciclo de vida com as estações do ano.
Outras necessidades durante a hibernação
Necessidade de urinar e defecar: a produção de urina e fezes é drasticamente reduzida durante a hibernação, mas os animais podem precisar eliminar resíduos algumas vezes durante o período.
Necessidade de se movimentar: apesar de ficarem em grande parte imóveis, alguns animais podem se movimentar periodicamente durante a hibernação para ajustar sua posição ou para regular a temperatura corporal.
O despertar periódico: alguns animais podem despertar periodicamente durante a hibernação para se alimentar, beber água e eliminar resíduos.
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