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Análise | Nif Nif – O roguelike onde você limpa gosma em vez de almas

Quando o mundo te joga Slay the Spire, você responde com uma pá, um regador e uma cartinha de ‘faxina de amor’

Gente, vamos começar com a pergunta mais importante: quando foi a última vez que você se divertiu limpando a casa?

Pois é. Eu também nunca achei que isso fosse virar sinônimo de “experiência roguelike transformadora”, mas aí apareceu esse tal de Nif Nif, um jogo indie da Springfox Games, e eu pensei: “hmmm, mais um jogo fofinho de bichinho que parece saído direto de uma agenda escolar cheia de glitter”. Mas olha… que tapa bem dado na minha arrogância gamer.

Nif Nif é o tipo de jogo que te abraça com carinho, te dá um chazinho e te diz: “calma, não precisa matar ninguém pra se sentir realizado”. Aí você sorri, senta na cadeirinha, começa a jogar… e cinco minutos depois tá chorando porque a gosma da floresta tá simbolizando sua ansiedade reprimida desde 2014.

🐷 Então, quem é esse tal de Nif Nif?

Nif Nif é um porquinho. Mas não qualquer porquinho. Ele é um faxineiro místico, um herói da paz, um guerreiro do balde. No lugar de espada, ele carrega cartas mágicas que limpam sujeiras cósmicas, como se fosse uma mistura de Capitão Planeta com Gandalf do sabão em pó. E olha, eu respeitei. Porque ele não tá aí pra violência. Ele tá pra harmonia, ecologia e controle emocional.

A história é simples, mas tem camadas, tipo lasanha de cognição emocional: a floresta foi invadida por uma gosma misteriosa e nojenta. Você, como bom zelador da paz universal, precisa restaurar a natureza — uma cartinha de limpeza por vez. E tudo isso porque… bem, porque você é um porquinho gentil. E porque violência gratuita tá overrated.

🃏 Deckbuilder com alma de terapeuta holístico

Se você já jogou Slay the Spire, vai entender a lógica: você monta um deck com cartas que fazem efeitos diferentes, tipo “limpar”, “regar”, “acalmar”, “plantar flores”… tudo isso num tabuleiro que vai se revelando conforme você avança. Mas aqui a vibe é outra. Em vez de “golpe crítico devastador”, você tem “limpa a gosma e recebe florzinhas de gratidão”.

É tipo se Animal Crossing tivesse se cruzado com Loop Hero, e no meio disso tudo alguém dissesse: “e se, ao invés de batalha, fosse sobre jardinagem emocional e cuidado com o meio ambiente?” Resultado: um jogo que parece bobo, mas que vai se infiltrando na sua mente até você começar a achar beleza até num balde de água suja.

👩‍🌾 Mini-joguinhos que alimentam a alma (e o estômago)

Entre uma run e outra, você pode cozinhar sopas e plantar sementes. Isso mesmo. Porque limpar não é o suficiente, né? Tem que cozinhar pra nutrir a alma. Essas atividades não são só estéticas: elas geram buffs temporários que te ajudam nas próximas aventuras.

E sério, eu me peguei mais de uma vez ignorando o “modo roguelike” só pra cuidar do meu jardinzinho. Me senti a Tia May dos deckbuilders. Queria que desse pra montar um piquenique com os NPCs. Não dá. Mas queria.

🎨 Visual e sons: terapia digital completa

O jogo é colorido, suave, com aquele estilo visual que parece que foi desenhado com lápis de cor mágico por uma criança artista que acabou de sair da aula de meditação. É fofo, mas sem ser bobo. É o tipo de arte que te lembra que o mundo ainda tem salvação, sabe?

A trilha sonora acompanha tudo de um jeitinho tão delicado que parece que foi composta por uma fada terapeuta de ASMR. Não tem vozes nem grandes explosões. Só barulhinhos reconfortantes, cliques agradáveis e um silêncio confortável que, sinceramente, eu queria envasar e vender.

💭 Mas… é tudo perfeito?

Bom… aí entra o paradoxo do porquinho zen: sim, o jogo é lindo. Mas sim, ele pode cansar rápido.

Com cerca de 8 a 11 minutos por run, ele é super acessível — tipo aquele jogo que você joga tomando chá de camomila ou enquanto espera o arroz cozinhar. Mas, depois de um tempo, a falta de variedade começa a pesar. A mesma gosma, os mesmos caminhos, e poucas surpresas no meio do percurso.

E olha, nem tem sistema de save no meio da partida. Começou, vai até o fim. O que, dependendo do seu humor e da quantidade de tarefas domésticas pendentes, pode virar um probleminha. Eu mesma tive que pausar no meio de uma run pra tirar roupa do varal. Resultado: perdi a run. E o bônus da sopa de cenoura.

👀 E o público?

Curiosamente, o jogo foi pensado com acessibilidade emocional em mente, inspirado pelo filho autista da desenvolvedora. E isso se reflete no tom do jogo: ele é gentil. Ele não te apressa. Ele não te pune por errar, mas também não te dá aquela curva de dificuldade típica que faz alguns jogadores hardcore babarem.

Se você é do tipo que precisa de 80% de adrenalina pra sentir que tá vivo, talvez Nif Nif pareça um chá morno. Mas se você é como eu — cansada, sensível, e precisando de um abraço em forma de pixels — então esse jogo é o cobertor quentinho que você nem sabia que queria.

Prós e Contras

Prós:

  • Estética lindinha e relaxante, tipo passar o dia na casa da vovó.
  • Mecânicas simples, acessíveis e acolhedoras.
  • Inspirado por um propósito real: acessibilidade emocional.
  • Mini-jogos de culinária e jardinagem que aquecem o coração.
  • Curto, direto, sem enrolação — ideal pra jogatinas leves.

Contras:

  • Pode se tornar repetitivo após algumas horas.
  • Falta sistema de save durante a run.
  • Pouco desafiador pra quem gosta de roguelike raiz.
  • Variedade de inimigos e cartas poderia ser maior.

Nota Final: 7/10

Olha, Nif Nif não é só um joguinho fofo. É um lembrete. De que a gente pode curar sem bater, que a gente pode vencer sem destruir, e que talvez, só talvez, um porquinho com uma vassoura mágica saiba mais sobre equilíbrio emocional do que muito guerreiro de MMORPG por aí. Você entra achando que vai jogar algo leve. E sai pensando sobre como anda sua relação com o descanso, com o cuidado, com o ambiente. É, no mínimo, uma faxina interna.

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