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Análise | Autopsy Simulator: Quando o Terror se Une à Monotonia

Bem-vindo ao Emprego dos Sonhos (Só que Não)! Se você já sonhou em trocar sua vida pacata por uma rotina de autópsias e traumas psicológicos, Autopsy Simulator está aqui para transformar seu devaneio em realidade — ou quase isso.

Desenvolvido pela Woodland Games e publicado pela Team17, o jogo nos coloca na pele de Jack Hanman, um patologista que, além de lidar com corpos frios, enfrenta seus próprios demônios internos. A proposta é intrigante: combinar procedimentos de autópsia realistas com uma narrativa de horror psicológico. Mas será que essa mistura deu certo?

Jogabilidade: Entre Cortes Precisos e Mecânicas Trôpegas

Ao iniciar o jogo, somos apresentados ao necrotério de Jack, um ambiente sombrio e detalhado. Os procedimentos de autópsia são reproduzidos com um nível de detalhe que beira o educativo. Se você já teve curiosidade sobre como é uma autópsia real, este jogo oferece uma visão bastante fiel. No entanto, essa fidelidade vem acompanhada de uma linearidade sufocante. O jogo praticamente segura sua mão em cada etapa, deixando pouco espaço para experimentação ou erro. É como estar em uma aula prática onde o professor não permite que você toque em nada sem sua supervisão.

Além disso, a tentativa de mesclar a rotina de Jack com elementos de horror psicológico é, no mínimo, questionável. Enquanto estamos concentrados em identificar a causa da morte de um corpo, o jogo decide inserir sustos e alucinações para “apimentar” a experiência. O problema é que esses momentos parecem desconectados da jogabilidade principal, como se fossem inseridos apenas para justificar o rótulo de “horror”.

Narrativa: Dr. House Encontra Silent Hill

Jack Hanman é um personagem atormentado pela perda de sua esposa, Alice. Essa tragédia pessoal serve como pano de fundo para os eventos sobrenaturais que ele começa a vivenciar. A ideia de explorar o luto e a culpa é louvável, mas a execução deixa a desejar. A história se desenrola de forma previsível, com reviravoltas que qualquer fã de filmes de terror de segunda categoria verá chegando a quilômetros de distância. É como assistir a um episódio de Scooby-Doo onde já sabemos quem é o vilão antes mesmo de metade do episódio.

Comparações Inevitáveis: The Mortuary Assistant

É impossível não comparar Autopsy Simulator com The Mortuary Assistant, outro jogo que nos coloca no papel de um profissional lidando com cadáveres e eventos sobrenaturais. Enquanto The Mortuary Assistant foca mais no terror e na rejogabilidade, oferecendo múltiplos finais e sustos genuínos, Autopsy Simulator tenta equilibrar realismo com narrativa, mas acaba não se destacando em nenhum dos dois aspectos. Como mencionado por um usuário do Reddit:

The Mortuary Assistant tem infinitamente mais rejogabilidade do que Autopsy Simulator e é muito mais assustador. Eu gostei de Autopsy Simulator pelo realismo, mas sua história é um pouco fraca e eu não o rejogaria.”

Aspectos Técnicos: Quando o Horror é Não Conseguir Jogar

Graficamente, o jogo faz um trabalho decente. Os modelos dos corpos são detalhados (às vezes, até demais para os estômagos mais fracos), e o ambiente do necrotério é adequadamente sombrio. No entanto, a física dos objetos pode ser um tanto… peculiar. Há relatos de cérebros com “física de gelatina” que, embora possam proporcionar uma risada ou duas, quebram a imersão.

Além disso, os controles podem ser um desafio por si só. Há momentos em que realizar uma ação simples, como posicionar uma ferramenta, se torna uma tarefa hercúlea devido à falta de responsividade. E não vamos esquecer dos bugs ocasionais que podem fazer Jack parecer mais um paciente precisando de ajuda do que um profissional competente.

Som e Trilha Sonora: O Silêncio dos Inocentes

A trilha sonora é mínima, o que, em teoria, deveria aumentar a tensão. No entanto, o design de som é inconsistente. Há momentos em que os efeitos sonoros são eficazes em criar uma atmosfera inquietante, mas em outros, são inexistentes ou mal mixados, deixando o jogador em um silêncio desconfortável (e não do tipo bom).

Prós e Contras

Prós:

  • Procedimentos de autópsia detalhados e realistas.
  • Ambiente bem construído que captura a essência de um necrotério.
  • Gráficos decentes e modelos de corpos detalhados.

Contras:

  • Narrativa previsível e sem originalidade.
  • Linearidade excessiva que limita a liberdade do jogador.

Nota Final: 6/10

Autopsy Simulator é uma experiência mista. Para aqueles interessados no aspecto técnico das autópsias, o jogo oferece um vislumbre fascinante (embora linear) do processo. No entanto, como um jogo de horror ou uma narrativa envolvente, ele deixa a desejar. Com uma história previsível, controles problemáticos e uma tentativa falha de mesclar realismo com elementos sobrenaturais, é difícil recomendá-lo sem ressalvas. Se você é um entusiasta do gênero e tem curiosidade, talvez valha a pena conferir durante uma promoção. Caso contrário, talvez seja melhor deixar esse cadáver descansar em paz.

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