Análise | Synergy: o city builder alienígena onde até planta tem mais dignidade que NPC de AAA moderno
Se você, assim como eu, já se cansou de city builder que basicamente é SimCity pintado de novo, com o mesmo bug de trânsito de 2003, prepare-se: Synergy chegou pra botar você no seu devido lugar. E não, não é no trono de rei do urbanismo — é no chão, catando pedaço de planta alienígena e torcendo pra não errar o bioma.
A Leikir Studio, claramente alimentada à base de arte conceitual dos anos 70 e chá de cogumelo especial, trouxe um jogo onde construir cidade é só meia função. A outra metade é estudar cada mato estranho que aparece e, se bobear, pedir desculpa pra árvore antes de cortar.
A primeira sensação que tive jogando foi tipo: “Ah, legal, é Cities Skylines com ácido, agora com ciências ambientais… e punição instantânea se eu for babaca.” A história: Planeta novo, problemas velhos
Começamos com um conceito que parece super avançado, mas no fundo é só a humanidade fazendo caquinha em outro planeta. Você lidera uma caravana de colonizadores num mundo alienígena tão estranho que faz Pandora de Avatar parecer parque temático de shopping center.
Seu objetivo? Construir, crescer, explorar…
Mas se pisar fora da linha, o próprio ecossistema te passa a rasteira. E quando eu digo rasteira, quero dizer “murchar seus alimentos, matar sua população e fazer seu índice de aprovação despencar mais rápido que ação de estúdio indie depois de polêmica.”
O gameplay: Entre SimCity, Spore e castigo divino
Synergy não é sobre clicar e sair plagiando Brasilândia no espaço. Aqui, pra construir qualquer porcaria, você tem que pesquisar o que tá pisando. Viu uma plantinha bonita? Antes de transformar ela em chá dos colonos, tem que mandar cientista estudar. Porque senão, amigo… parabéns, você acabou de inventar o câncer botânico espacial.
E sabe o que é melhor? Até pra extrair recurso você tem que ter cuidado. Não é “pega madeira > faz cabana”. É “analisa a estrutura molecular da madeira alienígena, avalia impacto socioambiental, assina três formulários e reza pro negócio não sair mordendo seus aldeões”.
Então, sim, parabéns: “A partir de agora, construir casa pode ser considerado ato de guerra biológica.”
A arte: Se Moebius tivesse tido um pesadelo psicodélico
Agora, preciso dizer: visualmente, Synergy é lindíssimo. O estilo artístico inspirado no Moebius tá tão forte que parece que alguém digitou “faça bonito” no MidJourney e acertou na mosca.
É colorido, esquisito, orgânico, tudo parece ao mesmo tempo vivo e levemente errado — tipo buffet de frutos do mar às segundas-feiras.
Cada prédio, cada criatura, cada bioma, parece saído de um delírio pós-punk dos anos 80. E é maravilhoso.
Só que bonito não é sinônimo de fácil. É o tipo de lugar que você admira o pôr do sol alienígena… e depois morre porque esqueceu de pesquisar a toxicidade do ar.
Dificuldade: Dá-lhe cabeçada até aprender
Synergy não é um jogo que pega na mão, passa carinho e fala “vamos juntos construir seu sonho sustentável.”
É mais no estilo: “se vira, gênio”.
Quer dizer, tem tutorial? Tem. Mas é aquele tipo de tutorial que parece manual de videocassete de 1989: vago, confuso, cheio de lacunas e presumindo que você já é doutor em sobrevivência espacial.
Se você nunca jogou city builder hardcore, prepare-se pra sofrer. E se jogou também.
Tem uma curva de aprendizado que faria qualquer faculdade de biologia parecer EAD de TikTok. E isso é ótimo. Ou pelo menos ótimo pra quem tem paciência e hardware decente pra aguentar o tranco.
Comparação honesta: Synergy é tipo misturar Frostpunk com Sid Meier’s Alpha Centauri… só que com menos chance de dar tudo certo
Se Frostpunk era um jogo sobre sobreviver na neve e Alpha Centauri era sobre explorar o espaço, Synergy é sobre não morrer porque você construiu a plantação de batata na floresta viva que come gente.
A sensação constante é: “Construí aqui… será que meu pessoal vai virar adubo amanhã?”
E 90% das vezes a resposta é: sim.
Mas olha, cada morte é uma aula. Cada erro é um microdocumentário Discovery Channel que você produziu sem querer. “A partir de agora, clicar errado no mapa pode ser considerado genocídio ecológico em grau alienígena.”
Multiplayer? Não. Campanha política? Não. Mas pra que, né?
Synergy é single player, focado, e honestamente? Melhor assim. Imagina confiar em aleatório da internet pra preservar ecossistema?
Em 10 minutos ia ter alguém plantando milha radioativa só pra ver o que acontece.
Prós e Contras
Prós:
- Direção de arte sensacional (de verdade, de chorar de bonito)
- Mecânicas de pesquisa e respeito ao ambiente únicas
- Desafio real e gameplay que exige planejamento, e não só clicker automático
- Mundo alienígena carismático, vivo e cruel (igual vida real, mas colorido)
Contras:
- Tutorial feito por quem acha que todo mundo tem diploma de botânica espacial
- Interface meio engessada em alguns menus
- Pode ser cruel demais pra quem só queria “relaxar jogando”
- Falta de feedback visual imediato sobre erros (às vezes você morre sem nem entender o que pisou)
Nota Final: 7/10
Synergy é aquela joia rara: inteligente, desafiadora, bonita e sádica. Não é pra qualquer um. É pra quem curte city builder com cérebro. Pra quem acha que planejamento urbano deveria ser matéria de faculdade, e que devastação ecológica tem que vir com consequência séria. Se você gosta de sofrer bonito, de fazer gestão de verdade, de descobrir aos poucos como não ser um colonizador babaca… vai fundo. O planeta pode estar morrendo. Mas no PC, ele morre em 4K, ultra settings e com dignidade.
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